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POLÍTICAS PÚBLICAS

Incentivo à pesquisa, agricultura familiar e inovação nas escolas marcaram ciência e tecnologia na PB em 2021

publicado: 01/01/2022 00h00, última modificação: 08/01/2022 22h05
Ações da Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia do Estado e da Fapesq contribuíram para desenvolvimento em diversas áreas
Divulgação

Feira de plantas ornamentais em Areia/ foto: divulgação

 

 

 

Renato Félix

 

O ano de 2021 terminou com uma nova leva de projetos selecionados no Programa Ouse Criar, que incentiva a busca de soluções e o empreendedorismo nas escolas da Rede Estadual de Ensino, e uma das ações da Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia (SEC&T) e da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (FapesqPB) no ano, entre outras abordando áreas como floricultura, agricultura familiar e apoio à pesquisa em universidades.

O Ouse Criar anunciou no dia 28 de dezembro os selecionados para a segunda e para a terceira fase do programa. “No decorrer do ano, tivemos formações, trilhas de inovação, webinário, todos com temáticas que contemplassem o empreendedorismo, a inovação, a criatividade, e os eixos do Ouse Criar”, conta Wanessa .

Em 2021, 96 equipes de escolas da Rede Estadual de Ensino participaram dos hackathons (maratonas com programadores, designers e outros profissionais) ao longo do ano, além de formações sobre construção de projetos, desenvolvimento de marketing, etc. Delas, 20 foram selecionadas para a segunda fase em 2022, de desenvolvimento da ideia do projeto, recebendo um aporte de R$ 5 mil.

Paralelamente, das 20 equipes selecionadas no final de 2020 e que estiveram em 2021 na segunda fase do programa, nove foram escolhidas para avançar à terceira fase em 2022. No ano que terminou, elas participaram de outras atividades de formação, como a preparação de um plano de negócios. Na terceira fase, as equipes recebem um aporte de R$ 20 mil para a construção e criação da start up.

As equipes selecionadas, tanto para a segunda quanto para a terceira fases, foram divulgadas no site Paraíba Educa.

 

 

Floricultura teve curso e feiras

 

A Secretaria Executiva da Ciência e Tecnologia da Paraíba também realizou durante o ano ações de fomento ao Arranjo Produtivo Local (APL) das Flores, em parceria com produtores e comerciantes do Ecossistema Flores na Paraíba. Entre os integrantes desse chamado ecossistema estão os pesquisadores das universidades federais da Paraíba, de Minas Gerais, as produtoras, o Governo do Estado da Paraíba, as prefeituras municipais de municípios do Brejo, que também são importantes, além de especialistas que se integram voluntariamente.

"Em reuniões que aconteceram entre fevereiro e março de 2021, nos foi colocado em pauta, orientada pelo nosso gerente executivo Daniel Benitez, a necessidade de evidenciar arranjos produtivos ligados à floricultura. Isso porque o mercado é promissor e, mesmo com a pandemia, esteve relativamente em evidência, com o aumento da venda de folhagens e plantas ornamentais", explica a coordenadora da ação pela SEC&T, Gabriela de Freitas Xavier. "Claro que o histórico do Brejo Paraibano, encabeçado pela cidade de Pilões, com as flores de corte, nos motivou a buscar informações sobre a produção atualmente. Com isso, iniciamos em abril uma série de reuniões remotas com representantes de alguns municípios do Brejo Paraibano (Serraria, Areia, Bananeiras e Pilões) e com produtoras e produtores, para realizarmos uma sondagem, buscando entender como estava o mercado e a produção".

A secretaria ouviu os produtores nos municípios e chamou a atenção o fato de as mulheres constituem a maioria da força produtiva nesse setor. "Mulheres com histórico de violência doméstica, que viram nesse mercado uma saída de sua condição. E deu certo", conta. "O índice de violência doméstica nos municípios em que as mulheres começaram a produzir flores, diminuiu consideravelmente. Porém, há de convir que, em relação à produção de flores de corte, com a pandemia, houve perdas bruscas na produção e assim, o índice de violência doméstica voltou a subir".

Uma feira de plantas ornamentais em Areia, em novembro, e o curso e capacitação Descomplicando a Cadeia Produtiva da Floricultura são ações que envolvem os agentes desse mercado. "Convidamos professores e parceiros da UFPB, UFMG, Epamig, Sebrae/PB para ministrarem as aulas", recorda. "O primeiro módulo foi muito positivo, recebemos os melhores elogios possíveis. Em paralelo ao curso, feiras municipais aconteceram em alguns municípios do Brejo, como Serraria, Areia, Borborema e Bananeiras. As produtoras estão motivadas e prontas para continuar a capacitação".

O segundo módulo do curso está previsto para começar no primeiro semestre de 2022, e o terceiro, no segundo semestre de 2022, com a intenção de, além da aula remota, serem realizadas aulas práticas e presenciais.

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Aplicativo apoia agricultura familiar

 

A agricultura familiar recebe um apoio na forma da criação de um aplicativo que se propõe a diversificar o escoamento e distribuição da produção. A plataforma PB Agromarket será um caminho no celular para esse atalho entre produtor e comprador. "É inserir a agricultura familiar no setor atacadista", explica Daniel Benitez, gerente executivo da SEC&T. "A venda futura é a saída".

