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Mês das Mulheres: Programa Espaço Cultural destaca ‘disco subversivo’ de Marinês
O programa Espaço Cultural desta quinta-feira, dia 28, segue com as homenagens às mulheres que integram a cena cultural paraibana. Desta vez, o destaque será para o ‘disco subversivo’ da cantora Marinês, lançado durante a ditadura militar, em 1967 (resultante do Golpe de 1964, que faz 60 anos no próximo domingo, dia 31). Com transmissão pela Rádio Tabajara FM (105,5), o programa vai das 22h até meia-noite. A edição e apresentação são do jornalista e radialista Jãmarrí Nogueira.
Esse ‘disco subversivo’ foi a estreia de Marinês na CBS. Na época, houve uma repaginação da imagem da artista. A capa do LP tem a cantora sem o chapéu de couro e sem o figurino que remetia ao cangaço. Marinês surge maquiada e com laquê no cabelo. Mas a grande mudança foi no repertório, que destaca canções de compositores que não agradavam ao regime.
Entre as canções subversivas estão composições de grandes nomes na luta pela democracia, como Gilberto Gil, Capinam, Torquato Neto, João do Vale. Também tem música do paraibano Cassiano. Importante destacar que – no ano anterior – Marinês já havia gravado ‘Disparada’, do também paraibano Geraldo Vandré.
O disco subversivo sofreu autocensura da própria gravadora (que tratou de executar a gravação imediata de outro disco com músicas mais românticas e nada politizadas). E o disco ‘Mandacaru’ colocou a Rainha do Xaxado distante de qualquer suspeita de subversidade (para alívio da gravadora CBS).
O Espaço Cultural também tem transmissão ao vivo pelo site da rádio Tabajara. O programa – que só toca música da Paraíba - pode ser ouvido pelo site https://radiotabajara.pb.gov.br/radio-ao-vivo/ e, no dia seguinte à apresentação, fica disponível no canal da Funesc no YouTube.
Marinês – Conhecida como Rainha do Xaxado e integrante do triunvirato do forró (ao lado de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro), Marinês nasceu em São Vicente Férrer (PE), mas foi criada em Campina Grande (PB). Foi casada com Abdias dos Oito Baixos (sanfoneiro e produtor). Sua carreira começa na década de 1950, tendo gravado mais de 40 discos e participado de longas-metragens.
Entre os seus maiores sucessos estão ‘Pisa na fulô’, ‘Bate coração’, ‘Saudade de Campina’ e ‘Peba na pimenta’. Seu último disco foi lançado em 2004: ‘Marinês canta a Paraíba’. O CD foi gravado ao vivo no Cine Banguê da Fundação Espaço Cultural da Paraíba, em João Pessoa com participação da Orquestra Sinfônica da Paraíba (com regência de Luiz Carlos Durier).
Marinês sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no dia 5 de maio de 2007, falecendo 10 dias depois, em 14 de maio. Seu corpo foi sepultado em Campina Grande. O velório aconteceu no Teatro Municipal de Campina. O V Festival de Música da Paraíba – realizado pelo Governo do Estado da Paraíba (através da EPC, Funesc e Secom) em 2022 – homenageou a cantora.