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Fundac inicia atividades da campanha Setembro Amarelo
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio (10 de setembro), na Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (Fundac), foi marcado pelo início das atividades de debate e formação multiprofissional sobre os processos desafiadores para cuidar e manter as condições saudáveis de saúde mental dos que fazem o Sistema Socioeducativo do Estado.
A campanha do Setembro Amarelo 2021, intitulada “Somos Mais Você: Intervenções para a vida” é um projeto da diretoria técnica da Fundac, através do eixo Saúde Mental, que busca a valorização da vida e cuidados em saúde mental a partir de atividades presenciais e virtuais para todos os servidores, socioeducandos de todas as Unidades Socioeducativas do Estado e seus familiares, pela ação integrada de todos os eixos, coordenações e diretorias técnicas da Fundação.
Na Fundac, a abertura da programação do Setembro Amarelo, aconteceu na manhã da última sexta-feira (10), com a palestra “Promoção de Saúde Mental: Sinais de alerta, prevenção e busca de tratamento” ministrada por Thayane Pereira da Silva Ferreira (terapeuta ocupacional) e Gênesis Meireles Galvão (psicólogo especialista em saúde mental e dependência química), representantes do Centro de Atenção Psicossocial III (CAPS), da Secretaria Estadual de Saúde (SES/PB).
A palestra promoveu um encontro virtual entre trabalhadores do serviço de saúde mental da alta complexidade e equipes do sistema de socioeducação, no intuito da promoção de abordagens quanto às dinâmicas de trabalho e a promoção de saúde mental na garantia da integralidade em saúde para todos os adolescentes e jovens no cumprimento de medida.
“Nossa proposta é levantar discussões acerca da prevenção ao suicídio e propor ações efetivas que possam colaborar no cotidiano do atendimento socioeducativo, na superação de situações que possam contribuir para evitar tentativas de suicídios, ou ainda, identificar elementos que permitam uma intervenção no momento certo”, explicou Luciana Gomes, diretora técnica da Fundac.
De acordo com a psicóloga Suzany Silva, coordenadora do eixo Saúde Mental da Fundac, a abordagem dos processos em saúde mental a partir da campanha do Setembro Amarelo no Sistema Socioeducativo, segue no sentido da contribuição para os cuidados integrais em saúde, uma vez que esses cuidados se dão para além da ausência de doenças, medicalização e assistência médica.
“O cuidado integral, sugere desde o papel informativo sobre situações que desencadeiam acompanhamentos relacionados aos comportamentos que destacam adoecimentos na saúde emocional que podem ser frutos das situações como os ciclos de violências que disparam sofrimentos, vivências nas vulnerabilidades sociais, e o uso abusivo de substâncias psicoativas, dentre outros aspectos relacionados à restrição de liberdade que devem ser considerados”, pontuou a coordenadora do eixo Saúde Mental.
“Também foi observado nas falas das coordenações e diretorias técnicas das unidades socioeducativas, o cuidado com a saúde do trabalhador, assim como as situações que propiciam adoecimentos e agravamentos na saúde física e emocional, diante do segundo ano de pandemia da covid-19, além das condições de agravamentos e crises sociais onde se faz necessário esse esforço, numa agenda prolongada de abordagem na temática em saúde mental, considerando a importância de criar estratégias de apoio voltadas às diferentes reações que podem surgir neste momento, tanto no âmbito pessoal como profissional”, enfatizou Suzany.
Lar do Garoto - Em Lagoa Seca, a Escola Cidadã Integral Técnica Francisca Martiniano da Rocha - Anexo Lar do Garoto, promoveu atividades com os adolescentes em cumprimento de medida em alusão ao Setembro Amarelo. Os socioeducandos assistiram audiovisual sobre suicídio, participaram de palestra e atividade lúdica para estimular o pensar dos internos sobre “motivos para viver”.
Segundo o coordenador pedagógico da unidade socioeducativa, Estanley Pires Ribeiro, durante a semana os estudantes, depois de assistirem o audiovisual, participaram de atividades voltadas às discussões de combate ao suicídio e de valorização da vida, bem como interagiram nas palestras promovidas pelos voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV) e com psicólogos convidados que tratavam de temas que valorizavam a vida.
“Estamos passando por etapa em que a sociedade apresenta, cada vez mais, sinais de adoecimento mental em larga escala, principalmente na faixa etária em que se encontram os nossos estudantes. Pensando nisso, a semana do Setembro Amarelo representa uma oportunidade de esclarecimentos”, afirmou Estanley.
O coordenador de Educação, Rafael Honorato, acredita que "a Escola precisa ser esse espaço plural de discussão e servir como eixo transversal para que possamos trabalhar os vários temas". Para ele, neste Setembro Amarelo, não só pela sua importância, mas pela delicadeza do tema, que é o suicídio, a Escola se apresenta como um espaço onde esses meninos apresentam vários sintomas que aparecem antes de situações limites como essa.
Segundo Rafael, é a escola que precisa fomentar também essa discussão a partir dos vários olhares. “Aí estamos falando da questão da educação e saúde, que a escola também é obrigada e precisa promover e que consta na Lei de Diretrizes de Base. Na socioeducação temos tido uma experiência muito rica com esses temas transversais”, informou.
Ainda segundo o coordenador de Educação, o que tem chamado a atenção é a interação e a reflexão que isso tem provocado entre os próprios socioeducandos. “Muitas vezes conseguimos identificar suas situações limites e as situações limites dos outros. Eles são um pouco fiscal um do outro. Ver um colega que possa estar apresentando algum sintoma e possa alertar pessoas que possam ajudar é importante”, comentou Rafael.