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Ciclo sobre mulher na ciência termina sexta falando de desenvolvimento sustentável
Alessandra Brandao falará na palestra de sexta-feira/ foto: divulgação
Renato Félix
O ciclo de lives “Sempre Foi Sobre Nós”, promovido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, e dedicado a discutir a presença da mulher na ciência, termina na próxima sexta-feira. O tema será “Mulheres e os objetivos de desenvolvimento social da ONU”, com Rafaela Camaraense, secretária de Estado do Meio-ambiente Sustentabilidade, e Alessandra Brandão, professora da UEPB. A transmissão será às 10h, pelo canal da Fapesq-PB no YouTube.
A participação da professora Alessandra Brandão trará uma reflexão sobre as ideias que encaminharam o mundo para a atual crise ambiental, que, na visão da docente, se apresenta mais como uma crise civilizatória do que ecológica. Também abordará alguns pontos da literatura ecofeminista que entende a necessidade de uma nova forma de olhar o mundo, a partir do respeito a todos seres humanos e não-humanos.
“Uma perspectiva ecofeminista apresenta a necessidade de uma nova cosmologia que reconhece que a vida na natureza – incluindo os seres humanos – mantém-se por meio da cooperação, cuidado e amor mútuos”, adianta a professora. “Somente deste modo estaremos habilitados a respeitar e a preservar a diversidade de todas as formas de vida, bem como das suas expressões culturais, como fontes verdadeiras do nosso bem estar e felicidade”.
Na sexta passada, o tema foi “Mulheres, inovação e empreendedorismo feminino”, com Flávia Aquino, coordenadora do curso de Engenharia de Energias Renováveis da UFPB, e Turla Alquete, diretora do campus Cabedelo do IFPB.
A professora Turla mostrou dados para expor como a representatividade das mulheres em cargos de direção no IFPB ainda é baixa: 28%, enquanto elas são 37% do corpo docente. Entre os estudantes, elas são 43% na graduação, 47% na pós-graduação e impressionantes 68% no Proeja, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos do MEC. Para ela, esse número tem uma explicação. “A gente percebe que a mulher está no Proeja porque ela não pôde estar antes na universidade”, pondera. “O papel social da mulher ainda é muito ligado ao cuidar da casa – tudo, menos aos estudos”.
Ela também contou que o instituto lançou em 2011 o Programa Mulheres Mil, repaginado em 2021 como Qualifica Mulher. “É um programa que traz uma formação profissionalizante e, dentro disso, aparece o empreendedorismo”, diz. “Eram turmas de 40 mulheres e o final do curso era sempre de muita emoção, com a possibilidade dessa formação ajudar a melhorar as condições de vida dessas mulheres”.
Segundo ela, os cursos ofertados eram diretamente ligados ao mercado e às necessidades da comunidade: Panificação e Beneficiamento de Pescado. “Existiu uma busca ativa dessas estudantes: fomos às comunidades procurar as mulheres interessadas em fazer esses cursos, existia o transporte que trazia essas mulheres ao campus e elas ainda recebiam um valor diário de R$ 10 para poderem se alimentar”, conta. “Então veja que não é somente ofertar o curso: é dar todas as condições para que essa mulher, que está em extrema vulnerabilidade, possa concluir o seu curso profissionalizante de três meses com êxito”.
Flávia Aquino, por sua vez, mostrou como áreas de ciências exatas ainda têm uma presença muito maior de homens e que a presença de mulheres inspira outras mulheres que vêm na sequência. No seu departamento, são 10 professoras entre 29 docentes. Mas ela afirma que isso ainda era mais visível no ensino médio.
“No ensino médio só tive professor de química, não professoras”, contou. “Era um universo muito masculino. Só comecei a ter professoras na universidade. E no mestrado e doutorado, eu tive uma grande orientadora na UFRN, a professora Dulce Melo. E vê-la dar conta da vida pessoal, da vida profissional, gerindo 30 alunos, dando aula e em projetos, ela virou minha musa inspiradora. Eu disse: ‘Então acho que eu consigo também’”.