“A ideia é a criação de uma cadeia mais curta entre a base produtiva e o consumidor. Isso porque hoje contamos com cadeias mais longas que têm, pelo menos, mais um agente intermediário – que é um agente que não agrega valor a esse produtor, ele apenas disponibiliza serviços. E esses serviços são o que incrementam os preços pagos pelos consumidores finais”, conta Esdras Mendes, que coordena a criação do aplicativo.

Ele informa que agricultores cooperados dedicavam mais de 90% do que era produzido para as compras governamentais. “Por si só esse perfil de escoamento verticalizado estabelece posições de dependência não salutares”, diz Mendes. “A solução (app ou plataforma web) também adicionará elementos de gestão que possibilitarão incrementos na aquisição de insumos, controle de pragas, treinamento e capacitação”.

"É a primeira vez que vamos sair do negócio de 'colhe - bota no caminhãozinho - vai na feira - começa vendendo por R$ 5 e ao meio-dia já está vendendo por R$ 2'", diz Benitez. "É tentar ser formadores de preço e deixar da dependência das compras públicas. Por causa disso, com a pandemia em 2020, os prejuízos foram enormes". 

O PB Agromarket está em fase final de desenvolvimento: a previsão o piloto deve ser colocado para rodar até o final do primeiro trimestre. “A iniciativa aproxima campo, academia, gestão pública e os une pela tecnologia e suas soluções e facilidades na otimização de processos”, afirma Esdras Mendes.

 

 

Paraíba participa mais de olimpíadas do conhecimento

 

As diferentes olimpíadas de conhecimento da educação brasileira ganharam uma atenção especial com a criação de uma Comissão de Olimpíadas Científicas. São competições intelectuais, que reúnem estudantes do Brasil inteiro para enfrentar desafios em diversas áreas. A comissão foi instituída pela Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia, e está vinculada à Secretaria Executiva de Gestão Pedagógica e à Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia, que atuam conjuntamente para turbinar a participação de escolas, professores e estudantes da Rede Estadual de Educação nessas competições.

“No ano de 2021 tivemos muitos desafios para incentivar os alunos da Rede Estadual a participar das olimpíadas do conhecimento, por ter sido um ano em transição do remoto para o presencial, por conta da pandemia. Mas conseguimos obter excelentes resultados”, avalia Fagner Ribeiro, que integra a Coordenação Geral das Olimpíadas do Conhecimento.

O contato foi estreitado com professores para a Olimpíada de Língua Portuguesa, e a Paraíba teve três professores e estudantes finalistas nas categorias “crônica”, “memórias literárias” e “poema”. Para a segunda fase da prova da Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (Obfep), foi disponibilizada uma sede em cada uma das 14 regionais de Ensino do Estado, que ficaram responsáveis por aplicar as provas presenciais, evitando que os alunos se deslocassem para longas distâncias, o que levava a muitas faltas.

Na Olimpíada Nacional de Ciências (ONC), 4.799 escolas estaduais, municipais e particulares paraibanas foram classificadas para a 2ª fase. “Das 223 cidades do nosso estado, apenas duas não participaram”, comemora Ribeiro. “E tivemos um medalhista de ouro, da EEEF André Vidal de Negreiros, de Cuité”.

A comissão acompanhou a prova objetiva da modalidade teórica da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) para estudantes do ensino fundamental e a fase 2 para os estudantes do ensino médio no formato virtual. Foram premiadas 12 escolas da rede. E três escolas paraibanas estão classificadas para a segunda etapa da Olimpíada de Cartografia: a ECIT Alcides Bezerra, de Cabaceiras, a ECIT Jornalista José Itamar da Rocha Cândido, Cuité, e o campus do IFPB em Patos.

 

 

Editais financiam pesquisa em universidades

 

Para as universidades, um edital da FapesqPB reservou R$ 8 milhões para investimento em pesquisas. Na primeira chamada foram aprovadas 83 propostas e nesta segunda, divulgada no último dia 22, mais 75, totalizando 158. O edital contemplou quase todos os programas de pós-graduação da Paraíba que submeteram projetos.

O objetivo do Estado com estes editais é contribuir para o fortalecimento dos programas de pós-graduação paraibanos, e com esse incentivo financeiro impulsionar o intercâmbio acadêmico de orientadores e orientandos, promover a realização de estudos avançados das pesquisas, além de contribuir para a renovação dos quadros docentes e discentes.

Outra das várias ações da FapesqPB no ano foi o lançamento do Prêmio Melhor Empresa Tecnova da Paraíba, dirigida a valorizar os esforços bem-sucedidos de inovação e gestão da inovação nas empresas do Ecossistema de Inovação que atuam na primeira versão do Programa Tecnova. A premiação será no dia 17 de janeiro.

A FapesqPB também foi premiada no final do ano. No dia 9 de dezembro, conquistou dois terceiros lugares no Prêmio Confap de Boas Práticas em Fomento à CT&I. Confap é o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa e CT&I, sigla para “ciência, tecnologia e inovação”. A Fapesq foi premiada nas categorias “Desenvolvimento de Ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação”, com o Programa Ouse Criar, e “Gestão e Desenvolvimento Organizacional”, com o projeto “Planejamento Estratégico (PE) da Fapesq”.

Um fim de ano que anuncia um 2022 que, com as implantações do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, no centro histórico de João Pessoa, e do radiotelescópio Bingo, em Aguiar, promete ser ainda melhor para o setor de ciência, tecnologia e inovação na Paraíba .