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Jovem socioeducando do CEJ João Pessoa ganha concurso de poesia

publicado: 18/10/2019 18h31, última modificação: 18/10/2019 18h31

Um jovem interno da Unidade Centro Educacional do Jovem (CEJ), de João Pessoa, recebeu prêmio de primeiro lugar em concurso de Poesia, durante Festival organizado pela Rede de Proteção Integral à Criança e Adolescente (Remar) e Rede Interinstitucional de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes da Paraíba (Redexi), em parceria com órgãos do Poder Público e da Sociedade Civil Organizada. Mais três internos, dois do CEJ João Pessoa e um do Centro Educacional do Adolescente (CEA), de Sousa, também foram classificados entre os cinco melhores trabalhos nas categorias de poesia, redação e desenho.

O socioeducando I.K, declarou que teve muita satisfação em receber o prêmio de primeiro lugar na categoria Poesia. Disse que “era mais uma conquista na vida, mais uma chance de vida cumprida e que se tiver espaço fará mais poesias”.

N.A., que ficou entre os cinco melhores trabalhos na categoria Redação, disse que foi gratificante, se sentiu um cidadão e que pensou na sua família ao receber o diploma e o prêmio. “Com esse prêmio me senti hoje como um cidadão comum, como todo mundo. Ninguém olhou pra mim como um ladrão, nem criticou. Foi ótimo, foi o melhor dia! Minha ideia para o futuro é que eu tenha mais dias felizes na vida e que o crime não compensa!”, declarou o jovem interno.

Já o jovem J.C. falou que se sentiu muito importante com a premiação. “Eu me senti muito importante. É muito importante a gente ter uma oportunidade como essa. De estarmos aqui, não só lá dentro. Fico muito agradecido pelo que fizeram por mim. O importante mesmo é tá preparado pra sair dessa daí”, disse ele, que declarou, ainda, gostar de desenhar e pintar.

O presidente da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice Almeida (Fundac), Noaldo Meireles, parabenizou os jovens premiados no concurso e os professores que os tem preparado na Escola Cidadã. “Educar, oferecer oportunidade de crescimento e de visão da sociedade, através das letras, da cultura, para esses jovens é encaminhá-los para o exercício da cidadania digna, com respeito e abrindo novas perspectivas de vida”, destacou Noaldo Meireles.

A diretora técnica da Fundac, Waleska Ramalho, também parabenizou os jovens e falou do significado da premiação: “Esse é o momento onde a gente diz pra sociedade que sempre há possibilidades, onde tem a determinação, onde tem a vontade de fazer, onde tem o acreditar no ser humano, a gente sabe que tem possibilidades. São jovens que estão hoje privados de liberdade por um ato infracional e a perspectiva é de ressignificação desse ato, essa premiação só vem dizer que a ressignificação ela tem sentido e ela possível. São jovens que estão se destacando na poesia, na redação e no desenho. Então, a socioeducação é uma política que nós precisamos investir, acreditar e fazer a diferença em momentos como esse”, disse.

A diretora da Escola Cidadã Integral Almirante Saldanha, Tatiana Pinangé, enfatizou que os professores já vêm trabalhando a redação, os direitos da criança e do adolescente, a poesia, e o cordel com os jovens. “É fruto de um esforço muito grande que os professores vêm fazendo e os socioeducandos se sentem extremamente valorizados. Dizem não acreditar, que não sabia fazer isso, porque muitos nem vida escolar tinham antes de entrar no sistema da socioeducação. Muitos não acreditam quando a gente chega com o resultado. A poesia diz qual é a escola que eles gostariam de ter no futuro. De como eles estão conscientes do que é uma escola boa, porque hoje eles estão tendo acesso a essa escola de qualidade, têm consciência do que é uma escola de qualidade. Você vê o desenho do jovem, um desenho extremamente inclusivo, uma escola inclusiva, para todos. O teor da redação também é dizer aos professores que estejam preparados para lhes ouvir, porque é isso que eles têm acesso hoje, onde eles são os atores principais da escola. Então eles querem que a escola lá fora seja igual a essa”, destacou a diretora.

O secretário executivo da Rede de Proteção Integral à Criança e Adolescente (Remar), Lorenzo Delaini, explicou que o Festival faz parte da programação realizada no mês de outubro, junto com a Redexi e outros parceiros do Poder Público e Sociedade Civil Organizada, dando continuidade às atividades para lembrar os 29 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, que aconteceu em 13 de julho deste ano, quando foi lançada a Campanha “Quem protege Resiste” e que nesse mês da criança foi transformada em campanhas nas escolas e no Festival Resistir Sempre, Desistir Jamais!

“Junto com a Redex, que tem um projeto no mês de outubro, mês da criança, com a ideia de dizer: não é dando presente que se defende a criança, mas o presente é defender seus direitos, sua dignidade, veio a ideia desse festival: Resistir Sempre. Desistir Jamais! Resolvemos fazer esse festival e as outras atividades durante todo o mês de outubro e com a ajuda do Conselho da Criança e do Adolescente de João Pessoa e do Estado, Secretarias de Desenvolvimento Humano (Sedh), entre outros parceiros. Então, várias atividades foram feitas nas escolas, focando a questão da Educação, com concursos de poesia, redação, desenhos e, daí, trabalhamos o direito à Educação, com a pergunta: Que escola queremos?, que foram os temas dos trabalhos apresentados no festival”, observou.

Delaini disse que achou os trabalhos dos socioeducandos muito bons. “Muito bonito que eles participem. A gente luta muito para que o protagonismo juvenil seja mantido vivo também dentro das unidades, assim como nas escolas. Que bom que participaram desse evento! Os adolescentes, quanto mais ligação com outros movimentos, melhor para a sua visão de projeto de vida”, ressaltou ele.

Além dos certificados de ganhadores, os jovens receberam mochilas ofertadas pela Alpargatas e livros da Livraria e editora Paulus, empresas parceiras do Festival.