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Pós-graduação
Fapesq potencializa a inovação na Paraíba
Evento promovido pela Agência Inova UFPB com Fapesq e FINEP visando tirar dúvidas do Edital Centelha 2 PB
Márcia Dementshuk
Uma ação inédita no Brasil promovida pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba junto aos núcleos de inovação das universidades públicas na Paraíba está potencializando a inovação no Estado. A Fapesq-PB designou bolsas de pós-doutorado pelo Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) para atuação de especialistas junto a estes núcleos. A iniciativa fortalece as ações estratégicas que fomentam a inovação dentro da instituição de ensino e pesquisa e a interlocução junto ao mercado.
Os professores que estão à frente dos núcleos de inovação das universidades públicas na Paraíba concordam que tornar alguma invenção conhecida no meio empresarial - pelo qual essa solução pode ser fabricada em larga escala e comercializada - é uma das tarefas mais complicadas de se concretizar. Por outro lado, o empresário que precisa de uma solução específica também encontra dificuldade para identificar pesquisadores nas universidades capazes de criar uma solução, apesar da competência comprovada dos acadêmicos.
Esses são alguns desafios enfrentados pelos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT), estruturas responsáveis pela gestão da política institucional de inovação, pelas quais são impulsionadas ações focadas em promover inovações, o empreendedorismo, resguardar a propriedade intelectual, ser um auxílio para o pesquisador na hora de “emplacar” seu invento no mercado, entre outras funções.
Equipe do Núcleo de Inovação Tecnológica Inovatec UEPB
“Normalmente as empresas preferem estabelecer parcerias com a universidade no início, quando a solução está na fase primária de desenvolvimento”, explica a professora Simone Lopes, coordenadora da Agência de Inovação Tecnológica da UEPB, a Inovatec. “O Núcleo de Inovação Tecnológica da UEPB tem muito potencial, muitas competências, mas a limitação maior é o recurso humano. Quando dispomos de um bolsista com conhecimento superior e experiência, capacitado para se dedicar às ações estratégicas do núcleo, as perspectivas de expansão do trabalho são concretas”, complementa Simone Lopes.
É esta lacuna que os esforços da Fapesq-PB preenchem. Esses núcleos nas universidades na Paraíba contam, desde o ano passado, com um especialista em nível de pós-doutorado dedicado exclusivamente a desenvolver as ações. “Nós já estamos vislumbrando conquistas”, afirma o presidente da Fapesq-PB, Roberto Germano. “Esses especialistas estão à serviço de um conjunto de propostas, visando um objetivo maior; diferente de estar à disposição de um único programa de pós-graduação. O empenho reflete no avanço das ações de inovação como um todo”, complementa Germano.
O Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação é realizado nacionalmente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fapesq, na Paraíba. Incentiva o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação no país. Em parceria com as Fundações de Amparo à Pesquisa, a iniciativa fortalece os Prgramas de Pós-graduação emergentes e em consolidação nas universidades públicas, em áreas prioritárias para os estados.
Na Paraíba, o primeiro edital foi lançado no ano de 2020 e financia 104 pesquisas, incluindo mestrado e doutorado nas Universidades Federais dal da Paraíba (UFPB) e de Campina Grande (UFCG), na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e no Instituto Federal da Paraíba (IFPB). E 12 cotas de bolsas de Pós-Doutorado nos Núcleos de Tecnologia e Inovação das Universidades públicas da Paraíba.
O segundo edital foi lançado em 2021 e tem como objetivo apoiar projetos com foco no desenvolvimento social, econômico e tecnológico da região Semiárida brasileira. Este edital financia 20 pesquisas de mestrado e doutorado e 12 cotas de bolsas de pós-doutorado nos programas de Pós-Graduação da Ciência e Tecnologia de Alimentos (UFPB), Engenharia e Gestão de Recursos Naturais (UFCG), Ciências Farmacêuticas (UEPB) e Zootecnia (UFPB). O valor de cada bolsa de mestrado é de R$ 1.500,00 e da bolsa de doutorado é de R$ 2.200,00. O mestrado tem duração de 24 meses e o doutorado 36 meses.
No total, está sendo investido R$ 9.125.226,00 sendo R$ 6.897.600,00 pela CAPES e a contrapartida de 1.681.626,00 do Governo da PB por meio da Fapesq.
UFPB prospecta licenciamento de quatro tecnologias neste ano
Na Universidade Federal da Paraíba, o pós-doutorando Samuel Cibulski atua na Diretoria de Transferência e Licenciamento de Tecnologia do Inova, a Agência UFPB de Inovação Tecnológica e está provocando mudanças positivas: “Depois da entrada do Samuel, foi feito o licenciamento de duas tecnologias: uma no final de 2021 e outra, finalizada no início deste ano. E temos quatro tecnologias em andamento, a serem licenciadas”, informa a professora Dra. Kelly Gomes, Diretora-Presidente da INOVA-UFPB (na foto, à esquerda).
