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Democracia é tema da abertura do 2º ciclo de debates da Fundação Casa de José Américo
Vivemos mesmo numa democracia? Com essa pergunta, título do primeiro encontro do 2º Ciclo de Debates Diálogos Presentes, a Fundação Casa de José Américo (FCJA) deu início ao evento virtual “Democracia? Responsabilidade Política e Cidadania Consciente”, que acontece até o fim deste mês. O encontro aconteceu na plataforma virtual da instituição no YouTube, na manhã desta terça-feira (8), com as participações do professor José Henrique Artigas e do advogado Alexandre Guedes, mediados pela historiadora Ana Paula Brito, coordenadora do projeto de criação do Memorial da Democracia da Paraíba.
Redemocratização, democracia nos dias atuais e fragilidades da democracia foram os pontos de discussão levantados pelos participantes do evento. O professor José Artigas, que é doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo e professor da Universidade Federal da Paraíba, traçou o trajeto da democracia no Brasil a partir do Golpe de 1964, situando-o em três períodos: a redemocratização pós-ditadura, a democratização depois da promulgação da Constituição Federal e a “desdemocratização” vivenciada desde o golpe parlamentar de 2016.
Sobre a pergunta que foi tema desse encontro, ele disse que o Brasil nunca teve democracia plena. “Temos uma democracia procedimental, mas jamais vivemos um estado democrático de direito, com soberania popular, democracia representativa e participativa, Estado Constitucional e um sistema de garantia dos direitos humanos. Hoje, vivemos um estado de exceção”, ressaltou. Segundo ele, o mundo inteiro está passando por retrocessos democráticos, mas, no Brasil, por sua profunda desigualdade social e pelas rupturas em seus processos democráticos, esse retrocesso está resvalando em um regime autoritário que flerta com o fascismo.
O advogado Alexandre Guedes, que também é filósofo e coordena a Fundação de Defesa dos Direitos Humanos Margarida Maria Alves, corroborou a fala do professor Artigas e acrescentou que o Brasil não reconhece a luta de classes que o paralisa. “Quem não sabe quem são os seus inimigos, não consegue distinguir os seus heróis” disse.
De acordo com ele, os militares, as oligarquias, os banqueiros, a indústria cultural alienante, o poder judiciário e o sistema financeiro internacional fragilizam a democracia brasileira. “Precisamos nos perguntar: que tipo de democracia queremos? Que justiça, que polícia? Vivemos a maior crise social, ambiental e sanitária de nossa história, mas somos um povo facilmente manipulável, por ter sido colocado à margem das decisões importantes para o país”, arrematou.
O encontro desta terça contou ainda com uma participação da atriz Zezita Matos, que fez a leitura de um artigo sobre a democracia, e da militante Lourdes Meira, que contou um pouco sobre a dolorosa experiência que vivenciou ao lutar por democracia quando o país vivia sob a ditadura militar. O segundo encontro, no dia 15, debaterá a democratização da mídia. A inscrição para o evento virtual ainda pode ser feita pelo link: https://bityli.com/UQy9A.