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Semana Estadual da Luta Antimanicomial discute preconceito, resistência e inclusão

publicado: 15/05/2018 00h00, última modificação: 20/05/2019 14h39
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“A mesma luta para outro tempo”. Este é o tema da VIII Semana Estadual da Luta Antimanicomial, que foi aberta nesta terça-feira (15) pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Coordenação Estadual de Saúde Mental, e teve como destaque apresentações artísticas de usuários de vários serviços da Rede de Atenção Psicossocial na Paraíba. A solenidade ocorreu pela manhã, no auditório de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa. O evento segue até a sexta-feira (18), quando ocorre a tradicional marcha, saindo do Busto de Tamandaré, em Tambaú, para o Largo da Gameleira, em Manaíra, na capital.

Participaram da abertura oficial usuários e trabalhadores de todos os serviços de atendimento da capital e região metropolitana, associações de usuários, profissionais de saúde e alunos de Residência Multiprofissional em Saúde Mental. “Há oito anos instituímos a Semana da Luta Antimanicomial na Paraíba. Seguimos avançando porque acreditamos que a luta só é possível fechando manicômios e criando maneiras de cuidar do usuário em liberdade. É falar menos e fazer mais, essa é nossa missão”, disse a coordenadora de Saúde Mental da SES, Shirlene Queiroz.

O protagonismo dos usuários e trabalhadores dos serviços foi o foco da abertura da VIII Semana Estadual da Luta Antimanicomial. Entre as apresentações artísticas, a dupla de ativistas culturais Cleiton Teixeira e Chico Viola desenvolveu a vivência de paisagens sonoras chamada Saindo das Sombras. “Desde a forma como você acorda, até a hora quando você vai dormir, a arte está presente. A arte é a missão primeira, tudo que se faz é arte. E, sendo assim, a arte transforma e traz vida”, pontuou Chico Viola.

A psicóloga do Caps AD Rangel, Juanira Dias, alertou que a semana é um período pontual, mas a luta é constante. “Não podemos parar com o debate em favor da reinserção dos usuários no contexto social, do resgate da autoestima e do sujeito. O tratamento envolve uma equipe interdisciplinar, com acolhimento diário e acompanhamento humanizado. Vemos a evolução de cada usuário e sabemos que a luta é de todos”, declarou.

O músico Antônio Francisco de Oliveira tem 63 anos e foi alcoólatra por mais de 40 anos. Há pouco mais de três anos, conheceu os serviços do Caps AD Rangel e sua vida mudou completamente. “A bebida era sinônimo de vaidade. Desde que conheci o Caps, não bebo álcool. Vou todos os dias ao serviço, a ajuda dos profissionais é essencial. Até o relacionamento com minha esposa mudou. Antes, ela dizia na rua: ‘lá vai o bêbado safado’. Hoje, ela aponta pra mim e diz a todos: ‘aquele é o meu marido’. Estou aposentado e não penso nunca em parar o tratamento para não cair em tentação”, comentou.

Programação dos municípios – A VIII Semana Estadual da Luta Antimanicomial acontece, simultaneamente, em 50 municípios do estado, com rodas de conversas, palestras, caminhadas, atividades dos Caps, envolvendo a Saúde e Educação dos municípios com panfletagens, apresentações teatrais e exibição de filmes sobre saúde mental. “Estamos na defesa de um cuidado em liberdade para as pessoas com sofrimento psíquico e problemas de saúde decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas”, reforçou Shirlene Queiroz.