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Presídio Feminino de Campina Grande ganha unidade do projeto 'Castelo de Bonecas'

publicado: 05/01/2021 18h51, última modificação: 05/01/2021 18h51
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Em Campina Grande, mulheres privadas de liberdade começarão a confeccionar bonecas em oficina de trabalho instalada na Penitenciária Feminina. A Secretaria de Estado da Administração (Seap) inaugurou nesta terça-feira (5) a segunda unidade do projeto de ressocialização denominado Castelo de Bonecas, realizado em parceria com a Fundação Cidade Viva e o Ministério Público do Trabalho.

As reeducandas que participarão do projeto – inicialmente 10 – serão beneficiadas com remição de pena. Assim, para três dias trabalhados no projeto, um dia a menos no presídio, além de remuneração, que é depositada em conta bancária da família.

O secretário da Administração Penitenciária, Sérgio Fonseca, destacou que “a expansão desse projeto é resultado da política de reinserção social que o governo do estado vem adotando dentro do sistema penitenciário paraibano. Aqui as reeducandas de Campina Grande terão a oportunidade de aprender um ofício e quando retornarem para a sociedade poder confeccionar bonecas e terem seu sustento como artesãs”, ressaltou. 

O gestor acrescentou que os avanços nas boas práticas de reintegração social de pessoas privadas de liberdade somente são possíveis porque a equipe do sistema penitenciário – dirigentes de unidades, policiais penais e demais servidores – participam com muita dedicação dessa evolução no sistema prisional, pois acreditam que o ser humano é capaz de se ressocializar.

João Sitônio Rosas, gerente executivo de Ressocialização, informou que as reeducandas passarão por uma oficina de capacitação profissional visando à boa prática, que é o Castelo de Bonecas, para confecionar, além das bonecas de pano, artigos manuais, dentre outras peças artesanais.

Anairis Almeida, diretora da Penitenciária Feminina de Campina Grande, comentou que algumas apenadas já têm certa experiência na confecção de bonecas, inclusive produziram algumas unidades que foram expostas na inauguração. E acrescentou: “É um projeto que vai fazer a diferença na vida delas porque de volta à sociedade saberão produzir alguma coisa e custear a vida delas e de suas famílias”.

A primeira unidade do projeto de reinserção social Castelo de Bonecas funciona na Penitenciária Feminina “Maria Júlia Maranhão”, no bairro de Mangabeira, em João Pessoa. É uma oficina de confecção de bonecas temáticas que já são conhecidas nacionalmente. A Seap, por meio da Gerência de Ressocialização, participa de feiras há vários anos, inclusive de edições do Salão do Artesanato Paraibano, a exemplo da 32ª edição, que vai acontecer totalmente virtual no período de 8 de janeiro a 7 de março.

A diretora da Penitenciária Feminina Maria Júlia Maranhão, em João Pessoa, Cinthya Almeida, lembra que o projeto Castelo de Bonecas, por meio da parceria com o Tribunal de Justiça e a Fundação Cidade Viva, teve possibilidades de ampliação. “Hoje nós já capacitamos mais de 150 mulheres. Participamos de vários eventos nacionais, inclusive no Supremo Tribunal Federal, feiras de artesanato por todo o Brasil. Por conta da pandemia, fizemos uma pequena pausa na produção de bonecas para nos dedicarmos exclusivamente à produção de máscaras de proteção e apenas nossa unidade confeccionou mais de 150 mil peças, assim como as demais unidades femininas”, observou.

O representante da Fundação Cidade Viva, pastor Moisés Lima, externou sua satisfação com a inauguração de mais uma unidade do projeto: “Demonstrar nossa alegria enquanto igreja de estar junto em parceria com a Secretaria da Administração Penitenciária, e a ideia da igreja é exatamente isto, Jesus Cristo traz esperança onde não tem esperança. Esse é um projeto, é uma demonstração da construção da pessoa humana. Agradeço ao Senhor e às parcerias que têm sido especiais”.

Um outro parceiro do projeto é o Ministério Público do Trabalho que participa com a doação de insumos para a confecção das bonecas, além das máquinas de costura, móveis, cadeiras, mesas e armários.

A reeducanda G.K.G, 33 anos, afirmou que projetos de ressocialização já fazem parte de sua vida, que hoje tem nova perspectiva. “Amo fazer artesanato e pretendo que seja minha profissão lá fora, quero abrir meu ateliê também. O projeto Castelo de Bonecas vai ajudar muito todas nós na ressocialização. Eu também faço crochê, porta-retratos e outras peças. Lá fora eu  já tenho muitas encomendas de clientes. Aqui dentro me aperfeiçoei mais, depois de sete anos aqui, eu precisava de ressocialização. Pra quem quer mudar a vida, essa é uma ótima oportunidade”, declarou.  Ela está prestes a ganhar a liberdade.

 

Texto: Josélio Carneiro

Fotos: Jailma Santos e Josélio Carneiro - ASCOM SEAP