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Cine Transformar chega à sessão de número 300 com exibição de filme para socioeducandos da Semiliberdade

publicado: 10/03/2022 18h22, última modificação: 10/03/2022 18h23
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A Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente ‘Alice de Almeida (Fundac) celebrou a sessão de cinema de número 300 entre exibição de curtas e longas, nos últimos três anos, nas unidades socioeducativas no Estado, por meio do projeto Cine Transformar.  Nesse período, foram exibidos 38 longas metragens e 148 curtas. A sessão de número 300 foi exibida na manhã desta quinta-feira (10), no auditório 1, no Espaço Cultural, para 13 socioeducandos da Semiliberdade, convidados, agentes e servidores.

A primeira sessão do Cine Transformar aconteceu no dia 12 de novembro de 2019 na unidade feminina Rita Gadelha, na capital. Entre os filmes que mais marcaram os jovens e adolescentes nesses três anos e que eles comentam mais estão ‘A Gang está em Campo’, ‘O Farol’, ‘M8 Quando a Morte Socorre a Vida’, ‘Alice Júnior’ e ‘Luíza’. Foram 101 sessões no Centro Socioeducativo Edson Mota (CSE), 91 no CEA/JP, 48 na unidade feminina Rita Gadelha, 27 sessões na Semiliberdade, 24 no Centro Educacional do Jovem (CEJ), cinco no Complexo Lar do Garoto e Internação Provisória (Lagoa Seca), duas no CEA/Sousa e uma na Sede da Fundac.

O coordenador de Esporte e Lazer da Fundac e criador do projeto, Nilton Santos, disse que a ideia do Cine Transformar surgiu a partir de leituras e estudos sobre o papel dos cines-clubes no processo de formação educacional e popular e como esse instrumento se coloca como um espaço privilegiado de debate, ou seja, o filme como elemento de inspiração para o debate. “Foi pensando nesta perspectiva que resolvemos experimentar o uso do cinema na socioeducação e averiguar a sua capacidade de estimular novos discursos”, explicou.

Nilton disse que, primeiramente, pensou em oferecer uma atividade de lazer e cultura e que pudesse, ao mesmo tempo, trazer uma mensagem positiva de mudança de vida. “Ao conversar com os socioeducandos, percebemos que eles gostavam muito de assistir filmes e dessa forma pensamos em trazer produções desconhecidas do circuito comercial do cinema e convidar os adolescentes a assistir filmes diferentes de forma a construir pensamentos diferentes, e isto tem dado muito certo”, comentou.

O jornalista Orlando Junior, executor do projeto na prática, informou que aprendeu muito com o cine, pois não é apenas exibição de filmes, existem atividades musicais, atividades de texto, de escrita e existe a conversa. “Por diversas vezes os meninos vêm conversar comigo sobre suas vidas, seus erros, pedem conselhos e eu fico feliz pela confiança”, declarou.

M. R. (16) disse que hoje se vê uma pessoa muito diferente da que era antes da internação: “Sinto que mudei demais, sou outra pessoa”.   Ele lembrou que durante as sessões do Cine Transformar teve um filme que mexeu muito com ele. “O Farol” marcou a minha vida. Foi inesquecível”, disse lembrando que conta a história da relação de um pai com o filho igual a ele e seu pai. “Foi como se aquele filme tivesse sido feito pra mim”, disse, ressaltando que “o Cine mudou demais a minha vida”.

K.R. disse que o Cine Transformar, como diz o nome, significa a transformação. “Ele mostra a educação, a transformação de pessoas que querem inovar seus pensamentos e não conseguem expressar isso”, comentou,  justificando que “o projeto consegue mostrar isso, de certa forma, apontando para um cotidiano melhor pra nossa vida e uma inspiração pra que a gente não volte a fazer coisa errada em nosso caminho”.

A diretora técnica da Fundac, Débora Raquel, disse que, por meio do Cine Transformar, do cinema, consegue despertar nesses adolescentes e jovens um ‘novo olhar’ sobre a vida. “Observamos isso nas discussões que se seguem após exibição da película”, pontuou, argumentando que eles começam a ver o mundo através de outra ótica. 

“Considero que o Cine Transformar estimula exatamente esse olhar para novas oportunidades e que eles não vejam a vida lá fora só com um único objetivo. Mas que seja despertado neles outras possibilidades e o cine instiga isso, o protagonismo juvenil”, comentou. Ela observa que após as sessões de cinema, quando há o debate, é uma maneira de instigar todas as possibilidades “que a gente traz para vida real deles e isso faz com que fortaleça seu protagonismo”. Para a diretora, essa sessão de número 300 concretiza esse projeto e mostra a importância da arte para transformar a vida. “Então estamos usando a arte do cinema como uma transformação e através dessa transformação é que eles procurem novas estratégias pra que cresçam na vida”.

Para o diretor da Semiliberdade, Davi Lira, o projeto Cine Transformar é muito importante pelo fato de proporcionar a reflexão do adolescente e jovem que participa. “É um momento em que o filme que é passado, após exibição, é discutido, fato que possibilita estimular no jovem o senso crítico, tentando trabalhar com ele a responsabilidade do ser em sociedade”, comentou.

Davi considera essa uma oportunidade a mais dada pela Fundac, que “acerta muito quando traz essas atividades para nós nas unidades socioeducativas, porque é o meio que nós temos para trabalhar a consciência deles”. E parabenizou todos os envolvidos nessas ações.

Prestigiaram a sessão solene do Cine Transformar representante da CEDCA (conselheiro Edcarlos), Fatima Pereira (UFPB/Direitos Humanos), Renata Brito(Pós Medida), Taiza Gomes (eixo Família), Sheila Mileni (Saúde Mental), Débora Malacar (médica/Fundac), Andreina Gama (eixo Diversidade), Marcondes José (vice-diretor da Semilberdae), Lindemberg Brito (Associação de Moradores do Castelo Branco), Rayssa Katrinny (pedagoga), Mara Fonseca (assistente social) e Mikaella Barreto (psicóloga), todas da Semilberdade, Solange Gualberto, Edson Barbosa (Ditec), além de agentes socioeducativos.