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Grupo de Autocuidados em Hanseníase auxilia o tratamento de pacientes no Clementino Fraga

publicado: 02/03/2023 16h45, última modificação: 02/03/2023 16h45
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O preconceito continua sendo um dos maiores desafios para as pessoas que recebem o diagnóstico de hanseníase. Um grande aliado na luta contra o preconceito na Paraíba é o Grupo de Autocuidados do Complexo Hospitalar Clementino Fraga, que nasceu nas conversas das salas de espera dos atendimentos da unidade, quando se observou a necessidade de compartilhar experiências e vivências com mais tempo e num espaço adequado. Para isso, mensalmente, é realizada uma reunião, sempre na primeira quarta-feira de cada mês, às 8h30, no auditório do CHCF.

O Grupo de Autocuidados é integrado por pacientes do CHCF que estão em tratamento e/ou que já foram curados de hanseníase, familiares e profissionais de saúde do hospital. Os encontros agem como forma de apoio, incentivo e troca de experiências. A cada mês um tema é tratado, como assuntos do dia a dia; os cuidados necessários; orientações de como hidratar e observar diariamente se há algum machucado nas mãos e pés; como lidar com o preconceito, além de alimentação saudável; geração de emprego e renda; direitos e deveres; higienização.

Um dos colaboradores mais conhecidos é o sr. José Augusto. Ele teve hanseníase, mas está curado há muito tempo, contudo, não quis se desvincular do projeto de autocuidado e também trabalha na oficina de calçados do hospital, que produz sandálias, palmilhas e adaptações para os pacientes que possuem alguma lesão. Sr. Augusto defende a importância das reuniões mensais: “Uma das coisas que mais prejudica o tratamento é a falta de conhecimento, atrasa e atrapalha, fazendo com que muitas pessoas até abandonem os cuidados. O grupo tem o poder de passar conhecimento, compartilhar e com isso permitir que mais pessoas tenham uma qualidade de vida melhor”, comentou.

O acolhimento, escuta e carinho encontrados nas reuniões proporcionaram um forte elo entre os integrantes e a equipe de saúde que os acompanha. Relembrando alguns episódios a fisioterapeuta Geiza Campos destacou: “Uma das coisas mais emocionantes nestes anos todos foi quando conheci a casa de Givanildo, e vi que tinha um foto do nosso grupo de autocuidados no guarda-roupa deles, foi muito emocionante ter a certeza que havíamos virado uma família”. A visita foi motivada pela ausência de um dos integrantes, seu Givanildo Monteiro que havia deixado de frequentar as reuniões.

Como parte do projeto, há a busca ativa de pacientes, realizada pela assistente social. O grupo foi até o sítio onde seu Givanildo Monteiro vive com sua mulher, dona Dalva de Sousa. Eles vivem juntos há mais de 30 anos e enfrentaram muito preconceito, inclusive de familiares, pois no início do relacionamento seu Givanildo estava com crise de hanseníase. Dona Dalva relembra um pouco desse período difícil: “Na época as pessoas diziam que eu ia pegar a doença, que meu filho ia nascer doente. Nada disso aconteceu, hoje eu tenho meu filho adulto e saudável e temos três netinhas, sempre acreditei que Deus não deixaria nada de mal acontecer”. Dona Dalva e Seu Givanildo venceram o preconceito, estão juntos até hoje, ela não contraiu a doença e ele foi curado.

Tratamento - As portas de entrada para tratamento de hanseníase são nas Unidades de Saúde da Família. Na Paraíba, o Complexo Hospitalar de Doenças Infectocontagiosas Dr. Clementino Fraga é referência estadual no tratamento de Hanseníase, com a oferta de atendimentos de dermatologia, neurologia, fisioterapia, realização de curativos, e pequenas cirurgias – como raspagens, além de sapatos confeccionados de forma individualizada para atender às necessidades da lesão ou sequela de cada paciente.