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João Pessoa se prepara para entrar no veloz mundo do 5G

publicado: 26/06/2022 00h00, última modificação: 14/04/2023 20h17
A nova geração de tecnologia das telecomunicações necessita de instalação de novas antenas e não será imediatamente acessível a todos
Laboratório Virtus - UFCG

O laboratório Virtus, na UFCG, desenvolve o projeto Segurança Cibernética para o 5G/ foto: divulgação

 

 

 

Renato Félix

 

A tecnologia 5G promete uma revolução em segmentos como educação e comércio. Mas os desafios para que ela seja posta em atividade ainda existem. A previsão inicial da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) era de que as capitais estivessem com o sinal ativo no mês que vem, mas esse prazo já foi esticado para 29 de setembro. Uma das questões diz respeito à necessária ampliação da infraestrutura de transmissão de dados – leia-se: antenas. A nova tecnologia exige que a quantidade seja de cinco a dez vezes mais do que a rede de cobertura já existente para o 4G. O que traz uma outra questão: as cidades ficarão mais poluídas visualmente do que já são?

“É necessário que seja aprovada, ou modificada, a lei sobre disposição de antenas, visto que o 5G precisará utilizar mais antenas”, conta o professor Edmar Gurjão, da Universidade Federal de Campina Grande, que coordena desde Campina Grande um projeto ue estuda a segurança do 5G. “Outros preparativos são de responsabilidade das operadoras, que precisam atualizar suas redes”.

A necessidade de mais antenas para a efetivação do sinal 5G se dá porque, embora com muito mais capacidade de transmissão de dados, o alcance e ondas é bem mais curto. A prefeitura é que aponta, no edital, o tipo de equipamento que poderá ser usado para evitar que a instalação da tecnologia provoque um aumento da poluição visual na cidade. Há opções menores que nem precisam de torres instaladas, mas cujas antenas podem ser instaladas em fachadas de prédios ou até de bancas de revistas ou naqueles exibidores de temperatura e hora localizados em grandes avenidas.

A partir do momento da instalação, a tecnologia 5G não chegará imediatamente a todo mundo. Primeiro porque o processo de cobertura será feito ao longo dos anos, atingindo pouco a pouco uma maior parte da cidade – o processo normal que já aconteceu no advento de outras tecnologias de telefonia ou de internet. O prazo de instalação em setembro diz respeito a capitais e ao Distrito Federal – só depois é que a tecnologia chegará a outras cidades.

Há também a questão da desigualdade social: apenas smartphones mais modernos (e mais caros) serão compatíveis com o 5G, o que evidentemente exclui parte da população com menos poder aquisitivo (mas os atuais smartphones com as tecnologias atuais continuarão em funcionamento). Modelos compatíveis no Brasil, por exemplo, são o iPhone 13 e o Galaxy S21, vendidos na casa dos R$ 6 mil. As empresas também não decidiram se haverá reajuste no preço dos pacotes de dados.

O leilão do 5G, em 2021, assegurou a implantação de internet em 15 mil escolas públicas, segundo a Anatel com um valor de R$ 3,1 bilhões (menos da metade do que era previsto pelo Governo Federal, R$ 7,6 bilhões). A agência levantou que há no país cerca de 15 mil escolas públicas de educação básica sem internet.

  

Internet das coisas e cidades inteligentes

 

O conceito de transmissão mais de 10 vezes mais rápida que o 4G por si só já permite antever os benefícios do 5G. Os avanços poderão ser sentidos dentro de casa, com um incremento da chamada “internet das coisas” (em que os aparelhos domésticos possuem sensores para serem comandados on line), mas até no conceito de “cidades inteligentes”, conectadas para facilitar a vida de seus cidadãos com maior eficácia em diversas áreas, seja segurança, saúde ou monitoramento de infraestrutura.

“Inicialmente o usuário experimentará o acesso à internet com altas taxas – similar e em alguns casos superior ao que temos em nossas casas”, explica Edmar Gurjão. “Em um segundo momento, haverá transmissão com atrasos muito baixos, permitindo que aplicações em tempo real seja executadas. Também haverá mais possibilidades de inserir equipamentos na rede, e com isso poderemos interligar mais equipamentos. Numa terceira fase será possível implementar redes dedicadas, e com isso cobrir com mais eficiência locais remotos’.

Carros autônomos, telemedicina (com cirurgias feitas remotamente) e a produção automatizada devem ganhar corpo com o 5G. A nova geração da tecnologia vai oferecer um tempo de resposta muito menor para viabilizar o cotidiano com esses serviços, o que ainda não era possível com o 4G. Em casa, as experiências de videochamadas e jogos on line melhorarão muito, com menos travamentos ou perda de sinal. Baixar um filme, por exemplo, pode passar de 30 minutos para 10 segundos.

O 5G também vai permitir que mais aparelhos estejam conectados e em uso ao mesmo tempo. Até o número maior de antenas pode ajudar nisso, porque os aparelhos podem estar conectados a mais de uma antena ao mesmo tempo, o que ajuda o serviço a ter maior estabilidade.

 

Campina Grande estuda segurança da nova tecnologia

 

O laboratório Virtus, na Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve o projeto Segurança Cibernética para o 5G, coordenado pelo professor Edmar Gurjão, um estudo contratado pela própria Anatel para saber mais a respeito do tema ainda nesta fase de implantação da tecnologia no Brasil. Os resultados serão apresentados até agosto de 2023.

“O Virtus é uma unidade da UFCG onde se desenvolvem projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Nele há diversos projetos que congregam professores dos diversos cursos da UFCG”, explica Gurjão. “Um dos projetos em execução é o que coordeno, Segurança Cibernética para o 5G, nesse projeto temos professores da Engenharia Elétrica e Ciências da Computação da UFCG, Instituto Federal da Paraíba, UFRN e UFTPR”.

O Virtus possui desde 2019 o primeiro laboratório 5G do Nordeste – a experiência do laboratório com a tecnologia não é de hoje. “Analisamos os aspectos de de segurança cibernética das redes 5G, definindo quais os perigos e fornecendo subsídios para que a Anatel faça a regulamentação”, conta o professor.

A euipe também pesquisa sobre formas eficientes de implementar aplicações sobre a rede 5G, demonstrando quais as melhores práticas. “Finalmente, também estudamos os aspectos de transmissão e recepção para analisar a cobertura dos sinais”, diz.