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Hospital de Trauma de João Pessoa realiza evento sobre o suicídio com os colaboradores
Dando continuidade ao programa de Educação Continuada do Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, nesta quarta-feira (31), foi realizada uma palestra sobre o suicídio com um olhar mais humanizado. Durante o evento os colaboradores puderam tirar dúvidas e debater o tema que ainda é tabu para sociedade.
Segundo a enfermeira Germana Gonçalves, que é responsável pelo programa, temas como este serão abordados ao logo do ano na instituição. “Percebemos a necessidade de colocar em prática o lado humano da prevenção do suicídio. Ainda é uma temática pesada, pois as pessoas ainda têm muito medo de falar. Abordamos a importância da prevenção e da posvenção, além da atuação da equipe multidisciplinar no atendimento a vítima de suicídio”, ressaltou.
Para a professora Pós-Doc em Ciência da Religião, Iracilda Cavalcante, que falou sobre a prevenção e posvenção do suicídio: “Uma visão holística do ser”, a sociedade tem que ver a pessoa como sujeito integral que precisa olhar além do corpo. “Quero parabenizar o Hospital de Trauma pelo incentivo em tocar no assunto fora da época de campanha. Quando olhamos o sujeito integralmente percebemos com mais clareza a dor do outro, precisamos estar atentos aos sinais. Às vezes, só uma palavra e uma atenção já aliviam a dor. Que possamos ser solidários e acolher a dor do outro”, ressaltou.
Um assunto que não é muito propagado, segundo Iranilda, é a posvenção, que é um trabalho voltado para família que perdeu um ente querido por suicídio. “Essa família provavelmente entrará num grupo de risco, a dor é muito grande por causa do luto e da culpa, esses familiares precisaram ser assistidos e cuidados”, completou.
De acordo com o psiquiatra, Alexandre Oliveira, a palestra foi uma reflexão de um aspecto multidisciplinar da assistência como instituição. “Quando aprendemos a acolher e escutar, fica até mais fácil para o profissional, seja ele enfermeiro, técnico, psicólogos, médicos, fisioterapeutas e etc, atender o paciente, compreendendo os sinais e encaminhando a um tratamento adequado. Temos que aprender a cuidar da saúde mental do nosso familiar e nosso também, quantos funcionários não entram em colapso após sofrer da Síndrome de Burnout, temos que ampliar nossa visão, entendendo que suicídio é um problema de saúde pública”, salientou.
A coordenadora de psicologia, Anne Paiva, idealizadora do projeto ‘Ressignificando Vidas’, disse que o projeto tem dado certo e servirá como modelo para outras unidades que são gerenciadas pela Cruz Vermelha Brasileira. “O projeto que está em andamento resgata o apoio psicológico, atua na intervenção medicamentosa, encaminhando o paciente para um ambulatório até que ele consiga caminhar sozinho”, falou.
O colaborador Rafael Farias, que trabalha no setor administrativo da unidade hospitalar, achou a palestra muito boa. “Nosso olhar é outro após a palestra, qualquer pessoa ao nosso redor pode enfrentar esses problemas. Que possamos estar atentos aos sinais e ajudá-los antes que seja tarde demais”, ressaltou.