Um licenciamento para a fabricação e comercialização de um projeto que tenha obtido a concessão da patente é uma negociação minuciosa, trabalhosa e requer tempo. Inclusive, a concessão da patente é uma conquista demorada: depois que é feita a requisição de depósito de pedido de Propriedade Intelectual no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), o projeto passa por uma exaustiva avaliação até obter a concessão da patente.
Samuel e a equipe do Inova estão fazendo o levantamento das startups vinculadas à UFPB e das ações de empreendedorismo e verificando o nível de maturidade dos projetos. Entre junho e julho deste ano deverá ser inaugurado um espaço para a incubação desses empreendimentos, com espaços de coworking e ambiente favorável para promover negociações entre as startups e o mercado. Além disso, foi atualizada a Vitrine Tecnológica do Inova, e parceria com outros setores da UFPB e hoje está em finalização.
UFCG lidera ranking nacional entre Patentes de Inovação
Entre as Patentes de Invenção, considerando os depositantes que são residentes, o ranking nacional do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI, atualizado em 2021) é liderado pela Universidade Federal de Campina Grande, com 96 solicitações, seguida pela Petrobras (79) e pela Universidade Federal da Paraíba (74). E a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) aparece pela primeira vez no ranking, ficando entre os 50 maiores depositantes residentes de Patente de Invenção.
“A política de inovação é recente na UEPB. Mas identificamos um potencial diversificado, conforme as características de pesquisa dos campi pelo estado”, ressalta Simone Lopes, coordenadora da Inovatec. “Com a pós-doutoranda Flávia Suzane Ferreira dos Santos trabalhando conosco estamos nos preparando para entrar em uma plataforma de vitrine digital em fitoterápicos. Identificamos que as áreas de Odontologia, Engenharia de Alimentos e Energias Renováveis tem um potencial muito grande. O Nutes (Núcleo de Tecnologias em Saúde) tem características de prestação de serviços, mas não de proteção intelectual, o que iremos desenvolver", focaliza a coordenadora.
No Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFCG (NITT), as preocupações do pós-doutorando Hugo Lisboa estão além da primeira posição no ranking do INPI. “O número de registro é elevado, mas o número de concessões é baixo. Com o esforço que estamos empregando, conseguimos ter uma patente concedida e estamos trabalhando para licenciar outras patentes. Trata-se de um produto oriundo das pesquisas sobre a covid-19 e não podemos revelar, por questões de sigilo”, afirma Hugo, que traz experiências vividas entre Portugal e o Brasil, há cerca de 15 anos, nessa área.
“Nosso objetivo é que os grupos de pesquisa que vêm trabalhando dentro da UFCG consigam tornar suas atividades sustentáveis a partir dos projetos que vêm desenvolvendo”, explica. “Se a patente, após ser concedida, é negociada, gera royalties para a universidade, o que é revertido para o laboratório, na compra de equipamentos, reagentes, bolsas e, por sua vez, gera mais atividade de pesquisa, mais inovação”. (Na foto, pesquisadores apresentam documentos da primeira patente concedida ao NITT-UFCG pelo INPI).
Segundo o professor Dr. Rennan Pereira de Gusmão, Coordenador do NITT, a chegada do bolsista trouxe um fôlego extra para as atividades do núcleo: “Nossa Vitrine Tecnológica está ganhando uma nova abordagem. Estamos transformando o que temos em carteira de patentes depositadas junto ao INPI, com potencial de mercado, em uma informação mais compreensível e atraente para potenciais interessados consultarem”.
Entre atividades de capacitação, de levantamento de projetos, professor Rennan coordena a adição de tecnologias da UFCG em marketplaces (vitrines digitais) de catalisação de inovação. Patentes registradas da UFCG envolvendo energias renováveis fazem parte agora da base de dados da plataforma internacional da Wipo Green (Organização Mundial de Propriedade Intelectual).
“Com o auxílio de Hugo e da equipe do NITT, nós conseguimos levantar informações que revelaram o potencial do Estado da Paraíba voltado para inovações em agricultura. A UFCG tem vínculo com programas de Ciências Agrárias e com a agroindústria, programas de Engenharia de Alimentos, Processos de Engenharia Agrícola, Sistemas agroindustriais e esse é um mercado em potencial”, destaca Rennan Pereira. “O esforço da Fapesq deverá melhorar os indicadores de licenciamento e transferências de tecnologia, além de ações com base no empreendedorismo. E registro aqui o nosso reconhecimento à Fapesq pela visão ao apoiar, a partir dessa bolsa, a inovação de forma concreta.”
Márcia Dementshuk, assessoria SEC&T