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Caso Maria do Céu: Acusado de atear fogo e matar a ex-mulher vai a julgamento nesta quinta-feira

publicado: 21/03/2018 00h00, última modificação: 22/05/2019 12h15

Grupos de mulheres da Associação de Louceiras Negras do Quilombo do Talhado, profissionais da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana e do Centro Estadual de Referência da Mulher Fátima Lopes mobilizam a população para o julgamento de Edmilson Souza da Costa, réu do caso Maria do Céu, presidente da Associação das Louceiras Negras da Serra do Talhado, nesta quinta-feira (22), 8h, no Fórum Miguel Sátiro, em Patos. Maria do Céu foi morta por Edmilson dentro de casa, na frente dos filhos em 2013. Ela sofreu queimaduras e não resistiu ao ataque.

“Continuamos com o trabalho de enfrentamento à violência agora mais do que antes. Toda a família passou pelo processo de superação e a irmã de Céu, Gileide Ferreira assumiu a associação. O julgamento demorou muito e isso deixou muita angústia na família. Estou nisso desde o reconhecimento do corpo até o sepultamento. Hoje nada mais me abala e apenas espero que ele pegue a pena máxima”, afirma Maria Janaína Santos, sobrinha de Maria do Céu.

A mobilização para o julgamento vai reunir, além das louceiras negras, várias entidades da região, como a Diocese de Patos. A Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana acompanha o caso desde o assassinato junto à família da vítima, ao lado do Centro de Referência da Mulher de Santa Luzia. O Governo do Estado prestou assistência jurídica e psicológica por meio do Centro de Referência da Mulher Fátima Lopes, que funciona em Campina Grande.

Segundo a secretária da Mulher e da Diversidade Humana, Gilberta Soares, esse é mais um grave caso de violência doméstica contra mulheres na Paraíba que será julgado após acompanhamento da SEMDH junto com a família e o grupo de mulheres louceiras. “Estamos nos mobilizando e chamando a sociedade para acompanhar o julgamento de Edmilson Souza da Costa. Maria do Céu era uma liderança valorosa, uma mulher generosa, grande de alma, mente e coração. Não media esforços para defender o povo quilombola e as mulheres negras e lutar por melhorias para a sua comunidade”, afirma Gilberta.

Céu deixou quatro filhos, sendo um maior de 22 anos e três menores de idade, com 10, 12 e 14 anos. Sua filha adolescente também sofreu queimaduras no intuito de salvar a mãe.

O caso

O crime aconteceu no dia 27 de setembro de 2013, na cidade de Santa Luzia. Na ocasião, Edmilson, que era ex-companheiro dela, ateou fogo no corpo da ex-mulher e também no próprio corpo. As chamas atingiram a filha de Céu e também a casa, que ficou destruída. Após mais de uma semana em coma induzido, com 70% do corpo comprometido pelas queimaduras de terceiro e quarto graus, Céu morreu, no dia 6 de outubro, no Hospital de Traumas do município de Campina Grande.

Céu das Louceiras, como era conhecida, era artesã em peças de barro, uma pessoa atuante na comunidade e estava à frente da Associação Comunitária das Louceiras Negras da Serra do Talhado, aonde teve forte atuação na luta pelo reconhecimento do território tradicional. Sendo uma liderança local, se tornou referência para as comunidades tradicionais quilombolas na Paraíba.

De acordo com os familiares dela, Edmilson não aceitava o fim do relacionamento, que era permeado por ciúmes e comportamentos agressivos e de posse, furtando seus pertences e fazendo-a passar por humilhações.  Ele, inclusive, impedia a participação dela na vida familiar, social e comunitária.