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Museus virtuais de ciência são opção durante e após a pandemia

publicado: 07/03/2021 00h00, última modificação: 11/03/2021 10h18
Visitas online são cada vez mais sofisticadas: podem ser feitas em passeios sala a sala e em 360º
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Museu Nacional, antes do incêndio, na capa do site/ foto: reprodução
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Crânio de Luzia, no site do Museu Nacional/ foto: reprodução
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Site do Museu de Gwacheon, na Coreia do Sul/ foto: reprodução
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Site do Museu do Espaço e do Ar, do complexo Smithsonian, em Washington/ foto: reprodução
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Sala de Luzia, no site do Museu Nacional/ foto: reprodução
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Renato Félix

 

Em setembro de 2018, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi consumido por um incêndio de grandes proporções que dizimou o seu acervo. O prédio histórico, que foi lar da família real quando o Brasil era uma monarquia: ali moraram D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II. Foi um triste aniversário de 200 anos: o museu, a mais antiga instituição científica do Brasil, foi inaugurado em 1818. Reunia mais de 20 milhões de itens de arqueologia e história natural. Fechado desde então, ele está em recuperação: esta semana, foram reveladas as primeiras imagens da proposta de reconstrução vencedora, dos escritórios de arquitetura Atelier e H+F. O acervo destruído ainda pode, no entanto, ser visitado: na internet, pelo menos. A visitação virtual do Museu Nacional segue na plataforma Google Arts & Culture.

Nesses tempos de pandemia, as visitações aos museus de ciência são, claro, limitadas ou impossibilitadas. Suas versões virtuais acabam se tornando uma maneira de amenizar essa distância. E, mesmo em tempos normais, é a possibilidade de encurtá-la, para quem não pode viajar e conferir pessoalmente esses acervos.

“É importante ressaltar que o Museu Nacional, apesar de ter perdido uma parte significativa do acervo, jamais perdeu a capacidade de gerar conhecimento", diz Alexander Kellner, diretor do museu (que é gerido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro), na página da plataforma do Google destinada a reunir versões online de museus do mundo.

Lá, o visitante pode fazer um tour guiado pelo Museu Nacional antes do incêndio. Não só conferir os itens, mas também passear pelas salas quase em 360º, no modelo do Google Street View, acompanhado por uma boa narração em áudio. Luzia, o crânio humano feminino mais antigo descoberto nas Américas, datado entre 11 mil e 11,5 mil anos, é a primeira sala. Também estão lá o enorme meteorito encontrado em 1784. Foi D. Pedro II que se empenhou a levá-lo para o museu, em 1888.

Outras peças famosas são o trono do rei de Daomé, na África, presente ao então príncipe-regente Dom João, em 1810; o sarcófago de Sha-amun-en-su, presente a Dom Pedro II em 1876, quando o imperador visitou o Egito pela segunda vez – o monarca o mantinha em seu gabinete e a peça foi integrada ao museu após a Proclamação da República, em 1889.

O Google Arts & Culture inclui mais de 200 museus, de arte ou de ciência. No primeiro grupo estão os famosos Museu de Arte Moderna, o Moma, de Nova York, o Museu Van Gogh, de Amsterdã, e o Masp, em São Paulo. No segundo, então o complexo Smithsonian, de Washington, incluindo o National Air and Space Museum, e o British Museum, de Londres. Todos com o recurso “Google Street View”, para passear pelas salas de cada um deles.

 

 

Visitas virtuais: vários países em um dia

 

Além dos que integram o Google Arts & Culture, outros museus também estão na internet com suas coleções e instigando debates. Apresentamos alguns deles:

O Museu da Ciência da Inglaterra com imagens, vídeos, em diversas seções como comunicação, medicina, matemática, espaço, computação, astronomia. Há também séries como uma dedicada às mulheres na ciência. Seu acervo conta com mais de 300 mil inventos. Foi inaugurado em 1857.

O Science Museum faz parte do Science Museum Group (Rede de Museus de Ciência), que tem um site próprio reunindo ao todo cinco museus dedicados à ciência no Reino Unido. Os outros quatro são o Science and Media Museum, o Science and Industry Museum, o Railway Museum e o Locomotion (os dois últimos são dedicados a ferrovias e trens).

O Digital Museums Canada reúne diversos museus virtuais canadenses, grandes e pequenos, somando mais de 500 exposições. Alguns de arte, outros dedicados à ciência, como o Musée de la Nature et des Sciences de Sherbrooke, que conta com uma visita “passo a passo” onde se pode passear pelas salas (embora não com a fluidez do projeto do Google Arts & Culture). Ainda assim, até algumas gavetas dos arquivos podem ser abertas, para observar, por exemplo, coleções de borboletas e insetos.

Na Coreia do Sul, está o Museu Nacional de Ciências de Gwacheon. É bem recente, foi inaugurado em 2008, mas é um dos maiores e melhor equipados do mundo, na área. Está no Google Arts & Culture, então é possível o passeio virtual por sias instalações, que vão da pré-história ao espaço: de salões com esqueletos de dinossauros a outra dedicada à Estação Espacial Internacional.

O Museu Deutsches, de Munique, Alemanha, é maior da Europa quando se trata de tecnologia. Produção de energia, transportes e comunicação são alguns dos tópicos abordados. Ele também está no Arts & Culture, permitindo uma visita virtual caprichada.

 

 

Museus do Brasil: zoologia, universo e futuro

 

Além do Museu Nacional, há outros brasileiros que também levaram seu acervo para a internet ou até só existem de maneira virtual. Conheça alguns:

O Museu de Zoologia da USP existe com esse nome desde 1969, mas seu acervo começou a ser reunido em 1890, como uma seção do Museu Paulista. É um dos maiores acervos zoológicos da América Latina, somando 12 milhões de exemplares. Um tour virtual 360º é uma das atrações online.

A Fundação Planetário da Cidade do Rio de Janeiro tem o Museu do Universo. Inaugurado em 1970, é voltado, naturalmente, à astronomia. A exposição virtual permite uma visita em 360º pelo interior do museu, guiada por áudio.

O Museu do Amanhã, inaugurado em 2015 em uma área revitalizada no Rio de Janeiro, parte da ciência para falar de nosso lugar no mundo. Nasceu já como um ponto turístico que, como outros museus, teve que fechar as portas por causa da pandemia. Por enquanto, dá para visitar em 360º a exposição “Pratodomundo – Comida para 10 Bilhões”.