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Socioeducação: jovens da Semiliberdade visitam Parque Arruda Câmara

publicado: 07/09/2019 11h22, última modificação: 07/09/2019 11h22

 

Um dia em contato com a natureza e de inserção na sociedade. Esta foi a experiência vivida por sete socioeducandos da Unidade de Semiliberdade da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice de Almeida” (Fundac). Os adolescentes passaram parte da manhã visitando os animais e caminhando pelas trilhas do Parque Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa, acompanhados por agentes, psicólogas, pedagogas, diretores e um educador ambiental cedido pelo parque para guiar a visita.

De acordo com o diretor da Semiliberdade, Davi Lira de Oliveira, antes de se dirigirem ao parque, foi feita uma reunião na qual foi trabalhada a conscientização e a importância do meio ambiente em nossas vidas e o prejuízo que já vem sofrendo o ecossistema devido à poluição e outros fatores. 

“Através da explicação do educador ambiental que o parque disponibilizou e da visitação, nós tentamos proporcionar a eles esse conhecimento da importância da fauna e da flora. A gente percebe a vontade deles em conhecer. Alguns, que embora já tivessem o conhecimento do parque, nunca tinham vindo, havia visto apenas pela TV e ficaram bastante surpresos. Isso é um sentimento bacana porque a gente acaba proporcionando algo que às vezes é tão simples, mas que por alguns passam despercebidos. Dessa forma, a gente começa a construir novos valores, dar novos significados e daí a eficiência da ressocialização, de ter esses momentos de cidadania, onde o jovem se conscientiza da importância dele enquanto cidadão e do papel dele na sociedade, de fato”, enfatizou o diretor.

O adolescente R. S. disse ter ficado muito feliz em participar da atividade, “ter visto o leão, os macacos e a paisagem”. Para ele, foi uma oportunidade muito boa. “Uma chance pra gente não ficar com a mente vazia. Uma oportunidade que o diretor está dando para nós, para mudar”, disse.

Já o socioeducando K.V. disse que mesmo tendo os horários de banho de sol e outras atividades, é sempre bom ir para outro ambiente, ver outros ares, respirar outro ar, com outras pessoas. Ele disse que já conhecia a Bica e que acha “muito bacana, muito legal” e aproveitou para fazer uma reflexão: “Quando eu caí lá dentro eu aprendi uma coisa, a dar mais valor à liberdade da pessoa, ao que a pessoa tem. Essa vida aí não tem futuro não!”, declarou.

Para a pedagoga da Semiliberdade, Uêgylla Maurício, a visita à Bica foi um momento de grande importância para todos e um momento de integração dos adolescentes. Ela destacou a importância dos jovens estarem em contato com a natureza, recebendo orientações quanto ao meio ambiente, da questão da preservação e conhecerem outros espaços que eles não conheciam. 

“Pela fisionomia percebemos de quanto estão gostando de estar aqui e ter essa sensação de liberdade. A maioria desses adolescentes que cumprem medidas está às margens da sociedade, isso é comprovado por pesquisas. E quando a gente os vê nessa integração, de fato, conhecendo espaços que não conheciam, em contato com outras pessoas, não apenas com aquele grupo da própria socioeducação, a gente vê exatamente esse sentimento de pertença; sentindo que pertencem a uma sociedade, que estão incluídos. Então, esse é o grande objetivo dessas saídas, de conhecer a cidade, para que eles se sintam pertencentes a essa sociedade”, observou a pedagoga. 

O educador ambiental do Parque Arruda Câmara, João Pedro Costa, falou da experiência em poder contribuir com socioeducação. Para ele, foi uma oportunidade de receber pessoas que geralmente são excluídas dos espaços da sociedade.

 “A gente sabe que o preconceito infelizmente ainda é muito grande. A oportunidade que a gente encontra nessas visitas é poder mostrar pra eles um ambiente que eles não encontram no dia-a-dia, poder oferecer novas oportunidades e uma nova visão sobre a relação que a gente tem com o meio ambiente. De repente até desperte algum desejo deles de vivenciar isso de outros aspectos, se aprofundarem, ou mudarem a forma como eles enxergam algum assunto. Eles têm um contato aqui com alguns bichos, com a flora, o que proporciona uma diversidade de sensações e de pensamentos que podem até ser muito construtivo nas vidas deles, tanto profissional como pessoal, para quando eles encontrarem alguma oportunidade de atuação na vida deles”, destacou o educador.