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Uso generalizado de máscaras diminui o contágio por coronavírus

publicado: 20/04/2020 20h00, última modificação: 21/04/2020 15h12
Nota Técnica do C4NE esclarece sobre tecido, tamanho, limpeza e uso correto de máscaras de tecido
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Máscara de tecido
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Máscara de tecido
Divulgação
Divulgação

O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus (C4NE) lançou uma Nota Técnica sobre o uso de máscaras pela população. O uso generalizado é uma importante ferramenta no combate à Covid-19 e de outras doenças, mas a eficácia depende da capacidade da máscara de bloquear o contato com o vírus; da quantidade de pessoas que a utilizam em público e da taxa de transmissão da doença.

De acordo com um estudo britânico “mesmo que as máscaras de tecido bloqueiem uma proporção menor de partículas virais do que as descartáveis, a doença ainda pode ser contida, se a maioria ou de preferência todas as pessoas usarem máscaras em locais públicos”.

E ainda, “o amplo uso dessas máscaras em locais públicos deve ser adicional às medidas recomendadas de limpeza das mãos e superfícies e, sobretudo, de distanciamento social.

 

Tecido

100% algodão (como tricoline pura ou malha 30.1 cardada), por ser um tecido ‘respirável’ e pela sua maior capacidade de impedir a passagem de partículas menores em comparação a tecidos mistos. É importante observar também a trama do tecido, que deve ser a mais fechada possível, justamente para impedir a passagem do vírus.

 

Medidas

26 cm de largura e 16 cm de altura  – dois cortes de tecido 100% algodão.

 

Limpeza

- Imediatamente após o uso, a máscara deve ser colocada de molho em um recipiente com água e sabão (de preferência neutro), durante 20 a 30 minutos. 

- Em seguida, deve ser lavada e enxaguada em água corrente. 

- Após a secagem, é recomendado o uso do ferro de passar (não passar nos elásticos) e guardá-la em um saco plástico com fecho (do tipo que guarda alimentos para congelamento) até a sua próxima utilização.

 

O C4NE não considera necessária a complementação da desinfecção com hipoclorito (água sanitária) diluído em água, como recomenda o Ministério da Saúde. O cloro pode ser prejudicial à saúde dependendo da qualidade do produto, da diluição adequada do produto por parte do consumidor; e ainda pode causar intoxicação e/ou alergias.

 

Caso se deseje utilizar a água sanitária:

- usar produto com concentração de cloro de 2,0 a 2,5% (informação disponível no rótulo da embalagem);

- preparar a solução de água e alvejante considerando a diluição de uma parte de água sanitária para 50 partes de água (por exemplo: quatro colheres de chá (10 ml) de água sanitária para 500ml de água limpa e filtrada);

- manter a máscara na solução preparada durante 30 minutos e, após imersão, enxaguar em água corrente.

 

Habitue-se:

- As mãos precisam estar lavadas (com água e sabão) para mexer nas máscaras;

- no rosto, as máscaras devem ficar em uma posição tal que cubram totalmente a boca e o nariz e permaneçam bem ajustadas ao rosto, sem deixar espaços nas laterais;

- após a colocação na face, não se deve tocar na máscara com as mãos;

- se isso ocorrer deve-se evitar encostá-la nos olhos, no nariz ou na boca e, o mais rápido possível, lavar ou passar álcool gel nas mãos.

 

Quando o uso de máscaras de tecido é desaconselhado:

- Crianças menores de 2 anos;

- indivíduos que apresentem qualquer incapacidade para remover a máscara sem assistência.

 

Como se dá a transmissão do coronavírus

Até o momento, tem-se observado que sua transmissão entre humanos ocorre por duas vias principais:

- Transmissão pessoa-pessoa pelo contato com gotículas por via oral e nasal (produzidas pela respiração, fala, tosse ou espirro de indivíduos infectados, sejam doentes ou assintomáticos) e que permanecem em boas condições no ar e em superfícies rígidas por até 72 horas;

- contato com superfícies contaminadas pelo vírus.

 

A alta transmissão do coronavírus resulta do elevado tempo médio de incubação, de aproximadamente 5-6 dias (variando de 0 a 24 dias) e devido ao fato de que pessoas sem sintomas, pré-sintomáticas ou com sintomas leves podem transmitir a doença.



Recomendações

Segundo a Nota Técnica do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus (C4NE), o amplo uso de máscaras de tecido caseiras em locais públicos pode reduzir a velocidade de propagação da pandemia, considerando a escassez de máscaras descartáveis, a reduzida capacidade de realização de testes laboratoriais de casos suspeitos e a existência de grandes adensamentos urbanos.

O poder público pode adotar estratégias que possibilitem o aumento da oferta do produto, tais como: “produção de máscaras de tecido em maior escala, inclusive para doação ao público mais vulnerável; comercialização de máscaras de tecido por estabelecimentos que seguem abertos nesse período de pandemia; fomento à confecção de máscaras de tecido por costureiras autônomas,

uma ampla categoria profissional, assegurando-se condições dignas de trabalho, remuneração e proteção à saúde; incentivo à produção caseira de máscaras, apoiada pela divulgação de materiais educativos”.

Para encerrar, “recomenda-se a realização de estudos sobre o impacto do uso das máscaras de tecido como medida de controle da pandemia, bem como sobre outros aspectos, tais como: a duração da proteção conferida, a higienização e a reutilização adequada destas”.

 

C4NE

A Nota Técnica do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus (C4NE) é totalmente embasada em estudos científicos; foi escrita  em colaboração com o “Grupo de síntese: Estratégias de controle e os efeitos das iniciativas de contingência” da Rede CoVida. 

O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus (C4NE) é uma iniciativa do Consórcio Nordeste para suprir os governadores do Nordeste com informações técnicas para a tomada de decisões no combate à pandemia.