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Usuários dos serviços de atenção psicossocial participam de Marcha da Luta Antimanicomial

publicado: 19/05/2018 00h00, última modificação: 20/05/2019 14h06
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“Nem um passo atrás! Manicômio nunca mais!” Este foi o grito de guerra da Marcha de Luta Antimanicomial que a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Coordenação Estadual de Saúde Mental, promoveu nesta sexta-feira (18) à tarde, entre as praias de Tambaú e Manaíra, em João Pessoa. O evento foi o ponto alto da VIII Semana Estadual da Luta Antimanicomial e reuniu trabalhadores dos serviços de atenção psicossocial, usuários, familiares e alunos de instituições de ensino superior.

“Com esta marcha queremos dizer que o cuidado às pessoas com sofrimento psíquico deve acontecer em liberdade, pois temos o direito de viver livre, em casa, nas ruas, nas praças e onde mais queiramos estar”, disse a coordenadora de Saúde Mental, da SES, Shirlene Queiroz.

Participaram da marcha usuários de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), de vários municípios. Os do Caps Nise da Silveira, de Bayeux, foram os primeiros a chegar ao evento. “Durante reunião no Caps, esta semana, uma usuária disse uma frase que define toda esta luta contra manicômios: “Eu quero liberdade pra sonhar”, declarou a terapeuta ocupacional, Thaís Raccioni. Ela revelou ainda o estado de saúde de usuários que vêm de manicômios. “Eles chegam mais debilitados, desnutridos e com sofrimento maior”, pontuou.

O usuário do Caps de Bayeux, Rafael Francisco de Sales, de 28 anos, contou que no serviço tem música, pintura, expressão corporal, yoga, terapia floral, aromoterapia e teatro, que está participando no momento. “Lá no Caps é muito bom. Evoluí muito. Passei por muito sofrimento até chegar lá, onde só recebo cuidado, carinho, atenção e faço muitas atividades. Além disso, ainda estou tendo a oportunidade de fazer cursinho para o Enem. Quero fazer medicina”, disse.

Ana Lúcia Alves, de 42 anos, é atendida no Caps de Caaporã. Ela faz tratamento há cinco anos porque tem síndrome do pânico. “No Caps somos muito bem atendidos, os funcionários têm paciência e fazemos muitas atividades. Quando estou lá é um dia sem preconceito, pois todos nos tratam com muito respeito”, comentou.

Para a coordenadora do Caps de Caaporã, a psicóloga Alcione Arruda, a marcha é um momento de dizer à sociedade que os usuários merecem respeito. “Eles são capazes e, como todo cidadão, têm direito a ter tratamento digno, vivendo em sociedade, com direito à liberdade e tentando desmistificar o preconceito”, afirmou.

Os participantes da marcha carregavam cartazes com frases alusivas à luta antimanicomial, que chamavam a atenção dos moradores da área e também das pessoas que circulavam na calçadinha das praias. Entre elas, “Somos todos loucos uns pelos outros”, “Louco é quem me diz que não é feliz” e “Não faça nada por mim sem mim”.

Participaram do evento estudantes de Terapia Ocupacional, da UFPB; da Maurício de Nassau; da Faculdade de Enfermagem; do Unipê; usuários e funcionários do Juliano Moreira e dos Caps de Sapé, João Pessoa, Santa Rita, Cabedelo, Ingá e Pedras de Fogo. A marcha contou com a presença dos responsáveis pelo canal do Youtube “Juro que Posso”, focado em temas ligados a saúde mental.

A VIII Semana Estadual da Luta Antimanicomial acontece, simultaneamente, em 50 municípios do estado, até o dia 29 de maio, com rodas de conversas, palestras, caminhadas, atividades dos Caps, envolvendo a Saúde e Educação dos municípios com panfletagens, apresentações teatrais e exibição de filmes sobre saúde mental.