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Socioeducandos da Fundac são selecionados para projeto de iniciação científica da UFPB

publicado: 28/08/2020 15h23, última modificação: 28/08/2020 15h23
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A inserção precoce de crianças e adolescentes no trabalho, envolvimento em atos infracionais e medidas socioeducativas. Este é o título do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para Ensino Médio - Pibic/EM do Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que selecionou quatro adolescentes e jovens que cumprem medidas na Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice de Almeida” (Fundac) para serem bolsistas. 

Segundo Rafael Honorato, coordenador do eixo Educação da Fundac, a intenção do Programa não se restringe em apenas mostrar como a ciência pode ser uma carreira a ser seguida, mas também possibilitar aos bolsistas um processo de autodescoberta sobre suas habilidades e áreas de interesse. “A Iniciação Científica Júnior também pode ser um caminho para os alunos descobrirem que cursos e faculdades pretendem prestar, investindo em profissões e campos que lhes chamam mais atenção, o que pode até diminuir a evasão universitária, em uma proposta de larga escala no futuro”, explicou.

O Projeto busca identificar jovens que cumprem medidas socioeducativas, em privação de liberdade, que tenham trabalhado na infância; as idades em que esses jovens começaram a trabalhar; os tipos de trabalho infantil que desempenharam; e o contexto de envolvimento com o ato infracional. Além de avaliar as consequências do encarceramento nas medidas socioeducativas para o desenvolvimento.

A professora Maria de Fátima Pereira Alberto, do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós Graduação em Psicologia Social da UFPB, acredita que o Projeto desenvolvido com recursos oriundos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) é de grande importância no processo de formação de futuros pesquisadores e cientistas e tem, no processo educacional, o meio de desenvolvimento de aprendizagem, de aquisição de informações e daquilo que se chama de conhecimento construído pela humanidade. 

“É fundamental oportunizar a inserção de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas que, como qualquer um da sociedade brasileira, têm direito à educação e o Estado tem a responsabilidade para com eles. Já a Universidade, através do tripé ensino, pesquisa e extensão, desenvolve esse compromisso com a sociedade, no sentido de contribuir com essa ferramenta educacional para aqueles que, na maioria das vezes, tiveram retirados os seus direitos e não puderam frequentar uma escola, inclusive pelo fato de precisar trabalhar”, acrescentou a professora Fátima.

“Tendo como público alvo os estudantes do Ensino Médio, a orientadora do projeto, juntamente com a diretoria técnica da Fundac, através do eixo Educação, dividiu as bolsas entre as unidades socioeducativas que possuem adolescentes e jovens no ensino médio, ficando duas para o Centro Educacional do Jovem - CEJ, uma para o Centro Educacional do Adolescente - CEA (protetiva) e uma para o Centro Socioeducativo Edson Mota – CSE”, afirmou Rafael Honorato. 

A parceria entre a Fundac e a UFPB só foi possível a partir da articulação entre a Diretoria Técnica da Fundação e o Departamento de Psicologia da UFPB, por meio da professora Fátima Parreira, que há vários anos seleciona bolsistas das Unidades Socioeducativas do Estado, no intuito de despertar a vocação científica de jovens pesquisadores. 

“Enquanto coordenador do eixo Educação da Fundac, tenho como uma das responsabilidades abrir possibilidades de acesso ao ensino superior para os socioeducandos da instituição e essa parceria com a UFPB é uma oportunidade única de estabelecer esse vínculo com a Academia e articular os objetivos do Pibic – Ensino Médio com os objetivos do Eixo, descritos no Sinase”, comentou o coordenador do eixo Educação. 

“Foi um processo de seleção muito excludente, porque todos os entrevistados apresentaram interesse, motivação e o desejo de desenvolver a aprendizagem. A maioria ficou interessada em se formar como pesquisadores, mas, infelizmente, o número de bolsas disponíveis é menor do que o número de candidatos”, comentou a professora Fátima, lembrando que, ao concluir o projeto, os bolsistas vão sair com uma formação como pesquisador, com uma certificação para tal e habilitados para desenvolver uma atividade profissional desta ordem.