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SIMPÓSIO DE GOVERNO DIGITAL
Parque Tecnológico pode contribuir com soluções para o Estado
Secretário Cláudio Furtado fala à plateia no Simpósio de Governo Digital/ foto: Renato Félix
Renato Félix e Márcia Dementshuk
O I Simpósio de Governo Digital, realizado no dia 20 de setembro, mostrou estratégias e ações do Governo do Estado em direção a uma transformação digital sobretudo no atendimento ao cidadão. E como o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação pode contribuir com soluções gestadas dentro dele, através das empresas abrigadas, que tanto podem oferecer produtos e tecnologias que resolvam problemas que elas mesmas detectem ou desenvolver estas soluções a partir de demandas do próprio Governo.
“O Governo Digital é uma expressão para dizer que o governo vai buscar ferramentas contemporâneas para melhorar a sua gestão. ‘Ferramentas contemporâneas’ significa ferramentas ligadas à tecnologia de informação e comunicação”, conta Rubens Freire, secretário executivo de Ciência e Tecnologia, que apresentou uma comunicação sobre o Parque à plateia do evento. “O Parque abrigará empresas que têm esse perfil. Essas empresas poderão ser contratadas ou demandadas pelo Governo para atender a essa demanda”.
“O Parque Tecnológico Horizontes de Inovação é muito importante porque ele vai trazer para João Pessoa players que podem dar soluções para vários problemas, vários gargalos na área da transformação digital”, afirma Cláudio Furtado, secretário de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia.
Assim, a própria empresa pode perceber que há um problema no atendimento de um serviço público qualquer e propor ao Governo uma solução. “O Governo pode concordar e querer comprar e adquirir. E outra coisa é o Governo demandar. O Preço da Hora, por exemplo, foi uma demanda do governo”, lembra o secretário executivo.
Essas soluções possíveis não se limitam ao horizonte do governo digital, mas podem resolver problemas nas mais variadas áreas. “Nós temos várias escolas que ficam em regiões de difícil acesso à água, que dessalinizam as águas de poços. Entretanto ela ainda não é potável”, conta Freire. “Aí você precisa ter um sistema que torne aquela água potável. Isso é uma solução que uma empresa tem para um problema do Governo. O Governo compra ou não. Uma empresa dessas pode abrigar no âmbito do Parque Tecnológico uma unidade de pesquisa e desenvolvimento”.
Investimento estatal ajuda desenvolvimento de tecnologias
Para Rubens Freire, a presença do Estado demandando e inspirando nas empresas a busca por soluções de otimizem o funcionamento dos próprios governos é uma maneira de desenvolver as tecnologias, as empresas e o mercado – e que isso acontece no mundo todo. “Uma das formas de você alavancar uma empresa ou fazer com que ela prospere é garantindo o mercado. E nesses ambientes de parque tecnológico, empresas de risco, é comum o governo ser o garantidor do mercado, contratando produtos e serviços”, explica.
Ele dá como exemplo uma das mais poderosas empresas aéreas do mundo. “Por exemplo, empresas aéreas como a Boeing vendem para quem?”, pergunta. “Para as forças armadas americanas. Com isso elas têm garantias de que o investimento feito trará algum retorno. Inovação é negócio de risco. Capital não corre risco, o Estado é quem corre risco”.
Os benefício do investimento tecnológico para o Estado são facilmente perceptíveis através de dois temas na ordem do dia: o Programa Nacional de Imunização e o sistema de votação brasileiro. “O Programa Nacional de Imunização é padrão para o mundo, e isso demonstra que há um modelo de gestão sofisticada e contemporânea para atender também necessidades da cidadania. O processo de eleição do Brasil é padrão para o mundo. É uma dimensão do Estado em que ele se aperfeiçoou, aplicando em desenvolvimento científico e aporte técnicos”.
Para ele, isso fez com que empresas brasileiras atingissem maturidade. “Quando o Estado brasileiro resolveu comprar urna eletrônica, ele comprou numa empresa. Quando resolveu comprar ventiladores pulmonares, ele comprou a uma empresa brasileira. Isso fez com que a empresa consolidasse seu portfólio técnico”, avalia. “A China fez isso, os EUA, a França fazem isso”.
Compartilhamento de informações
“Esse simpósio é muito importante para, primeiro, ver boas práticas que existem em outros locais”, avalia Cláudio Furtado. “E fazer uma interação para que a gente possa cada vez mais melhorar nessa direção do Governo Digital. Nós temos que ver e aprender com o que está sendo feito para ou mantermos o rumo, ou corrigir a direção de algum projeto”.
Para ele, o evento também foi importante para que as informações sejam distribuídas dentro do próprio Governo. “É também uma maneira de você socializar dentro do próprio Governo ações que estão sendo desenvolvidas. Às vezes alguma secretaria ao lado precisa daquela solução e não sabe que aquilo está à mão e desenvolvida por um parceiro do próprio Estado”.
No âmbito da educação, além de equipar as escolas, há também a preparação dos servidores. “Nossa preocupação, além do ponto de vista da infraestrutura, é também o investimento na questão da formação, do letramento digital dos próprios servidores da educação – no caso, os professores e técnicos administrativos. Para que cada vez mais a gente possa dar resposta e diminuir esse hiato”.
Objetivo é otimizar comunicação
O I Simpósio do Governo Digital foi realizado no auditório do Sebrae, em João Pessoa, pela Secretaria de Estado da Administração. Em 2019, foi publicado o decreto 41.507/21, estabelecendo os fundamentos do Governo Digital da Paraíba, um marco importante nesse processo. “A partir daí, sim, a gente criou normas, planos e estratégia de uma transformação digital de fato”, explicou Jaqueline Gusmão, secretária de Estado da Administração.
Ela conta que, antes, haviam ações isoladas, sem um acompanhamento central. “Cada órgão tinha um entendimento do que precisava fazer e hoje nós temos uma visão macro da coisa, acompanhamos através da Diretoria de Modernização da Gestão, que foi criada também recentemente. Essa diretoria é que vai acompanhar todos os planos de transformação digital dos órgãos”, conta ela.
Os técnicos dos órgãos receberão orientação dessa diretoria para consolidar os seus planos de transformação digital para, numa segunda etapa, colocar os planos em prática. “Então é um outro conceito”, avalia. “Hoje a gente tem um planejamento, sabe onde quer chegar. Sabe que precisa a melhoria dos processos para que a gente não só digitalize o que já tinha. Então a gente precisa estudar os processos, eliminar os gargalos para, a partir daí, tornar digital essa comunicação com o cidadão, que é o nosso maior objetivo. Que o cidadão tenha uma comunicação com o Governo facilitada e agilizada”.
A ideia é chegar ao ponto em que o cidadão que precise de algum serviço do Governo entregue sua demanda e receba sua resposta em precisar ir ao órgão. “É um processo bastante trabalhoso, mas a gente tem consciência de que é necessário fazer”, diz a secretária. “E isso é um processo contínuo, não termina nunca, porque a cada dia novas tecnologias e novos serviços surgem".