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SES realiza Simpósio para discutir situação da esporotricose na Paraíba
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) reuniu, nesta quarta-feira (25), representantes do Ministério da Saúde, Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-PB), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde da Paraíba (Cosems-PB), Ministério Público, Promotoria de Justiça e Universidade Federal da Paraíba (UFPB) para debater a esporotricose, doença que acomete animais e seres humanos e encontra-se em situação endêmica no Estado. Profissionais das 12 Gerências Regionais de Saúde, técnicos da vigilância ambiental e de zoonoses dos municípios que notificaram a doença este ano estiveram reunidos no Hotel Littoral, para debater formas de enfrentamento e prevenção da esporotricose em felinos e humanos.
A esporotricose é uma doença causada por um fungo de circulação mundial, que está presente no meio ambiente e atinge sobretudo aos felinos e seres humanos. Cães também podem ser acometidos pela doença, porém há menos incidência de casos. De acordo com a secretária executiva de Saúde, Renata Nóbrega, é importante a vigilância em saúde debater o tema, bem como tratar a doença e notificar os casos para controle da circulação do fungo. “Tínhamos a perspectiva de a esporotricose ser uma doença de notificação compulsória no país, como isso não aconteceu e diante do nosso cenário, a gente avançou no estado quando pontuamos que ela deveria ser um agravo de notificação compulsória de âmbito estadual”, ressaltou a secretária.
No Brasil existem dois tipos de esporotricose com maior prevalência a S.Brasilis e a S.Schenckii, ambas contaminam animais e seres humanos. Até 2018 a incidência da doença em humanos era considerada baixa no Nordeste, com menos de 20 casos registrados por ano. Já em 2019 as notificações somam mais de 700 casos em humanos. O infectologista do Hospital Universitário Lauro Wanderley, Francisco Bernardino, explicou que só no HU existem mais de 500 pacientes em acompanhamento entre adultos e crianças. “Nós vivemos uma grande explosão de casos de esporotricose no Nordeste e aqui na Paraíba”, pontua o infectologista. A doença é caracterizada por úlceras na pele, mucosas e lesões que se assemelham a pequenos tumores, porém é curável e possui tratamento na rede pública.
A transmissão da doença se dá por meio da arranhadura, mordida ou contato com objetos infectados por um gato contaminado. Assim como os seres humanos, os gatos também são vítimas do fungo e também precisam de tratamento adequado como o tratamento com antifúngico, limpeza das feridas e isolamento. É importante salientar que não há registros de transmissão de humano para humano, apenas entre interação de humanos com o meio ambiente, ou felinos. A representante do Ministério da Saúde, Dra Zênia Guedes, explicou que é necessário um olhar mais sensível para o diagnóstico da saúde humana. “Nós precisamos de mais esforços no intuito de sensibilizar os gestores para esta notificação compulsória. Há uma necessidade também de integração das áreas de zoonoses e de vigilância em saúde”, explica. Ela acrescentou ainda que 25% dos gatos são assintomáticos para a doença e que devido ao quantitativo populacional destes animais em situação de rua, a doença de propaga com mais rapidez.
Durante o Simpósio, o projeto de um fluxo de coleta foi apresentado como uma solução para o diagnóstico preciso e ágil em humanos e animais. De acordo com a representante do Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lacen/PB), Aldenair Torres, além do fluxo é preciso orientar os profissionais dos municípios a respeito da coleta em humanos, bem como o armazenamento do material, para que a as amostras sejam validadas e o diagnóstico preciso. Ações educativas foram abordadas, uma vez que os gatos também são vítimas da doença, mas que, por falta de esclarecimento de parte da população, acabam sendo mortos e descartados de forma inadequada, o que gera realimentação do ciclo do fungo no meio ambiente.