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Saúde promove 14ª Semana da Luta Antimanicomial em defesa dos direitos de pessoas em sofrimento mental

publicado: 14/05/2024 17h26, última modificação: 14/05/2024 17h26
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No próximo dia 18 de maio é comemorado, em todo o país, o Dia Nacional de Luta Antimanicomial. Em alusão à data, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Gerência Operacional de Atenção Psicossocial, está realizando a 14ª Semana Estadual da Luta Antimanicomial com o tema “Caminhos para a liberdade: Minha loucura não se prende”, que foi aberta nesta terça-feira (14), no auditório de Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia do campus da Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa. O evento prossegue na sexta-feira (17), quando acontecerá a Marcha da Luta Antimanicomial, às 13h30, no Parque Solon de Lucena (Lagoa). A ação é direcionada para pessoas que fazem uso da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), familiares, profissionais e a sociedade civil.

De acordo com a gerente operacional de Atenção Psicossocial da SES, Iaciara Mendes, o mês de maio é muito importante para quem trabalha na Rede, usuários e familiares. “É um mês que se caracteriza pela luta por direitos das pessoas em sofrimento mental. E no centro desse movimento está o combate ao estigma e à exclusão das pessoas com algum sofrimento ou transtorno mental”, falou. Ela adiantou que os municípios também estão com suas ações, durante todo o mês de maio, para que as pessoas tenham conhecimento da luta e o quanto esse movimento é importante para usuários, familiares e trabalhadores da Rede.

Para a professora Ludmila Cerqueira, do Grupo de Pesquisa e Extensão da UFPB “Loucura e Cidadania (LouCid), uma das palestrantes do evento, não é possível pensar em atenção psicossocial em pessoas que tenham sofrimento mental sem pensar em cuidado em liberdade, e chamou atenção para a questão dos manicômios judiciários. “Estou falando de uma população que não é grande, mas que são pessoas que cometeram crime, têm transtorno mental, foram consideradas pelo Judiciário que não podem responder penalmente por isso e a elas é determinada medida de segurança. Se no Brasil já tem uma Reforma Psiquiátrica há mais de 22 anos por uma Lei Federal e para todas as pessoas o cuidado é em liberdade, para essas, que estão em manicômio, também deve ser”, pontuou.

O evento contou ainda com a presença do integrante da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), José Nílton Monteiro Junior e a representante dos usuários dos serviços da RAPS, Hannah Hocape. “É muito importante o apoio da família na vida de um cidadão para evitar certos tipos de agravos, como o suicídio. Hoje me sinto valorizada no Caps. A assistência é feita por profissionais qualificados e que se mantenha assim, com a valorização dos serviços da RAPS”, declarou.

Durante a abertura, o ator Papa Macedo, que já foi trabalhador da Rede por 10 anos, fez uma intervenção artística representando uma pessoa em sofrimento psíquico; teve apresentação da banda “Passageiro 22” e exposição da arte produzida pelo grupo “Bem Me Quero” formado pelas mulheres usuárias, ambos do Caps Gutemberg Botelho.

A psicóloga Gisélia Araújo realiza as oficinas de arte com as frequentadoras do Caps Gutemberg Botelho. “Nós transformamos a arte abstrata que elas fazem em ecobags que são comercializadas e a renda é revertida para o projeto na compra de matéria-prima, como algodão, tinta, etc. Quando se fala em saúde mental, a arte sempre aparece como uma forma de se expressar livremente e, com isso, a gente consegue identificar que elas ficam mais estabilizadas em suas patologias e há um estímulo à autonomia e a autoestima eleva porque gostam de ver as pessoas apreciando e comprando as artes delas”, disse.

A.S.B, de 38 anos, é atendida em Caps há 12 anos. Ela participa do grupo de mulheres. “Esse trabalho de arte significa para mim colocar para fora o que eu sinto, minhas angústias e meus aperreios. É o que gosto de fazer e me ajuda muito”, ressaltou.

Serviços da RAPS na Paraíba - Na Paraíba são ofertados 208 serviços pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), sendo120 Caps  - Centro de Atenção Psicossocial. Destes, são 76 Caps I; oito Caps II; cinco Caps III; 14 Caps i - Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil; cinco Caps AD - Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas; 12 Caps AD III 24 horas. Dos 120 Caps, 113 são com custeio do Ministério da Saúde e sete custeados pelos municípios. 

Além disso, têm mais 88 serviços, sendo 16 SRT - Serviços de Residência Terapêutica; 42 Programas de Volta para Casa; duas Unidades de Acolhimento Transitório adulto e três infantojuvenis; cinco Consultórios na Rua e 20 Leitos de Saúde Mental em Hospital Geral. E ainda mais três equipes multiprofissionais especializadas em saúde mental.