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Radiotelescópio BINGO
Antena do Bingo chega em Campina Grande
Equipamento foi enviado de São Paulo e recebido por pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande
Nem a chuvarada na tarde desta sexta-feira (13/05), em Campina Grande, atrapalhou a chegada de um dos equipamentos mais importantes do conjunto que forma o radiotelescópio Bingo: um dos outrigger, ou seja, uma antena em formato corneta, com 5 metros de comprimento. O equipamento principal está em construção no município de Aguiar, no sertão paraibano, e deverá ter 28 antenas cornetas como essa em sua composição. Enquanto as obras avançam em Aguiar, a antena corneta enviada de São Paulo para a Paraíba irá operar no Vale dos Dinossauros, em Sousa, como suporte, auxiliar ao radiotelescópio; irá detectar rajadas rápidas de rádio no espaço, um evento astronômico de grande relevância. O projeto Bingo é uma colaboração internacional a qual o Governo do Estado da Paraíba integra. O Governo da Paraíba assegurou investimentos de cerca de US$ 2 milhões para a construção do radiotelescópio.
Vídeo: Amílcar Rabelo - projeto Bingo
As atenções das pesquisas em astronomia no mundo inteiro estarão voltadas para a Paraíba. O radiotelescópio Bingo está destinado a desvendar a estrutura de distribuição de massa do universo, investigando o que é a parte escura do espaço (95% do universo é desconhecido). Isso será feito através da leitura de ondas de radiofrequência emitidas do universo e capturadas por estas antenas modelo corneta.
Além disso, procura-se saber o que são as rajadas rápidas de rádio, que correspondem a uma aniquilação total de mil trilhões de quilogramas de matéria em energia pura, o que corresponde a 3 dias de sol sobre todo o horizonte solar.
Com esse propósito, o outrigger que acaba de sair do caminhão e está em um dos depósitos da Universidade Federal de Campina Grande, onde o projeto é desenvolvido localmente, será instalado nas dependências do Monumento Natural Vale dos Dinossauros. Irá apontar para o mesmo trecho no universo que outro outrigger já está apontando. No ano passado começou a operar uma antena como esta, na UFCG, O Bingo Uirapuru. “As duas irão combinar o sinal e darão uma resolução melhor dos sinais captados. Quando o Bingo estiver pronto elas se juntarão com os sinais vindos do equipamento principal”, explica o professor Amílcar Rabelo, um dos coordenadores na Paraíba.
Esse outrigger está sendo desenvolvido por pesquisadores integrados ao Bingo, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. As antenas são construídas pela empresa Alltec, de São Paulo. