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SAÚDE

Novo museu promete viagem pelo corpo humano

publicado: 16/05/2021 00h00, última modificação: 20/05/2021 17h10
Museu de Ciências Morfológicas da UFPB começa a receber o público, com agendamento, a partir de junho
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Museu de Ciências Morfológicas, na UFPB/ foto: Diego Nóbrega/ Seect
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Museu de Ciências Morfológicas, na UFPB/ foto: Diego Nóbrega/ Seect
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Museu de Ciências Morfológicas, na UFPB/ foto: Diego Nóbrega/ Seect
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Equipe do Museu de Ciências Morfológicas, na UFPB/ foto: Diego Nóbrega/ Seect
Divulgação
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Renato Félix

 

Todos sabemos que a pandemia atingiu em cheio todas as atividades presenciais desde março do ano passado – e a visitação aos museus está entre elas. Fundamentais para a difusão do conhecimento em diversas áreas fora das salas de aula, os museus continuam se preparando para o dia do reencontro com o público. Enquanto isso, alguns novos também estão surgindo, caso do Museu de Ciências Morfológicas, na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que começa a receber visitas em junho. Dedicado ao corpo humano e ao funcionamento do nosso organismo, por enquanto ele funcionará através de agendamento, para não correr risco de aglomerações.

O museu vai funcionar no Departamento de Morfologia, que fica localizado no bloco C do Centro de Ciências da Saúde da UFPB. “O espaço será aberto ao público respeitando as recomendações da Comissão Central de Biossegurança da UFPB e orientações municipais e estaduais”, explica Monique Paiva, professora que integra a comissão que pensou e desenvolveu o museu. O agendamento do público poderá ser feito através de um link no site do departamento.

Mais de 160 peças compõem o acervo, incluindo peças sintéticas e naturais. As sintéticas são reproduções de estruturas do corpo humano. As naturais, provenientes de dissecação de órgãos. “Elas permitem visualizações das mais superficiais as mais profundas, em diferentes tipos de cortes e vistas”, conta a professora. “Também contamos com a exposição de fetos em diversos estágios de desenvolvimento e cortes de tecidos visualizados por meio de microscópios ópticos, além de exposição de animais domésticos trazendo o conhecimento da anatomia comparada à população”.

O museu é um sonho antigo para os professores do Departamento de Morfologia da universidade. “Há décadas que se falava na criação de um museu de ciências morfológicas”, recorda Monique Paiva. “Em 2018, resolvemos correr atrás da realização desse sonho. Foi instituída uma comissão de seis professores pelo colegiado departamental, e esses seis professores começaram a traBalhar na construção do museu”.

A comissão é formada por Ana Lúcia Basílio Carneiro, Giciane Carvalho, Francisco Ruidomar, Vivyanne Falcão, Andréa Sarmento, além da própria Monique Paiva. “E tivemos muitos colaboradores: docentes, técnicos, extensionistas...”, conta.

 

 

Inspirações em experiências semelhantes

 

A ideia do museu ganhou força e forma através da inspiração em outras experiências não tão distantes. “Uma das primeiras coisas que a gente fez foi uma visita ao museu da Uni-RN”, conta a professora Monique Paiva. O Centro Universitário do Rio Grande do Norte (Uni-RN) possui o Museu de Anatomia, coordenado pelo professor André Davim e reinaugurado em abril de 2019. “A gente tomou esse como modelo, assim como outros”.

Um desses outros é o Museu de Ciências Morfológicas da UFMG. “Esse já é um museu mais antigo e bem estruturado”, diz. Este museu foi aberto pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1997 e possui um site com uma galeria de imagens.

 

 

Linhas do tempo em três áreas

 

As peças em exposição foram produzidas na própria Federal da Paraíba, por técnicos em Anatomia e Necropsia, técnicos de laboratório, professores e alunos da universidade. Além delas, o museu também conta com pinturas representando os sentidos do corpo humano (visão, olfato, audição, paladar e tato), outras que comparam estruturas do corpo humano com objetos do cotidiano, através do estudo da etimologia das palavras.

Além disso, linhas do tempo que dão a dimensão do avanço do conhecimento a respeito dos órgãos humanos através da História. Mostram os principais acontecimentos em três áreas, da Antiguidade aos dias atuais: na anatomia, que estuda a forma e a estrutura do corpo humano; na histologia, que trata dos tecidos biológicos; e da embriologia, que estuda o desenvolvimento embrionário dos seres vivos.

“As linhas do tempo estão representadas em um único painel de forma a se observar os avanços nas três áreas: anatomia, histologia e embriologia. Que, inclusive, em alguns momentos até se encontram”, explica. “Ademais, o museu apresenta painéis grandes, com cores vibrantes e bem ilustrados, representando os diferentes sistemas do corpo humano e remetendo à exposição que se encontra vinculada a cada um deles”.

 

 

Museus aproximam ciência da sociedade

 

Em uma época onde a ciência é mais necessária do que nunca e, paralelamente, sofre ataques até governamentais, museus são também um meio de aproximação entre o saber científico e a sociedade. A equipe do Museu de Ciências Morfológicas da UFPB tem consciência dessa responsabilidade.

“Ele será voltado para a população em geral”, aponta a professora. O museu receberá grupos de alunos de escolas públicas e privadas e vai dispor de horários de visitação agendados para as famílias e público em geral. “As visitações serão realizadas de forma guiada por extensionistas previamente treinados que irão falar de arte, técnicas anatômicas, morfologia do corpo humano desde suas células até sua constituição macroscópica, além de exposição de vídeos em um ambiente projetado para esse fim”, conta. “O museu será um espaço vivo e dinâmico de transmissão do saber”.

Para ela, essa proximidade das pessoas com a ciência não tem contraindicações. “A contribuição da ciência para a sociedade é algo inquestionável. Quanto maior proximidade com ela e a transmissão de conhecimentos, maiores são as oportunidades de avanços na educação, saúde e tecnologia, o que seguramente melhora a qualidade de vida das pessoas”, afirma. “O museu é para todos, não só para o público da área da saúde. Ele abrirá caminhos muitas vezes impensados uma vez que estimulará a curiosidade, o estudo e a troca de saberes”.

O museu pretende ser uma viagem pelo corpo humano. Assim sendo, uma viagem por dentro de nós e nossa complexidade interna, através dos sistemas nervoso, genital, muscular, esquelético, etc. Uma viagem sempre fantástica e às vezes insólita.