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Ecossistemas de inovação em prol do desenvolvimento social e econômico
Ecossistema, segundo o dicionário Michaelis, é um “sistema formado por um meio natural e pela comunidade de organismos animais e vegetais, assim como as inter-relações entre ambos”. Esse termo usado na biologia ganhou um significado metafórico em uma área bem diferente: são os ecossistemas de inovação, redes que unem órgãos de governos, entidades de ensino e empresários de uma determinada região, todos em busca por criar um ambiente que propicie o desenvolvimento de empresas que lidam com a inovação e que isso leve ao desenvolvimento econômico e social dos locais em que atuam. Na última quinta-feira (15), vários desses agentes estiveram reunidos em Campina Grande em um encontro que teve por objetivo modular ações para o estímulo desse ambiente de inovação na cidade.
O encontro aconteceu no Sebrae Lab, no bairro do Catolé, em Campina. O secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Claudio Furtado, a coordenadora do Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, Francilene Garcia, e a coordenadora de Empreendedorismo e Inovação da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB), Layse Sobreira Bento, participaram do evento.
À plateia de empresários e representantes de órgãos públicos, o consultor do Sebrae Marcos Suassuna falou principalmente sobre a necessidade de ação coordenada e com um propósito em comum, que é causar impacto positivo no desenvolvimento econômico e social da região de Campina Grande. “Como é que a gente discute ou implementa objetivos para um ecossistema se cada um tem seus objetivos independentes?”, perguntou ele. “A gente precisa trabalhar de formas a entender que está fazendo um trabalho coletivo e cooperado pelo ecossistema. A gente não está aqui desenvolvendo A, B, C ou D. a gente está desenvolvendo nossas ações para implementar o ecossistema. E o modelo de organização que a gente compreende que é mais fácil e mais interessante e adequado para a gente desenvolver isso é o modelo de hub”.
Essa expressão, “hub”, no caso, também é uma metáfora. A palavra original inglesa define algo que está no centro de alguma coisa ou de alguma atividade intensa. Na computação, é uma peça que transfere dados entre equipamentos. Nesse ambiente de mercado, é a reunião desse grupo de empresas e instituições
“A gente está falando de ‘hub de inovação de Campina Grande’ no sentido de uma organização composta por elementos do ecossistema para a implementação daquilo que diz respeito coletivamente ao desenvolvimento econômico sustentável do ecossistema”, definiu Suassuna. Os encontros debateram as aspirações dos envolvidos, procurou definir um propósito comum, um modelo de negócios e, finalmente, ações a curto prazo.
“Na medida em que a gente tem esse grupo cada vez mais consolidado, mais dinamicidade a gente dá ao ecossistema de inovação. Isso é fato”, afirma o consultor. “Muitos ecossistemas têm problemas porque as relações são frágeis. São ‘ecossistemas’. Na medida em que vamos implementando essas ações, com essa organização, vamos contribuir com um nível de maturidade nas relações”.
“Ter participado da implementação do hub de inovação em Campina Grande foi um momento enriquecedor”, comentou depois a representante da Fapesq-PB. “Foi possível, junto com atores locais, traçarmos objetivos e ações para que possa ser consolidado esse ambiente de inovação que tanto a cidade e o estado precisam. Através de atividades de construção coletiva foi possível principalmente detectar as possíveis dificuldades e como nós poderíamos construir esse ambiente. Nos próximos meses já devemos ter algumas ações consolidadas, para que o hub de inovação possa sair do papel e de fato virar uma realidade”.
A tradição de Campina na área da inovação provoca um bom prognóstico. “Se você olhar para cidades do tamanho de Campina em número de habitantes, aqui o percentual da população que faz parte desse polo de inovação é grande. São estudantes ou pesquisadores, empreendedores...”, analisa Claudio Furtado. O que você tem em Campina é um ecossistema praticamente já estabelecido: tem um parque tecnológico que é um dos mais antigos do Brasil, a presença das instituições públicas de ensino superior, Fiep, sistema S... Agora é potencializar cada vez mais. Houve um tempo em que as ações começaram a ficar isoladas e hoje é importante, com a ação do Governo do Estado e com essa criação do hub, juntar os atores para que essa força possa ser potencializada”.
Sousa tem ecossistema nascentes
O secretário Claudio Furtado falou à plateia na abertura do evento/ foto: Mateus de Medeiros
Para Claudio Furtado, o papel do Estado é o de ser um catalizador para fazer a ação acontecer. “Com financiamento, com apoio, criando ambientes de inovação para que esse ecossistema possa ser desenvolvido”, explica. “A ideia do governo é justamente essa: servir como cola do ‘reding’ – como diz o Marcos Suassuna, nessa tradução que faz de ‘networking’ – para que essa conexão ocorra”.
Suassuna apresentou essa série de encontros de modulação em João Pessoa, Campina Grande e em Sousa. “Isso vai muito com a visão que o governo tem do estado da Paraíba como um ambiente de inovação, onde você pensa em diversas regiões-polo que têm características diferentes. Há problemas diferentes para serem resolvidos, e também inovação em áreas diferentes”, conta Furtado. “Em Sousa, você vê um ecossistema forte em alguns setores específicos da economia. Há Tecnologia da Informação (TI), claro, mas tem uma indústria alimentícia muito forte, um polo turístico forte por causa do Vale dos Dinossauros, o bioma caatinga e as energias renováveis. E a presença dos mesmos órgãos que a gente já mencionou. Cada um dando uma contribuição dentro do seu perfil”.
Ele afirma que outros polos devem surgir no estado. “Outros hubs em outras áreas devem surgir e devem ser trabalhados e implantados com o passar do tempo”, diz.
Parque Tecnológicos agrega iniciativas de inovação
O Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, embora tenha sede física em João Pessoa, tem ações que se estendem para todo o estado, por isso a presença no evento. “Desde a criação do programa, no início do primeiro mandato do governador João Azevedo, a ideia já era trabalhar em todas as áreas geográficas do estado que têm vocação para ser ecossistema de inovação”, conta Francilene Garcia. “É natural que o nosso ambiente também possa convergir com iniciativas onde o Governo do Estado atue num ecossistema mais antigo como é o caso de Campina Grande. E acompanhe o nascimento de outros ecossistemas em outras regiões do interior do estado, como é o caso de Sousa”.
Ela lembra que o programa desde o nascedouro já tem como missão agregar novas iniciativas e consolidar iniciativas existentes. “E, mais do que tudo, olhar de forma mais sistemática para as iniciativas do empreendedorismo inovador no nosso estado, o dialogo dessas iniciativas e das ICTs com as áreas estratégicas vocacionadas”.
O edital Conectando Startups, segundo ela, é uma demonstração dessa postura institucional. “O edital, pela primeira vez no estado, trouxe uma chamada de subvenção econômica para empresas em duas cadeias importantes: a educação e o turismo sustentável”, conta. “Essas startups têm uma presença mais densa em João Pessoa e Campina Grande, mas elas estão espalhadas pelo estado. E mais do que isso; o resultado do apoio que nós estamos dando nesse edital a essas empresas será importante para a evolução nas áreas da educação e turismo em qualquer região do estado”.
“Então o Parque Tecnológico Horizontes de Inovação tem essa missão de somar, agregar ao conjunto de instituições que já vêm atuando e trazer muito provavelmente algumas iniciativas inovadoras ainda inexistentes no estado”, continua ela.