Notícias

Empreendedorismo

Insa se volta para a cultura do empreendedorismo na PB

publicado: 13/03/2020 13h27, última modificação: 16/03/2020 11h08
Posse da nova diretoria aconteceu na última semana em CG com compromisso de fomentar diversas regiões
1 | 4
A posse de Mônica Tejo (de branco) foi acompanhada por representantes de instituições de ensino e pesquisa e de grupos atuantes em diversas áreas. Foto: Xico Nogueira
2 | 4
Mônica Tejo. Foto: Xico Nogueira
3 | 4
Foto: Xico Nogueira
4 | 4
Foto: Xico Nogueira
Divulgação
Divulgação
Divulgação
Divulgação

Tempo de leitura: 2 min.

Por Márcia Dementshuk

 

 

 

Entre autoridades de governo e de universidades, um grupo de pessoas vindas de longe dos gabinetes onde as políticas públicas são desenhadas acompanhou a solenidade de posse da nova diretora do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) realizada nesta última semana, em Campina Grande. Eles conhecem muito bem a gestora que assume uma das mais importantes unidades federais de pesquisa do semiárido, Mônica Tejo Cavalcanti. Os laços que os unem foram atados com tanto cuidado que estava difícil se desvencilhar para registrar o momento em uma foto: lágrimas revelavam a emoção.

Com dignidade na voz e nos gestos, Maria Lucelha Pereira dos Santos e Geraldo Almeida Pereira falavam sobre a Emana Mel - Associação dos Apicultores Orgânicos de São Bentinho (PB) - ao Brigadeiro Gérson Machado, subsecretário das unidades de pesquisa  vinculadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, sob a qual está o INSA. No diálogo, o sotaque sertanejo contrastava com a fala “sulina”.

Em seguida, Mônica Tejo apresentou Maria da Paz do Nascimento dos Santos e Silva ao Brigadeiro Machado: “...foi a primeira associação rural de assentado da reforma agrária no Brasil que pagou [o financiamento] pelas suas terras e hoje não deve mais nada ao Banco do Nordeste. Eles pagaram com o dinheiro ganhado na agroindústria de polpa de frutas que montaram - produção e empreendedorismo - lá na região de Pombal”.

“É inspirador”, comentou o Brigadeiro. A trajetória da indústria de polpa de frutas “Fonte do Sabor” foi tema de outra reportagem acessível por aqui. Também foi narrado o caso do artesanato em cerâmica dos Rufinos, comunidade quilombola da mesma região sertaneja. Izabel da Silva Santos, descendente dos Rufinos, era a face da comunidade diante do representante do MCTIC.

Essas vivências têm em comum o fato de passarem por processos de capacitação ao empreendedorismo tendo por princípio o associativismo, a economia solidária, a formação de parcerias, entre outros valores. Mônica Tejo coordenou esses trabalhos pela IACOC, incubadora de agronegócios atuante no semiárido cujo portfólio enumera situações semelhantes - pessoas com habilidades que precisavam de apoio para estabelecerem-se comercialmente. O resultado é o nascimento de polos produtivos locais promovendo o sustento de várias famílias que antes viviam na dependência de programas assistenciais governamentais ou de outros auxílios, pela dificuldade de encontrar emprego.

  

Gestão irá priorizar soluções para a população do semiárido

 

A relação entre essas experiências e a nova gestão que o MCTIC pretende desenvolver no INSA está na própria missão do ministério, conforme declara o Brigadeiro Machado:

“Temos um novo rumo para tomar. O mundo mudou, o Brasil mudou, o MCTIC mudou e o INSA está mudando agora. A missão síntese do MCTIC é produzir riquezas que se traduzam em bem-estar para a população brasileira. Temos pesquisas importantíssimas sendo realizadas, mas a população não consegue vislumbrar como utilizá-las em seu próprio benefício, para o bem-comum.”

Em consonância com essa visão, a nova diretora do INSA compreende a dimensão do desafio: “O INSA ainda não tem essa cultura de empreendedorismo, de desenvolvimento tecnológico aplicado para o semiárido para resolver problemas de negócios que ainda não foram impulsionados. Nessa gestão vamos trabalhar estratégias para implantar novas linhas de projetos e novas políticas para conseguirmos capilarizar as ações que já vem sendo desenvolvidas. Significa escalar as ações em nível de Semiárido”.

  

Novo programa de águas atmosféricas deverá ter início neste semestre

 

O raio de ação do INSA é um território formado por 10 estados brasileiros onde vivem mais de R$ 27 milhões de pessoas, a maioria em zonas urbanas. A sede em Campina Grande ganhou do primeiro diretor do INSA, Roberto Germano, o nome “Celso Furtado”, em homenagem ao estudioso que se debruçou para planejar soluções para o desenvolvimento do Brasil, como um todo mas, especificamente, do Nordeste. “Encomendamos um busto de Celso Furtado, erguido pelo artista plástico José Crisólogo [falecido recentemente], que está na praça central do INSA”, disse Germano.

O INSA reúne 65 pesquisadores bolsistas vinculados a pesquisas em Biodiversidade, Sistema de Produção, Desertificação e Recursos Hídricos. Entre os projetos coordenados pelo INSA está o Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização (CTTD), em parceria com a Universidade Federal de Campina Grande. No CTTD são avaliados e testados o grau de eficiência de dessalinizadores em operação e em fase de desenvolvimento.

O subsecretário das unidades de pesquisa  vinculadas ao MCTIC, Brigadeiro Gérson Machado anunciou que até meados deste ano terá início um novo programa de águas atmosféricas. Serão implantadas estações de águas atmosféricas em escolas de municípios do Semiárido, inclusive na Paraíba com capacidade de produzirem cerca de 1.600 litros de água por dia a partir do vapor do ar. O programa será coordenado pelo INSA.

Trata-se de transformar as águas que estão presentes na atmosfera, na forma de vapor, em água potável. Tecnicamente, “o gerador de água atmosférica absorve o ar ambiente através de um filtro e o resfria até seu ponto de orvalho, extraindo água através da condensação. A água é então purificada, mineralizada e está pronta e segura para beber”. As máquinas provém de Israel. O MCTIC analisa o consumo de energia desses equipamentos.

 

 FAPs podem efetivar parceria com o INSA

 

Considerado baixo pelo representante do MCTIC, Brigadeiro Gérson Machado, o INSA trabalha dentro de um orçamento em torno de R$ 5 milhões por ano. Os recursos para as ações e pesquisas provém de projetos financiados via CNPq.

O presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), Roberto Germano, que dirigiu o INSA no período de 2008 a 2011, aproveitou a presença do Brigadeiro Machado para articular uma proposta de parceria entre as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) dos estados do Semiárido e o INSA para a criação de um edital por meio do CNPq que atenda demandas de trabalho em conjunto com instituições de pesquisa do Semiárido. Visando o desenvolvimento de soluções para problemáticas do semiárido brasileiro.

“Nós tivemos um resultado extremamente positivo em 2011 quando o INSA lançou um edital de cerca de R$ 12 milhões. Agora, em parceria com as FAPs, pode-se formular um edital com boa amplitude”, afirma Germano.

A proposta encontrou apoio junto ao Brigadeiro Machado que viu uma oportunidade para aumentar o orçamento do instituto.