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Unidade da Fundac cria projeto cultural para ajudar na ressocialização de socioeducandos

publicado: 04/05/2022 15h56, última modificação: 04/05/2022 15h56
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A unidade de internação Semiliberdade da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente ‘Alice de Almeida’ (Fundac) lançou esta semana o projeto ‘SemiCultural’, que visa garantir um processo pedagógico lúdico, artístico e produtivo e colaborar com o bom andamento da medida, possibilitando a mudança por meio da arte. 

Segundo Rayssa Katrinny, pedagoga da Semiliberdade, o projeto ‘SemiCultural’, construído coletivamente, objetiva abrir aos socioeducandos um leque de possibilidades voltadas à cultura, música, teatro e arte. “Uma vez por mês, nós teremos um artista convidado para que ele possa se apresentar e contar sua história de vida para os jovens e adolescentes e, assim, fazer com que a arte possa tocar o coração dos meninos e provocar mudanças”, disse.

O convidado para a abertura do ‘SemiCultural’ foi o saxofonista Jurandir do Sax, que se apresenta na Praia do Jacaré e se tornou conhecido nacionalmente por executar, do seu sax, às 17h, a composição ‘Bolero de Ravel’, até o por sol. Este momento se transformou numa atração turística da capital paraibana e tem atraído muitos turistas ao local. Jurandir, na ocasião, falou da sua história, sua relação com a música e com o instrumento – o sax –  como meio de trabalho e renda, mostrando que tudo é possível, mesmo quando tudo leva ao contrário.

Para T.S.R., interno na Semiliberdade, o projeto SemiCultural é uma atividade muito importante porque mostra o artista com sua história de vida, de quem também teve dificuldades, mas não desistiu do seu objetivo. “Ele também falou da sua relação com a cultura musical, que não desistiu do seu sonho e foi isso que levou ele a cumprir esse sentimento que tem dentro dele de fazer música para os outros relaxarem, na Praia do Jacaré, para as pessoas apreciarem a música e a natureza”, comentou o socioeducando.

O instrumentista José Jurandir Félix – Jurandir do Sax – disse que participar do projeto SemiCultural foi um presente.  “Há tanta humanidade por parte de vocês que percebo que os garotos têm uma vontade de crescer, de voltar à vida normal. Não é à toa que eles estão na Semiliberdade”, pontuou. 

“A visão que eu tenho é que eles conseguiram até aqui sair daquela situação em que estavam e que agora estão num processo de poder voltar à sociedade como pessoas de bem e esse é o meu desejo”, disse, aproveitando para parabenizar a direção e o trabalho que é feito na unidade socioeducativa. “Afinal de contas nós estamos tratando de humanidade”. 

Jurandir considerou muito importante o projeto que visa trazer artistas para poder dividir experiências com eles. “Para mim foi engrandecedor estar falando da minha vida e eu tenho certeza que eles assimilaram muito daquilo, da vontade, do querer mudar. Todo ser humano tem no coração uma vontade de crescer, uma vontade de ser melhor do que é, uma vontade de conseguir evoluir como pessoa, de ter as coisas, e trazer pessoas que possam dividir com eles a sua história; é um incentivo a mais para que  possam realmente iniciar essa nova trilha no caminho do bem”, comentou. E expressou sua alegria “porque realmente é bom você ver que nada está perdido. E se tiver um trabalho humanitário como vocês estão fazendo com certeza essas pessoas vão sair daqui homens”.

Davi Lira, diretor da Semiliberdade, disse que foi muito importante receber o artista Jurandir do Sax para a abertura do SemiCultural. “No mês em que celebramos o Dia do Trabalhador, pudemos conhecer um pouco mais da história do Jurandir, desde o início, quando começou a tocar na praia do Jacaré e só tinha um barzinho, e hoje já são muitos restaurantes e lojas, o que levou através da sua apresentação a transformar o local num dos mais importantes pontos turísticos da Paraíba. “Foi muito importante dividir com os adolescentes e jovens que cumprem medida de semiliberdade essa história”, disse. 

“Com o projeto vamos estar abrindo espaço para que pessoas como artistas, cantores, etc possam vir aqui dividir suas experiências e estimular jovens para formação de um caráter de ressignificação para que estes, quando reinseridos novamente na sociedade, possam vislumbrar novas perspectivas. Então nós só temos a agradecer por esse momento”, pontuou.

Dhyan Urshita, professora de Artes na Semiliberdade e que fez a ponte com o artista, convidando-o para participar do projeto ‘SemiCultural’, disse que é muito importante ter a cultura em todos os espaços, principalmente nessa situação de quem está em cumprimento de medida judicial. Para ela, a arte não salva, regenera, transforma e amplia as células do cérebro e do coração.

“A arte, além de aprofundar nosso conhecimento interior, a nossa força interior faz com que a gente tenha mais saúde, mais garra, dê mais valor à solidão, ao amor, à família, ao perdão, a tudo isso que a gente tem que atravessar para chegar a esse lugar chamado vida. Para isso a cultura existe, para que as vidas tenham importância, sejam reconhecidas e sejam respeitadas”, ressaltou.