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Maracastelo

Paraíba realiza Encontro de Batuques na comunidade do Ipiranga, no município de Conde

publicado: 02/12/2024 15h07, última modificação: 02/12/2024 15h07
Evento foi organizado com recursos da Lei Paulo Gustavo.
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Foi realizado nesse fim de semana, na comunidade quilombola Ipiranga, no município de Conde, o 4º Encontro de Batuques da Paraíba, com a participação de diversos grupos culturais de dentro e de fora do estado. O evento foi organizado pela entidade cultural Maracastelo e contou com recursos da Lei Paulo Gustavo, programa de fomento cultural do Governo do Estado que foi organizado pela Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba.

Durante dois dias de programação, dezenas de apresentações aconteceram no local, com a presença de pessoas da própria comunidade e também de visitantes, a maioria vindos da Região Metropolitana de João Pessoa. Já entre os grupos que se apresentaram, a maioria era da Paraíba, mas houve convidados inclusive do Ceará, com a presença do Coco Iguape do Mestre Cabral.

“A proposta do evento é contemplar o território e promover um intercâmbio cultural que permita aos grupos se reconhecerem e perceberem suas diferenças, fortalecendo assim a resistência”, destacou Ângela Gaeta, idealizadora do encontro.

Ângela enfatiza também que iniciativas como a Lei Paulo Gustavo permitem que o evento ocorra com mais estrutura e dignidade, ainda que ela reconheça que o esforço continua grande para que as contas fechem. “Nossa missão é receber os grupos culturais com a dignidade que eles merecem. Colocar a cultura popular como protagonista e fazer com que os artistas tenham a melhor experiência possível”, prosseguiu. “Propomos um processo de imersão na cultura popular”, completou.

Inclusive, a realização da quarta edição do Encontro de Batuques da Paraíba é entendido como uma retomada do projeto, já que o evento não acontecia há cinco anos. Ele aconteceu em 2015, 2016 e 2019, sempre em distintos locais, mas depois veio a pandemia e provocou esse hiato. Agora, a festa retorna acontecendo em uma comunidade quilombola, algo que é considerado emblemático pelos organizadores. “Quisemos dar destaque para os saberes tradicionais”.

Em meio à programação, a propósito, aconteceram diversas oficinas. De coco de roda, de batuque, de danças ciganas, entre outras. Com a integração inclusive das escolas que existem na comunidade, proporcionando assim a mobilização das crianças. Ainda de acordo com Ângela Gaeta, a ideia é promover uma “troca de saberes” que promova a permanência da cultura popular. “Exaltamos os que vieram antes, promovemos a continuidade com os que vieram depois”, pontuou.

Ela destaca, por sinal, a diversidade do coco de roda, algo que só é percebido justamente nesses encontros, com pessoas e coletividades de diferentes partes da região. “O coco de roda é uma expressão do Nordeste inteiro, mas existe uma diversidade inimaginável. Encontros como esse servem para a gente entender que a gente ainda tem muito o que aprender”, conclui.

Festa do Coco - Neste ano de 2024, o encontro de Batuques da Paraíba uniu forças e aconteceu em conjunto com a Festa do Coco, um tradicional evento organizado pela comunidade quilombola do Ipiranga que já tem 18 anos ininterruptos de atividades.

A organizadora da Festa do Coco é a mestra Ana do Coco, que é também presidenta da Associação de Cocos, Cirandas e Mazurcas da Paraíba. Ela se empolga ao falar da “quantidade de gente que passou pela festa” ao longo dos dois dias de programação e destaca que o evento proporciona à comunidade quilombola perceber a cultura popular para além dos seus espaços de convivência.

Outro ponto que Ana apresenta é a possibilidade de dar visibilidade à comunidade quilombola, que tem 205 anos de história e de resistência, mas que apenas em 2006 foi reconhecida pelo Governo Federal. “Nossa comunidade é formada por 137 famílias. E nossa intenção é, por um lado, dar visibilidade a essas histórias. Por outro, mostrar ao nosso povo que existe cultura popular para além da comunidade”, explica.

Ela atesta a importância da cultura popular para a população quilombola paraibana e diz ainda que muitos dos moradores do local vivem também do artesanato, com a produção de “biojoias dua”, que são confeccionadas com sementes tiradas da natureza.

Na comunidade quilombola Ipiranga existe também um museu, organizado ao longo dos anos pela própria Ana do Coco, que reproduz a casa de uma pessoa escravizada na época da escravidão que se refugiou em um território quilombola. “Com o encontro sendo realizado em nossa casa, damos visibilidade à nossa história e ao nosso passado”, finalizou.