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Governo e parceiros realizam capacitação para intérpretes da língua indígena Warao
O Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (Sedh), e o Centro Estadual de Referência de Migrantes e Refugiados (Cermir), em parceria com a Agência da ONU para refugiados (Acnur Brasil), a Cátedra Sérgio Vieira de Melo UFPB e UNB/UFPB Mobilang, estão realizando esta semana, no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da Universidade Federal ad Paraíba (UFPB), uma capacitação para intérpretes da língua indígena Warao.
Vinte e duas lideranças indígenas, entre homens e mulheres, estão sendo capacitadas para mediar a comunicação com o povo Warao, facilitando o acesso dele aos serviços de saúde, educação, assistência social, etc.
A técnica da Gerência de Direitos Humanos da Sedh, Marianna de Queiroz Araújo, disse que a maioria dos Warao vai até o serviço público de forma voluntária, sem ajuda de intérprete e que “atualmente só temos intérpretes no Cermir, sendo muita demanda para eles atenderem”.
A assistente sênior de proteção da Acnur Brasil, Lyvia Barbosa, explicou que o objetivo da capacitação é justamente aprimorar as lideranças indígenas nessa técnica da tradução, aproximando os dois mundos: entre os serviços públicos do Brasil e a população Warao. “É uma população que não fala o Português, e sim apenas o Warao. Então esses poucos que fazem essa tradução entre os mundos (porque não é só a tradução da língua), vão traduzir ali para o serviço de saúde, da assistência social, da educação”.
A formação inclui a parte teórica, mas também atividades práticas, com a simulação de situações em que as lideranças possam intermediar. A capacitação é feita por professores de renome, a exemplo da professora de Interpretação Comunitária e Forense Jaqueline Neves Nordin, doutoranda do Departamento de Estudos da Tradução com ênfase no Multilinguismo, da Universidade de Estocolmo, que veio da Suécia para a UNB e UFSC e é colaboradora do Projeto Mobilang.
“Essa capacitação vai auxiliar os parentes, como eles falam, da etnia Warao, a se comunicar nas instituições públicas, quer seja um hospital, ou um posto de saúde... E a gente não vai se limitar só a isso... Vamos também estudar um pouquinho da área do Serviço Social e da Saúde”, destacou a professora Jaqueline.
Rosenda de Vale Gimenez, que é cacica dos Warao residentes no abrigo do bairro de Jaguaribe, disse que o curso vai melhorar a vida do povo Warao. “A maioria não entende português, principalmente as mães que sofrem mais, porque não sabem explicar quando o bebê está doente, com febre”, contou.