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Projeto Dom Helder Câmara tira mais de 2,7 mil famílias da pobreza no semiárido
Uma parceria do Governo do Estado, por meio da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), e o Governo federal vem contribuindo para retirar 2.704 famílias da extrema pobreza na Paraíba, criando condições para que possam produzir e comercializar seus produtos agrícolas nas comunidades rurais onde residem, além de participar dos programas sociais de comercialização do Governo federal. Trata-se do Projeto Dom Helder Câmara que tem presença efetiva em 53 municípios inseridos no Semiárido, distribuídos nas regiões do Sertão, Cariri, Curimataú e Agreste.
Um exemplo de sucesso com a utilização dos recursos e da assistência técnica proporcionados pelo Projeto Dom Helder Câmara encontra-se no Sítio Barro Vermelho, em Vieiropólis, onde o agricultor familiar Francisco Domingos da Silva há pouco mais de um ano trabalha com a produção de hortaliças, usando irrigação por gotejamento em agroecologia. São os produtos como alface, couve, melancia, melão, abóbora, maracujá, batata-doce e coentro, que comercializa na feira livre da cidade e nas portas das casas.
O cultivo de hortaliças é uma atividade iniciada com os recursos do Projeto Dom Helder, mas ele mantém na propriedade uma pequena criação de bovinos e, em período de inverno regular, plantava feijão e milho. A hortaliça é irrigada pelo sistema de micro aspersão, utilizando água de um poço amazonas.
“Trata-se de um produtor receptivo às tecnologias e orientações, que vem seguindo corretamente as boas práticas de cultivo de hortaliças, daí vem os bons resultados que está obtendo. Mesmo que ele nunca tenha trabalhado com essa atividade”, comentou o extensionista Manuel Chagas, de Vieiropólis. A produção tem o acompanhamento do gerente regional da Empaer em Sousa, Francisco de Assis Bernardino, que informou que a unidade produtiva está sendo utilizada como projeto piloto para outros agricultores do município.
O produtor disse que sempre teve vontade de cultivar hortaliças, mas foi o projeto Dom Helder que está dando essa oportunidade. E agora está se preparando para comercializar seus produtos junto aos programas sociais do governo - Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Também planeja ampliar a área de plantio.
Jovem rural - Outro produtor de Vieiropólis que está sendo beneficiado com os recursos do Projeto Dom Helder é o jovem Matheus de Oliveira Moreira, do Sítio Riacho dos Alcindos, que está iniciando o cultivo de hortaliças. Antes, trabalhava com o seu pai Francisco de Assis Estrela Moreira na criação de pequeno rebanho bovino e cultivando outras culturas como feijão, milho e algodão.
Estimulado pela assistência técnica, iniciou suas atividades sem usar nenhum tipo de inseticida, somente usando produtos naturais. A meta agora é obter o selo de orgânico do Instituto Brasileiro de Biodinâmica. Ele está sendo inserido nas políticas públicas de compras governamentais para comercializar seus produtos ao PAA e Pnae. Seu pai está integrado ao Projeto Algodão Paraíba, com o cultivo de 1,7 hectares.
Contemplando sua horta, Matheus Moreira demonstra interesse em continuar trabalhando a terra. “Mesmo em face das dificuldades, vale a pena como jovem morar no campo, no semiárido”, disse, adiantando que “já fui embora para tentar a vida lá fora, mas voltei e quero ficar aqui porque vale a pena morar no semiárido, onde há terra muito boa”.
Sistema participativo - O Projeto Dom Helder Câmara na Paraíba é executado pelo Governo do Estado, por meio da Empaer, empresa vinculada à Secretaria do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), que assessora as famílias desde o final de 2017, numa parceria com a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), entidade criada pelo Governo Federal para mediar e gerenciar as ações de Assistência Técnica e Extensão Rural.
As metodologias utilizadas são participativas, com atenção voltada para todos os membros da família onde as ações são realizadas. Desde quando iniciou suas ações, já foram realizadas mais de nove mil visitas para assessoramento técnico-social com 105 capacitações sobre comercialização dos produtos da agricultura, elaboração de mil projetos produtivos para o acesso aos recursos do Fomento das Atividades Produtividades Rurais.
Cada família recebe uma dotação de fomento de R$ 2.400,00 para a implantação de atividades produtivas que possam gerar renda familiar. Está sendo feito um mapeamento da ação que visa mostrar as potencialidades e as principais dificuldades enfrentadas pelas famílias. A partir deste diagnóstico, buscam-se alternativas e políticas públicas que diminuem as dificuldades das pessoas que moram e trabalham no semiárido paraibano.
A previsão é de que o projeto seja finalizado em abril de 2020 e até esta data serão feitas mais de 100 capacitações, 1.800 visitas, como também vão ser criadas Unidades Demonstrativas de Inovações geradas para a agricultura familiar e convivência com o semiárido adaptadas à realidade local, servindo de referência para que as famílias possam desenvolver suas atividades.
Segundo o diretor Técnico da Empaer, Jefferson Morais, este é um programa de ações referenciais de combate à pobreza e apoio ao desenvolvimento rural sustentável no semiárido. Lembrou que o projeto está embasado no conceito de convivência e articulado de acordo com as dimensões sociopolíticas, ambientais, culturais, econômicas e tecnológicas por processos participativos de planejamento, gestão e controle social.
O Projeto Dom Helder Câmara na Paraíba consolidou sua atuação, fundamentalmente, por desenvolver uma proposta de assessoria técnica permanente, multidimensional, diferenciada e concebida como uma ação contínua e sistêmica, focada nas demandas, objetivos e áreas de resultado de interesse das famílias beneficiadas e referendadas em posicionamento técnico e avaliações participativas que garantem a viabilidade das proposições apresentadas.
A equipe de execução do Projeto Dom Helder na Paraíba é formada pelos extensionistas Eduardo Lucas Farias, Carlos José de Araujo Filho e Francisco de Assis Vilar, com o acompanhamento do presidente da Empaer e da Asbraer, Nivaldo Magalhães, e do diretor Técnico da Empaer, Jefferson Morais.