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EDUCAÇÃO
Estudantes paraibanos são campeões mundiais em concurso de tecnologia
Renato Félix e Márcia Dementshuk
A Paraíba conseguiu um destaque importante no campo da educação e da ciência com a vitória de três estudantes na fase mundial da Huawei ICT Competition 2021-2022, promovido pela empresa chinesa de tecnologia para alunos de instituições com as quais ela possui parceria, a Huawei ICT Academy. Luana Barros, Gabriel Gutierrez e Marcos Ugulino – os dois primeiros do curso de mestrado em Engenharia Elétrica, o terceiro, do curso superior de Tecnologia em Redes de Computadores – são do campus João Pessoa do Instituto Federal da Paraíba, e tiveram como mentor o professor Michel Coura Dias. A cerimônia de premiação aconteceu na quinta-feira, no plenário da Assembleia Legislativa da Paraíba.
Estudantes de quatro universidades foram premiados na fase global da competição – todas do Nordeste: Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal de Alagoas, Instituto Federal do Ceará, além do trio do Instituto Federal da Paraíba, que conquistou o primeiro lugar. Estiveram presentes na cerimônia também representantes da Huawei, do Ministério da Educação e do Governo da Paraíba, representado por Rubens Freire, secretário executivo de Ciência e Tecnologia, e por Roberto Germano, presidente da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB).
A final foi realizada de forma remota no dia 17 de junho, mas com os alunos brasileiros reunidos no escritório da Huawei em Brasília, e o resultado foi divulgado dia 25. A cerimônia de premiação também marcou o lançamento da edição 2022-2023 da competição, que tem fases nacional, regional e global e possui três linhas de atuação: inovação, redes e cloud (nuvem), que é na qual os paraibanos foram campeões. A final contou com participantes de 85 países, num total de 150 mil estudantes e esta é a segunda vez seguida que uma equipe do IFPB fica com a primeira colocação.
“A competição envolve os insitutos que são parceiros da Hauwei. Cada instituição monta uma equipe de três pessoas”, explica Gabriel Gutierrez. “A competição consiste em provas teóricas e práticas”. “E essas provas utilizam produtos e tecnologias da própria empresa”, complementa Luana Barros.
As provas são desafios propostos pela empresa, para serem resolvidos em um determinado tempo. Não é coisa simples: na etapa nacional, os estudantes tiveram quatro horas para resolver os problemas; na etapa regional (da América Latina), o tempo foi de seis horas; e na etapa global, foram reservadas oito horas contínuas de trabalho.
Em cada prova, uma série de critérios são estabelecidos e, cumpridos, vão somando pontos. “Cada prova prática tem um roteiro com diversas etapas. Cada etapa tem uma pontuação”, explica Gutierrez. “O desafio da prova é exatamente conseguir fazer tudo no tempo proposto. Exige muita dedicação e divisão de tarefas entre todos os membros da equipe”.
Luana e Gabriel estudam no memso mestrado, mas não conheciam Marcos Ugulino. “Eles já trabalhavam juntos e eu conheci eles na preparação para a competição”, conta. “O conteúdo da prova aborda cloud computer, cloud service, inteligência artificial, big data. A gente precisava ter conhecimento de todos os assuntos, mas cada um se especializou em determinadas áreas para, quando chegasse na prova, unir todo o conhecimento”.
Luana Barros, por exemplo, era a especialista na área de inteligência artificial. “Comecei a trabalhar com inteligência artificial, que foi minha área principal, dentro do polo de inovação, trabalhando em projetos de inovação”, lembra. “O polo de inovação tem diversos laboratórios de pesquisa, como o Assert”, completa Gabriel.
Pós-graduações em destaque
Para Roberto Germano, é muito significativo que esse evento tenha acontecido na Paraíba, estado que uniu a Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia à Secretaria de Educação, em 2019. “Na Paraíba, não podemos deixar separado a educação da ciência, tecnologia e inovação. A união das secretarias mostra claramente que esses dois temas são indissociáveis”, afirmou, em seu discurso à plateia.
Ele também ressaltou os bons números das pós-graduações paraibanas no cenário nacional, considerando que há um investimento em bolsas financiadas pela Fapesq-PB. “Quando sai a avaliação da educação superior em nível de pós-graduação no Brasil, nós tivemos avanços significativos no estado da Paraíba”, apontou. “Somente com a instituição que concentra o maior número de pós-graduações, a UFPB, são 76% do programas de pós-graduação em nível de excelência, com conceitos 5, 6 e 7”.
Rubens Freire também apontou a importância da educação quando se dirigiu à plateia. “Somos todos jovens por causa dos nossos sonhos. E nossos sonhos de transformação da sociedade são realizáveis pela educação”, considerou. “Não há outro caminho. Pela construção da cidadania, pela busca de conhecimento e pela técnica que permitirá transformar conhecimento em benefícios”.
Porém, ressaltou a importância da política nesse cenário. “O conhecimento científico apenas em si, a educação de qualidade apenas em si, não são suficientes para resolver nossos problemas mais profundos: a fome, o desemprego...”, disse. “São decisões políticas que resolvem esse problema”.
Ele também afirmou que é interesse do Estado estreitar laços com empresas chinesas e com o governo chinês. A Paraíba investiu R$ 15 milhões na compra de equipamentos para dar suporte ao radiotelescópio Bingo, que está sendo instalado no município de Aguiar, equipamento esse oriundo de uma empresa chinesa.
Importância do ensino público
A aproximação entre IFPB e Huawei permite outras oportunidades aos estudantes, além dessa competição anual. Cursos também servem para aprendizado e estreitamento de laços e foi assim que Luana Barros e Gabriel Gutierrez já estão integrando os quadros da empresa como contratados. Marcos Ugulino também recebeu propostas dos chineses. É uma vitória que vai além do prêmio de R$ 18.800 para o IFPB: é o futuro se desenhando.
“Esse tipo de evento de incentivo, tanto privado quanto público, é muito importante para que o estudante consiga enxergar onde ele pode chegar”, analisa Luana. “Ele tem que ter uma perspectiva”. Ugulino também ressalta a importância da educação. “Talvez a educação não seja o caminho mais fácil para mudar de vida, mas é o mais certo”, avalia. “Só depende do seu esforço. Se você estudar bastante, participar de pesquisa, pode chegar lá”.
E, importante ressaltar, todos os premiados são olriundos do ensino público gratuito. “A gente tem que enaltecer o ensino público de qualidade”, finaliza Marcos.