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Monitoramento revela perfil de usuários dos serviços da Rede de Saúde Mental na Paraíba

publicado: 11/02/2020 17h38, última modificação: 11/02/2020 17h38

Um monitoramento realizado com 37.423 pessoas atendidas em 124 serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), pela Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Coordenação de Saúde Mental com a colaboração da Residência Multiprofissional em Saúde Mental, da UFPB, revelou, entre outras coisas, o perfil dos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS I, II e III, sendo a maioria formada por mulheres, negras e desempregadas. 

O monitoramento, tem por objetivo auxiliar a Rede na garantia e defesa das políticas públicas conquistadas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira. “A apresentação dos dados e sua análise é uma reivindicação em âmbito nacional, estadual e municipal, para que haja prioridade nos investimentos para ampliação e manutenção da RAPS”, disse a coordenadora estadual de Saúde Mental da SES, Iaciara Mendes.

Durante a coleta de dados, foi observado o uso de substâncias psicotrópicas pelos usuários dos serviços. Do total de 37.423 de pessoas atendidas na RAPS, foram registradas 17.059 (45,58%) que usavam drogas lícitas ou ilícitas. As mais usadas foram tabaco, maconha e álcool. Juntas, somaram 79% da população, sendo o álcool a droga mais usada no período. As demais drogas, a exemplo de crack, cocaína, e inalantes, representaram 21%. 

Outro dado é que os usuários do CAPS eram, majoritariamente, de baixa escolaridade, sendo 36% com ensino fundamental incompleto (13.527) e 18% eram analfabetos (6.810), podendo ser este um dos fatores de baixa adesão dessa população a trabalhos formais, que eram apenas 8%. 

“Estes dados demonstram como as determinantes sociais precisam ser levadas em consideração quando analisamos o sofrimento psíquico de determinada população”, disse Iaciara. 

Quanto à faixa etária, a predominância nos CAPS I é de 31 a 40 anos (22,79%); nos CAPS II e III mais usuários de 41 a 50 anos (27,85% e 25,62%, respectivamente), enquanto que nos CAPS AD/AD III, a maior quantidade de pessoas tinha entre 18 e 30 anos (30,48%). Já no CAPS Infanto-juvenil, a idade que mais predominou foi entre 11 e 14 anos (32,06%).

Para o psicólogo da Coordenação de Saúde Mental e responsável técnico da SES pelo relatório, Lucílvio Silva, a apresentação dos dados confirma que a Paraíba acredita e continua investindo no modelo de atenção e cuidado em Saúde Mental com foco na história, no respeito e participação de cada usuário na RAPS. 

“Tornar acessível o panorama desta Rede nos revela que caminhamos bastante rumo a um tratamento humanizado e digno, mas que temos muito a avançar diante dos desafios da promoção do bem estar biológico, psíquico e social de cada sujeito que cuidamos”, enfatizou.

A Rede tem, atualmente, 68 CAPS I (serviço para 15 mil habitantes); nove CAPS II (70 mil habitantes); 05 CAPS III 24 horas (150 mil); seis CAPS AD para 70 mil habitantes; 09 CAPS AD III 24h (150 mil); 12 CAPS Infantojuvenis (70 mil); 14 Residências Terapêuticas; cinco Consultórios na Rua; quatro Unidades de Acolhimento; 20 leitos de Saúde Mental em Hospital Geral e 65 beneficiários do Programa de Volta Pra Casa (PVC). 

Dos 110 CAPS do estado, apenas um é de responsabilidade da SES, localizado em João Pessoa. Os outros são gerenciados pelos próprios municípios.

O relatório completo do monitoramento de dados está disponível em

https://paraiba.pb.gov.br/diretas/saude/arquivos-1/relatorio-do-monitoramento-da-rede-de-atenacao-psicossocial-na-paraiba-2018-2.pdf