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Saúde lembra Dia Mundial de Combate ao Fumo com ações no Busto de Tamandaré
Fumante por mais de 25 anos, o engenheiro civil Orlando Soares decidiu mudar de vida quando sua filha nasceu. Junto com a criança, nasceu também uma vida nova para o pai, que há 28 anos não sabe o que é fumar. Na manhã desta sexta-feira (31), ele aproveitou para fazer alguns testes de saúde no Busto de Tamandaré, em João Pessoa, onde o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), realizou diversas atividades para lembrar o Dia Mundial de Combate ao Fumo.
“Hoje tenho 61 anos e me sinto muito melhor do que na época que fumava. Com o vício, parecia que eu vivia constantemente com ressaca, cansado, sem ânimo. Hoje em dia, mudei os hábitos todos. Faço atividade física cinco vezes por semana, minha alimentação é regrada e saudável e, além disso, sempre incentivo colegas fumantes a pararem de fumar”, disse Orlando, enquanto fazia alguns testes de saúde, na pausa do treino de corrida, no Busto de Tamandaré.
Vários serviços foram ofertados gratuitamente à população, entre eles o teste de glicemia; aferição de pressão arterial; avaliação do índice de massa corporal (IMC); testes de monoximetria (nível de monóxido de carbono no organismo), espirometria (exame de pulmão), Fargestrom (avalia o grau de dependência à nicotina); alongamento e aeróbica; atividade física, tai-chi-chuan; e distribuição de material educativo.
De acordo com a chefe do Núcleo de Doenças e Agravos não Transmissíveis da SES-PB, Gerlane Carvalho, este evento pontual reafirma o trabalho feito durante todo o ano. “O Dia Estadual de Combate ao Fumo é mais uma data em que podemos alertar a população para a prevenção do tabagismo, bem como seu tratamento e a proibição do uso do cigarro em ambientes de uso coletivo total ou parcialmente fechados, conforme a Lei Federal de Anti-Fumo que fortalece a Lei Estadual nº 8958. Nosso foco principal é atender os fumantes, sejam eles ativos ou passivos, desenvolvendo tanto o trabalho de prevenção, quanto de alerta”, disse ela.
O cigarro figura como potencializador de doenças crônicas. “Nosso papel é orientar, mostrar que existem maneiras de parar de fumar, oferecer apoio psicológico, para que, consequentemente, o paciente se sinta motivado a procurar ajuda profissional, deixar o vício e mudar de vida”, pontuou Gerlane.
O presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba, Sebastião Costa, afirmou que o tabagismo tem dependência psicossocial que está relacionada à ansiedade, solidão e depressão, aproximando a pessoa da dependência da nicotina. “Toda data comemorativa a gente elabora alguma ação para despertar na sociedade a necessidade de pressionar o fumante para ele parar de fumar e no fumante essa vontade de parar. São cinco postos de saúde que trabalham com a recuperação de fumantes aqui na capital (Jaguaribe, Cristo, Rangel, Mandacaru, Torre) com medicamentos e também a abordagem comportamental que neutraliza a dependência psicossocial. Esta junção dá todo o suporte para o fumante parar de fumar. Mas o mais importante é tomar a decisão”, pontuou.
O tabagismo é responsável por 90% de todos os cânceres; 80% dos casos de problemas respiratórios (efizema pulmonar, asma); 25% dos casos de AVC e infarto estão ligados ao cigarro; problemas de pele; abortamento precoce e problemas no bebê ao nascer e em outras fases da vida da criança; impotência sexual.
“São inúmeros os problemas e não conseguimos visualizar nenhum benefício, mesmo assim é um vício difícil de largar. Infelizmente, muitas pessoas só param de fumar quando acontece algo de grave com elas ou alguém próximo. Pouco tempo após parar de fumar, o indivíduo já pode sentir novamente o sabor dos alimentos e cheiros - por isso é comum vermos pessoas que engordam quando deixam o vício. A mudança tem que ser completa! Alimentação saudável e atividades físicas devem entrar na rotina”, orientou o cardiologista Fábio Medeiros, que lembrou, ainda, que não é só o cigarro que faz mal. O rapé, cachimbo, fumo de rolo e o narguilé também trazem prejuízo à saúde.
As atividades foram realizadas por meio de parcerias com a Associação Médica da Paraíba, Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa), Secretaria de Estado Educação, Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, Sociedade Paraibana de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia de Tisiologia, Ligas de Pneumologia (PneumoLiga) e Cardiologia (Cardioliga-PB), Clínica Pulmonar e Planos de Saúde (Geap, Cassi, Afrafep, Unimed).
Dados – O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta – cerca de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas – seja de fumantes.
De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/Diretoria de Pesquisas), a Paraíba possui atualmente 468.596 fumantes (11,5% da população) e, destes, 92.197 estão em João Pessoa.
Em 2016, em todo o Estado, 575 pessoas morreram vítimas de cânceres relacionados ao fumo (laringe, pulmões, boca e faringe). Em 2017, foram 618 mortes. No ano passado, o número de mortes caiu para 594 e em 2019, até o momento, foram registrados 213 óbitos.
Cigarro – A nicotina, presente no cigarro, causa dependência e age na região do cérebro. Cerca de 50 doenças graves estão relacionadas ao tabaco, entre elas: câncer de pulmão, boca, laringe, estômago; leucemia; infarto; bronquite; infecções respiratórias; trombose vascular. A fumaça do cigarro tem mais de 4600 substâncias, entre elas 40 são cancerígenas.
Tratamento – O paciente é atendido na Unidade Básica de Saúde (UBS) do seu município e, posteriormente, encaminhado ao serviço adequado para sua necessidade. Na Paraíba, existem atualmente 37 Centros de Referência para Tratamento dos Fumantes, onde se pode buscar apoio para se livrar do vício em nicotina. O serviço é oferecido em Unidades de Saúde da Família; em Centros de Atenção Psicossocial (Caps); Centros de Atenção Integral à Saúde (Cais); Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e Centros de Saúde. Em alguns casos, os pacientes abandonam o cigarro com menos de um mês de acompanhamento.
O tratamento nesses locais é mantido pelo Ministério da Saúde, que repassa medicamentos ao Estado. Este, por sua vez, é responsável pela qualificação das equipes, monitoramento do trabalho nos centros e pelo encaminhamento do material enviado pelo Ministério. Os municípios entram com a administração das unidades de saúde.