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Iphaep discute os saberes e fazeres das mulheres negras enquanto patrimônio imaterial
A arte em suas mais variadas vertentes, a culinária e os ensinamentos orais e escritos, expressos através de múltiplos saberes e fazeres que atravessam os séculos. Um patrimônio perpetuado pela mulher negra que foi trazida escravizada para o Brasil e que permanece ainda presente, passando de geração em geração e sendo cultivado através da ação cotidiana de suas descendentes. Um patrimônio imaterial, de importância histórica, sociológica e antropológica, que estará sendo debatido a partir das 14h00 desta quinta-feira, no Auditório do Iphaep – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba, localizado na Avenida João Machado, 348, no Centro de João Pessoa.
O evento Saberes e Fazeres das Mulheres Negras – Patrimônio Imaterial é uma realização do Governo do Estado, por meio do Núcleo de Antropologia Visual do Iphaep, e faz parte das comemorações alusivas ao Dia da Consciência Negra, que ocorreu no último dia 20 de novembro. O debate tem como alvo os alunos das escolas públicas estaduais, mas é aberto à participação de qualquer cidadão/cidadã, que se interesse pelo debate da memória do povo afro.
Para a tarde desta quinta-feira, foram convidados para o debate três historiadoras: Dayse Monteiro, Sabrina Bezerra e Solange Mouzinho. A mediadora será a também historiadora Márcia de Albuquerque, responsável pela CAE - Coordenadoria de História e Ecologia do Iphaep. Na ocasião, serão lembradas a resistência e a resiliência de algumas mulheres, a exemplo da cirandeira pernambucana Lia de Itamaracá, com mais de 90 anos e cuja arte permanece pulsante, sendo reverenciada no Brasil e no exterior. Também será uma tarde para lembrar os saberes e fazeres de Rita Preta, líder das mulheres louceiras do Quilombo do Talhado, que faleceu no último dia 3 de novembro, deixando um imensurável legado à história do povo do lugar.
Ações do Núcleo – O Núcleo de Antropologia Visual do Iphaep busca dar respaldo às pesquisas do Instituto do patrimônio estadual, nas áreas de arquitetura e urbanismo, além de história e etnografia. A ideia surgiu em fevereiro de 2017, tendo como participantes: Carlos Azevedo, Cassandra Figueiredo, Márcia de Albuquerque,Edvaldo Lira e Thamara Duarte. A equipe centrou suas primeiras atividades na área do Centro Histórico de João Pessoa, buscando ler e interpretar as imagens visuais (grafite e pichação). Este trabalho referendou uma publicação: "Carta do Lyceu Paraibano: a responsabilidade dos grafiteiros perante o Sítio Histórico Urbano de João Pessoa".
Já em Tambaú, considerado um dos pontos da boemia pessoense, o trabalho do Núcleo levantou, durante meses, os aspectos culturais e artísticos da região, resultando no lançamento de uma outra plaquete, "Perfil etnográfico do Bairro Tambaú".
Atualmente, contando com outros técnicos do Iphaep, o Núcleo de Antropologia Visual vem se dedicando às pesquisas e estudos referentes às questões sociais e culturais paraibanas. Entre elas, os saberes e fazeres do Mercado Central, cujos trabalhos de campo já foram iniciados. A investigação antropológica junto aos feirantes e consumidores vai resultar em uma nova publicação, que será lançada no primeiro semestre do próximo ano.