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Fundac comemora 200ª exibição do Cine Transformar com sessão para socioeducandos

publicado: 13/05/2021 10h37, última modificação: 13/05/2021 10h37
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O Cine Clube Transformar chega à ducentésima exibição e o eixo Cultura, Esporte e Lazer da Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente Alice de Almeida (Fundac) comemorou esse marco com uma sessão especial para adolescentes que cumprem medidas judiciais, no Centro Socioeducativo Edson Mota, em João Pessoa. A sessão aconteceu, nesta quarta-feira (12), com a exibição do curta-metragem paraibano Faixa de Gaza e contou com a presença do diretor Lúcio César Fernandes e do ator Paulo Phillipe.

Segundo Nilton Santos, coordenador do eixo Esporte, Cultura e Lazer da Fundac, chegar à exibição de número 200 é um grande marco para um projeto que tem como objetivo a apreciação de filmes que estão fora do circuito comercial. “O Cine Transformar busca valorizar o cinema paraibano ofertando produções premiadas ao público socioeducativo, possibilitando assim, a formação de novas plateias e reconhecimento da arte paraibana”, explicou.

Durante a abertura da atividade, a presidente da Fundac, Waleska Ramalho, agradeceu a toda equipe envolvida no Projeto e falou sobre a contribuição que o Cine Transformar proporciona com exibição de filmes, debates e produção textual que vêm transformando o comportamento dos socioeducandos, provocando uma formação intelectual que estimula o pensamento a partir do que lhes é apresentado.

Orlando Macena Júnior, jornalista, cineclubista e idealizador do Projeto, acredita que chegar à sessão 200 do Cine Transformar numa época em que nosso cinema está parado é um feito fantástico. “O Cine veio mostrar que o cinema é uma ferramenta pedagógica extremamente eficaz, basta apenas escolher os filmes acertos”, pontuou.

A exibição do curta “Faixa de Gaza” no Cine transformar foi muito importante por trazer uma realidade do que acontece nas periferias dos grandes centros do país, as mesmas em que a grande maioria dos socioeducandos estão inseridos. Através de projetos assim, podemos fomentar uma discussão em torno da nossa sociedade e, a partir da discussão, apontar um caminho de reflexão e solução para as problemáticas que vivenciamos”, avaliou o diretor do curta, Lúcio César Fernandes.

O ator Paulo Phillipe ficou surpreso e feliz de ver o Cine Transformar chegar a sua 200ª exibição por se tratar de um marco expressivo tanto em João Pessoa quanto na Paraíba. “O Cine Clube por si só é um ato de resistência. O cinema paraibano precisa de mais janelas de exibição assim como o Cine Transformar, que tragam discussões políticas, sociais e culturais através da arte e do cinema. Vida longa ao projeto!”, acrescentou Paulo.

“A participação dos meninos foi muito boa, eles questionaram os debatedores sobre todos os aspectos e a função do Cine é exatamente essa. A intenção do Projeto é provocar nos meninos o questionamento e a necessidade de buscar mudanças para a melhoria de uma realidade. Estou extremamente feliz com os objetivos alcançados”, comentou Orlando Macena.

“Vamos sair daqui sabendo que aprendemos coisas novas, com um pensamento diferente e uma visão que a gente não tinha. Gostaria de parabenizar todo mundo e que vocês sempre continuem se esforçando e acreditando na gente. Eu agradeço bastante ao professor Orlando por tudo o que tem feito e ensinado a nós”, disse um socioeducando.

Faixa de Gaza - O curta metragem se destacou no cinema paraibano pelo questionamento quanto a realidade sociológica das periferias brasileiras e pela direção potente de Lúcio César Fernandes, ganhador do prêmio de melhor direção de curta-metragem. O filme tem como pano de fundo a rivalidade entre gangues, a narrativa contraria a linearidade de causas e efeitos, nos conduzindo através da ótica de três personagens arquetípicas, representando sujeitos muitas vezes invisíveis dos centros urbanos.

O filme é bastante interessante na maneira como constrói um ambiente conflituoso, não apenas pelo estilo do diretor e pela forma como retrata este microcosmo para nos projetar a um panorama brasileiro mais amplo, mas também pela ambientação sonora cuidadosa, que rendeu o prêmio de melhor som a Diogo Rocha. Destaca-se também a interpretação de Paulo Phillipe, que se sagrou vencedor do prêmio de melhor ator ao interpretar Mago, o chefe de uma das gangues.