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Ecoprodutivo contribui para o fortalecimento da agricultura familiar na Paraíba
O Projeto Ecoprodutivo, lançado em 2015, é uma iniciativa piloto do Governo do Estado executado pela Gestão Unificada (Emepa, Emater/Interpa), vinculada à Secretaria do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca, que busca o desenvolvimento rural sustentável, com base na exploração agrícola respeitando a capacidade de suporte do sistema ambiental, estando intimamente ligada ao conhecimento tradicional e comunitário da comunidade. Beneficia, atualmente, 668 famílias e indiretamente 3.340 pessoas.
São seis comunidades trabalhadas, Quilombolas Senhor do Bonfim, no município de Areia; Assentamento Alagamar, em Salgado de São Felix; Oziel Pereira, em Remígio; Bartolomeu I, em Bonito de Santa Fé; Quilombola da Pitombeira, no município de Várzea, no Sertão; e Comunidade Mato Grosso, em Picuí.
O Ecoprodutivo se constituiu num modelo de gestão compartilhada entre a extensão rural e os integrantes das comunidades, tais como Prefeitura municipal, representantes de associações comunitárias rurais e Conselhos Municipais de Desenvolvimentos Rurais Sustentáveis (CMDRs), além de órgãos parceiros envolvidos no projeto.
“A proposta é difundir um modelo de exploração sustentável para as comunidades rurais no estado. O projeto contribui para o desenvolvimento econômico e social, dando ênfase ao fortalecimento do agronegócio, a preservação das nascentes, matas ciliares e formação de agentes multiplicadores dessas ações”, comentou o presidente da GU, Nivaldo Magalhães.
Os destaques – Mesmo que os demais tenham avançado com resultados satisfatórios, as comunidades quilombolas Senhor do Bonfim, município de Areia, e de Pitombeira, município de Várzea, e Alagamar, em Salgado de São Felix, foram as que mais sobressaíram nas ações.
O Quilombola Senhor do Bonfim recebeu um dos projetos piloto, nos quais são desenvolvidas ações para impulsionar a agricultura familiar no estado. “Trata-se de uma referência em agricultura familiar como a primeira comunidade remanescente de quilombo da Paraíba a ter sua área destinada ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pela Justiça e a primeira do estado a receber o decreto presidencial de desapropriação por interesse social, assinado em 2009”, lembrou Nivaldo.
Todas as comunidades contempladas com o Ecoprodutivo tiveram como base o Diagnóstico Rural Participativo (DRP), aplicado na comunidade com a participação da equipe técnica da Gestão Unificada, da prefeitura, de pesquisadores e extensionistas de órgãos parceiros. Dessa forma, todas as ações desenvolvidas foram definidas pelas próprias comunidades.
No Senhor do Bonfim, por exemplo, houve capacitação, plantio de mudas frutíferas e florestais, ampliação da rede elétrica, a certificação orgânica para seus produtos agrícolas, ações de infraestrutura, implantação de três Unidades Técnicas de Referência de Uva da cultivar precoce, e também a distribuição de 5.840 alevinos. Vinte e oito agricultores receberam a declaração de Cadastro de Produtor vinculado à Organização de Controle Social, para integração no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos.
Também houve na comunidade capacitação em Agroecologia, educação ambiental/resíduos sólidos com coleta seletiva. Aconteceram discussões sobre segurança alimentar, processamento de frutas, associativismo, manejo de caprino, ovino, bovino, banco de semente crioula, educação ambiental, instalação de quintais produtivos, gestão em associativismo e turismo rural. Por solicitação dos jovens, foi instalada uma biblioteca virtual. A coordenadora do Ecoprodutivo, Ivonete Menino, lembrou que, visando o bem estar social na comunidade, foram ministrados, também, cursos sobre motivação pessoal e combate às drogas.
Apicultura e avicultura também foram incentivadas. As famílias ganharam um apiário e 18 kits para incentivo a avicultura. Os agricultores foram capacitados para desenvolver as duas atividades, sendo em seguida contemplados com equipamentos e material para construção de aviários e apiários com recursos oriundos do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep).
Venda direta – O grupo de agricultores da comunidade Bonfim faz a entrega direta, semanalmente, de cestas para famílias cadastradas junto ao Coletivo Gaia Paraíba, em João Pessoa. Este grupo se integrou ao projeto voluntariamente, criando uma rede de fortalecimento da agricultura familiar, a fim de contribuir com a comercialização por parte dos agricultores e atender o desejo deles, enquanto consumidores têm à mesa alimentos saudáveis.
Já na comunidade Quilombola de Pitombeira, diversas ações foram executadas junto com parceiros, sendo distribuídas 3.600 raquetes de palma forrageira para multiplicação dos campos e formação de bancos de proteína animal, mudas frutíferas e de essências florestais, construída uma barragem subterrânea e entregues dois kits de energia fotovoltaica, além de uma biblioteca virtual. Atualmente a comunidade comercializa com galinha de postura 5.200 ovos e 180 frangos mensais. Entra também na complementação de renda das famílias a atividade apícola. As colmeias foram instaladas em 2017, entregando a cada participante do curso de apicultura cinco colmeias, 10 melgueiras e EPIs completo. Sendo implantados dois apiários modelos em cada comunidade. As primeiras coletas de mel sendo retirados 200 quilos, mas a previsão é de chegar a 600 quilos de mel em 2019.
No Assentamento Alagamar a atividade apícola encontra-se bastante estruturada com um total de 170 colmeias, obtendo-se uma produção média de 10 toneladas de mel, conforme relata o técnico da Emater local, José Wilson, com possibilidade de se obter maiores produções em função do inverno e floradas.
Segundo o presidente da Gestão Unificada Nivaldo Magalhães, o Projeto Ecoprodutivo está estimulando novas atividades e opções de renda e valorizando as potencialidades locais destas comunidades, inclusive no segmento da ovinocaprinocultura. Para Alagamar foram repassados ovinos da raça Dorper 3/4, sendo dois machos e duas fêmeas. Estes ovinos têm como principal característica excepcional adaptabilidade, robustez e excelentes taxas de reprodução e crescimento (em média 36 kg de peso vivo entre 3-4 meses de idade). Como resultados, entre 2017 e 2018, nasceram 50 ovinos dos quais 14 foram machos e 26 foram fêmeas. Os animais são cedidos para o cobrimento de matrizes, expandido e melhorando o rebanho na comunidade. Os técnicos e pesquisadores da Gestão Unificada assistem aos produtores e acompanharem os animais quanto ao manejo sanitário e alimentar.
“Enfatiza-se que essas comunidades, que antes praticavam só a agricultura de subsistência, encontrando-se novos nichos de mercado que com certeza contribuirão em atividades de ocupação de mão de obra permanentes na família, com expressivo aumento da renda”, comentou Ivonete Menino. Lembrou que são beneficiadas diretamente nessas três comunidades 443 famílias.