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Cine Transformar: projeto da Fundac completa dois anos e muda cotidiano dos socioeducandos

publicado: 10/12/2021 15h53, última modificação: 10/12/2021 15h53
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A Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente ‘Alice de Almeida’ (Fundac) comemorou, nesta sexta-feira (10), os dois anos do Cine Transformar, projeto implantado por meio da Diretoria Técnica (eixo Esporte, Cultura e Lazer) em todas as unidades socioeducativas, que tem mudado o cotidiano dos socioeducandos. Na ocasião, socioeducandos e cineastas que fizeram um curta sobre o programa receberam certificados e técnicos foram homenageados como “Amigos do Cine Transformar”. A solenidade aconteceu no auditório da Fundação.

Nesses dois anos, o projeto Cine Transformar já exibiu mais de 50 filmes, entre curtas e longas. As exibições são seguidas de debates que têm levado os socioeducandos à reflexão. Entre os curtas que os adolescentes pediram para assistir mais de uma vez estão ‘O Farol’, ‘Lealdade a Prova’, ‘O outro par’, ‘Luiza’, ‘Uma história de futebol’ e ‘Faixa de Gaza’. Entre os longas eles gostaram muito do ‘Até o último homem’, ‘Besouro’, ‘A gang está em campo’ e ‘M 8 Quando a morte socorre a Vida’. Eles já assistiram filmes da Índia, do Japão, da Coreia do Sul, da França, da Itália, da Paraíba e do Brasil. 

A presidente da Fundac, Waleska Ramalho, disse que os dois anos do Cine Transformar refletem a dedicação, o compromisso e a vontade de trazer uma proposta pedagógica e educativa que transforme projetos de vida dos adolescentes e jovens. “É um projeto que ultrapassa barreiras e que atinge toda comunidade socioeducativa no compromisso de levar a cultura através do cinema”. Waleska parabenizou o setor de Esporte, Cultura e Lazer, todos os colaboradores da Ditec, direção de unidades, coordenação técnica, equipes técnicas, agentes socioeducativos e a rede externa pelo apoio e contribuições.

A diretora técnica da Fundac, Débora Raquel, destacou a importância do cinema para os adolescentes e jovens atendidos em cumprimento de medida socioeducativa nas unidades da Fundac, os quais vêm de uma realidade de negação de direitos, entre eles, a ausência de acesso a políticas de esportes, cultura e lazer. “Temos enfrentado essa realidade através do Cine Transformar como uma estratégia para fomentar o protagonista juvenil. É através do cine que buscamos a transformação pedagógica desses adolescentes”, enfatizou.

O autor do projeto, Nilton Santos, disse que o Cine Transformar tem possibilitado aos adolescentes a vivência  estética e didática de conteúdos que podem inspirar a produção de novos discursos e práticas sociais. “É nítido como os socioeducandos se incorporaram do aprendizado do cinema para suas vidas, fazendo valer o nome do projeto transformar.  É uma imensa felicidade comemorar os dois anos do projeto  tendo a participação dos socioeducandos que foram destaques no ano de 2021”, declarou.

Orlando Junior, jornalista e oficineiro à frente do projeto, disse que nesses dois anos do Cine Transformar tem vivenciado histórias concretas de como o cinema, e o audiovisual de uma forma geral tem contribuído para mudanças do socioeducando. “A partir do momento que ele adquire confiança em si e reconhece seu lugar na sociedade (e o cine dá ferramentas para que isso aconteça), o adolescente percebe que pode sim melhorar e recomeçar uma nova vida.”

Segundo Orlando, o Cine Transformar ensina a questionar de forma respeitosa e só isso já vale a pena. “Sem contar que tem auxiliado também nas atividades dos outros eixos da Fundac, o que mostra sua multidisciplinaridade. É o cinema sendo utilizado como ferramenta educativa e inclusiva”, pontuou. Isso foi comprovado durante o debate com a diretora do curta ‘Cine Transformar’, Mercicleide Ramos, e os adolescentes. Na ocasião, ela relatou a experiência de como construiu o curta ‘Cine Transformar’. 

Para Mercicleide, ao analisar o contexto, entendeu que precisava fazer um filme leve e que tivesse sentimento e conseguiu passar a ideia. “Nós ouvimos pessoas, entre diretores de unidades, socioeducandos, coordenador de eixo e presidente e ex-presidente da instituição para que falassem sobre a importância do projeto e da sua missão de transformar. “Então contamos essa história através do cinema, entendemos nas falas o sentido de transformar, de respeitar o outro, ter empatia pelo outro, olhar e acreditar na transformação do outro. Então o projeto honra o nome”, afirmou.

C.R., do Centro Socioeducativo Edson Mota (CSE), por exemplo, foi tocado pelo projeto. “O Cine Transformar transforma sim”, disse com toda a convicção e elogiou Orlando Junior ressaltando que ele, durante as sessões, sabe o quanto é importante e essencial esse projeto na vida deles. “Ele ensina, explica o que é o filme, o que é a transformação de vida, fala com propriedade, compartilhando o que sente”, disse ressaltando que “o cine transforma vidas para um novo projeto de vida fora daqui. Aprendi o que é um curta e um filme longa. Mudei minha forma de pensar”.

O socioeducando pós medida J.M. afirmou que o cinema transforma. “A gente pega um aprendizado na vida. Durante as sessões do Cine Transformar, Orlando conversa, dialoga, tenta frisar a mensagem, o que tem de melhor no filme, então o Cine Transformar transforma vidas, mentes e me transformou”, disse, ressaltando que “é sempre bom a gente pegar algo que valoriza a nossa vida”. E A.A. comentou que aprendeu a respeitar o ponto de vista do outro.

Premiações - A manhã solene também contou com algumas homenagens. Waleska Ramalho, Celyane Sousa, Taíza Gomes, Luciana Brito, foram lembradas como ‘Amigos do Cine Transformar’. E para receber o mesmo título, os socioeducandos escolheram, por meio de uma consulta, a professora Fátima Pereira (Rede/UFPB), Nilson Sabino (coordenador de Transportes), Simone Lira (agente do Centro Socioeducativo Edson Mota-CSE), Renata Brito (psicóloga do Serviço Pós Medida Ditec) e Reginaldo de Oliveira Dias (motorista da Ditec). 

Os socioeducandos receberam certificados e os cineastas Mercicleide Ramos e Lúcio César e a artista Lenina Carneiro receberam um certificado e uma peça em origami, produzida por socioeducandos durante concurso promovido pela Fundac, em agradecimento às suas participações na comissão julgadora.