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Referência em Cardiopatia Congênita, Hospital Metropolitano registra mais de 160 procedimentos até junho deste ano
O Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, unidade da rede estadual de saúde gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde) é referência em cardiopatia congênita. Até essa quarta-feira (12 de junho), data que celebra a conscientização para a doença, o complexo hospitalar já realizou 162 procedimentos pediátricos, entre medicina intervencionista, por meio de cateterismos, até cirurgias cardiológicas, beneficiando crianças do Litoral ao Sertão do Estado.
A cardiopatia congênita é uma anormalidade na estrutura do aparelho cardiocirculatório que pode surgir nas primeiras oito semanas da gestação, momento em que é formado o coração do bebê, causando insuficiência circulatória e respiratória.
Um dos pacientes mais recentes foi o pequeno Anthony Gabriel, de apenas um ano, da cidade do Lastro, no Sertão. Ele nasceu com um defeito do septo atrioventricular (no lugar de quatro válvulas no coração, tem apenas uma) e realizou a cirurgia no Hospital Metropolitano, na última sexta-feira (7).
Conforme Débora Cristina, mãe do Anthony, ela descobriu a patologia no final da gestação e quatro dias após o nascimento, ele foi diagnosticado com um sopro. Mesmo com os diagnósticos, ela afirmou que o filho sempre foi muito ativo e nunca apresentou os sintomas correspondentes à doença.
Débora disse ainda que, apesar do medo da cirurgia, não hesitou em buscar o tratamento adequado e incentiva a todos fazerem o mesmo. “Agradeço todo o apoio que recebi do Hospital, desde que cheguei aqui fui bem assistida. Estou muito feliz pelo sucesso da cirurgia e se não fosse pelo serviço oferecido, eu não saberia o diagnóstico do meu filho. Mesmo com medo e com receio, entreguei a vida do meu filho a Deus e aos médicos e digo a todas as famílias que tiverem alguma criança cardiopata que façam o mesmo”, reforçou Débora.
“É importante sensibilizar a sociedade como um todo, principalmente as famílias que têm alguma criança com cardiopatia congênita, a buscarem o tratamento. A maioria das cardiopatias pode ser resolvida e a criança levar uma vida normal”, enfatizou cirurgião cardiovascular do Hospital Metropolitano, Daniel Magalhães.
Quem também buscou o tratamento no Hospital Metropolitano foram os pais da Ana Lívia, de dois anos, diagnosticada com Comunicação Interventricular com Hiperfluxo Pulmonar (uma abertura ou orifício na parede que divide os ventrículos direito e esquerdo, permitindo a passagem do sangue de uma câmara a outra, quando este fluxo não deveria existir). Segundo o pai da paciente, Anderson Leonardo, a filha é acompanhada desde que nasceu e precisou fazer a cirurgia.
Ele contou que ela tem dificuldade em ganhar peso, a altura não é adequada, além das constantes crises de cansaço. E apesar do medo da cirurgia, confia que tudo vai dar certo. “A expectativa é que tudo seja resolvido e que ela não tenha problemas no futuro. Nosso maior medo é a cirurgia, mas como o hospital é referência nos deixa mais tranquilos e confiantes de que vai dar tudo certo”, pontuou Anderson.
Segundo o cirurgião cardiovascular Daniel Magalhães, o diagnóstico para as cardiopatias congênitas pode ser feito tanto intraútero, por meio do ecocardiograma fetal, que consegue identificar alterações a partir de 18 semanas de gestação, com tempo ideal entre 24 e 30 semanas de gestação, como após o nascimento, por meio do ecocardiograma torácico ou transesofágico.
Ele afirmou também que, na maioria dos casos, a cirurgia pode ser totalmente corretiva, resolvendo completamente a situação clínica do paciente. “Muitas vezes as famílias não sabem que a criança tem uma cardiopatia congênita, e por isso quando a família perceber que a criança tem alguma dificuldade de crescimento, algum tipo de alteração é bom procurar o pediatra para verificação. O diagnóstico precoce é muito importante para a cura da doença”.
Conforme a coordenadora de cardiologia pediátrica da unidade hospitalar, Lara Dantas, os tratamentos cirúrgicos mais comuns realizados no Hospital Metropolitano são: correção de comunicação interatrial, comunicação interventricular, ligadura de PCA, correção de tetralogia de fallot e shunt sistêmico pulmonar. “Na grande parte das cardiopatias, após o tratamento o paciente tem uma vida absolutamente normal, inclusive pode fazer atividades físicas, quando liberadas pelos médicos, ou seja, ele tem grandes chances de ter uma vida perfeita”, frisou a gestora.
Já o hemodinamicista e responsável pela Cardiologia Intervencionista em Cardiopatias Congênitas do Hospital Metropolitano, Fabrício Pereira, afirmou que algumas cardiopatias podem ser corrigidas por meio do cateterismo, evitando o procedimento cirúrgico, como por exemplo o fechamento de comunicação interatrial (CA) e a persistência do canal arterial (PCA). Mas que dependem de alguns critérios. “Não são todos CA ou PCA que serão corrigidos com o cateterismo. É preciso toda uma avaliação clínica, realização de exames para definirmos o tipo de procedimento. Cada caso é um caso e por isso o paciente deve passar primeiro pela consulta no Ambulatório”, explicou Fabrício.
Ele ainda enfatizou que é bastante comum os pacientes só identificarem a cardiopatia congênita na fase adulta, principalmente as pessoas na faixa etária entre 40 e 50 anos, uma vez que no período em que nasceram não era comum a realização dos exames preventivos.
O serviço de hemodinâmica de cardiopatias congênitas funciona todas às segundas-feiras pela manhã e são atendidos, em média, 12 pacientes por semana. Para ter acesso, a coordenadora do Ambulatório, Patrícia Monteiro, informou que o paciente precisa ir à uma unidade de saúde de qualquer município paraibano e receber o primeiro atendimento. A unidade emitirá uma Autorização de Procedimentos Ambulatoriais que será levada para a regulação municipal. A Regulação Municipal enviará um e-mail com a solicitação para Regulação Estadual que irá agendar o atendimento no ambulatório do Hospital Metropolitano.
Conforme o Ministério da Saúde, aproximadamente 29 mil crianças nascem por ano com cardiopatia congênita e cerca de 6% delas morrem antes de completar o primeiro ano de vida. Na forma grave da doença, após o nascimento, ela pode ser responsável por 30% dos óbitos no período neonatal.