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Ciclo de lives debate a mulher na ciência a partir de segunda

publicado: 05/03/2023 00h00, última modificação: 21/03/2023 16h48
Transmitidas pelo YouTube da Fapesq-PB, palestras trazem pontos de vista sobre os problemas e conquistas femininas na área
2023.03.05 - A União - Live Mulheres na Ciencia - Alessandra Brandao

Alessandra Brandão será uma das convidadas do ciclo de lives/ foto: arquivo pessoal

 

 

 

Renato Félix

 

Segundo a ONU, apenas 30% dos cientistas do mundo são mulheres. No Brasil, esse número é melhor, segundo o CNPq: 43,7%. No entanto, essa porcentagem não se repete quando o assunto é cargos de liderança na área: menos de 10% dos membros da Academia Brasileira de Ciências é mulher, segundo uma pesquisa da PUC do Paraná (https://ead.pucpr.br/blog/mulheres-na-ciencia). A desigualdade também é notável a respeito de publicações, citações, bolsas concedidas e colaborações. No entanto, essa questão está sendo cada vez mais discutida e tornada pública, contexto em que se insere o ciclo de lives Sempre Foi Sobre Nós – Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação para a Mulher, que começa nesta segunda.

A primeira live será às 10h, com D’Angelles Coutinho Vieira, falando sobre “Pesquisa de gênero e sexualidade”. As transmissões ao vivo serão pelo canal da Fapesq-PB no YouTube. A promoção do ciclo é da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e da Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana (SEMDH) – veja no quadro a programação completa.

A professora Alessandra Brandão, da Universidade Estadual da Paraíba, estará na live de encerramento, dia 31. Para ela, a desigualdade em relação às mulheres na ciência melhorou, mas ainda falta uma estrada a percorrer. “Avançamos, mas ainda pouco”, avalia ela. “O ambiente acadêmico foi pensado por homens e para homens e repensar estrutura requer que mais mulheres ocupem espaços de decisão. No entanto, a própria estrutura impede a chegada nesses espaços”.

“A ciência é uma das áreas em que as mulheres eram muitas vezes ofuscadas”, diz Rafaela Camaraense, secretária de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade, que também falará ao público no dia 31. “Eu tenho certeza de que há muitas meninas que hoje estão se formando, que querem ser cientistas, que querem participar de uma gestão, e a gente mostra que elas podem chegar a esses postos de liderança ou serem cientistas. Esses exemplos de representatividade são importantes”.

“O que é interessante é que o tema ‘mulher na ciência’ começa a tomar corpo da sociedade, começa a tomar corpo da militância feminista e feminina”, avalia Rubens Freire, secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. “Era algo não tratado, desconhecido, e esse ‘tomar corpo’ ocorre por iniciativas já há algum tempo de sociedades brasileiras acadêmicas. Por exemplo, a Socieidade Brasileira de Física, a Sociedade Brasileira de Química, a Sociedade Brasileira de Matemática, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Academia Brasileira de Ciência... Essas instituições, já há alguns anos, perceberam a necessidade de trazer esse tema para uma posição de foco, destacada”.

A maternidade continua a ser alvo de discriminação no meio. “Infelizmente sim e de diversas formas diferentes, que vão desde avaliações acadêmicas iguais para situações diferentes – por exemplo: gestar e cuidar de uma criança –, até avaliações mais subjetivas – como ser preterida de projetos e cargos por precisar de afastamentos para assistência médica a filhos, por exemplo”, afirma Alessandra, que integra o núcleo central da iniciativa Parent in Science. “Enquanto um homem na mesma situação é elogiado por desempenhar um trabalho que seria do feminismo”.

 

Lives mostrarão visão de mundo das mulheres 

 

Para Alessandra Brandão, a iniciativa das lives no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher é mais que oportuna. “A iniciativa é maravilhosa”. afirma. “Primeiro, se utiliza de um mês que dá visibilidade às mulheres pra colocá-las não nessa visão romantizada de elogios, mas no lugar de mostrar sua visão de mundo sobre diversos temas”.

Por outro lado, ela diz, é preciso ampliar a comunicação desses temas para que outras pessoas percebam a necessidade de estabelecer diálogos e parcerias capazes de causar as transformações necessárias. “E a comunicação tem ferramentas importantes para isso”, diz ela, que é coordenadora geral do Peldcom, o programa de comunicação pública dos programas ecológicos de longa duração (Peld).

A comunicação será um dos tópicos que vai abordar. “A minha participação alia as minhas  áreas de formação, que dizem respeito à comunicação e ao meio ambiente”,conta. “Faremos uma análise, dentro da perspectiva dos Objetivos de Desenvolvimento Social (ODS), de como modelos de comunicação mais democráticos, como o modelo dialógico, podem contribuir para a construção de um mundo mais sustentável”

 

PROGRAMAÇÃO DAS LIVES

 

Segunda, 06/03 – 10 h – “Pesquisa de gênero e sexualidade”, com D’Angelis Coutinho Vieira (UFPB)

Segunda, 13/03 – 10 h – “Por mais mulheres na agricultura familiar”, com Nívea Felisberto (Embrapa) e Inês Nunes (SEAFDS)

Sexta, 17/03 – 10h – “Mulheres e os arranjos produtivos locais (APL)”, com Márcia Gondim (Programa Paraíba Produtiva) e Maria José “Lia” Araújo dos Santos (produtora local)

Sexta, 24/03 – 10h – “Mulheres, inovação e empreendedorismo feminino”, com Flávia Aquino (UFPB) e Turla Alquete (IFPB)

Sexta, 31/03 – 10h – “Mulheres e os ODS da ONU”, com Rafaela Camaraense (Semas/PB) e Alessandra Brandão (UEPB)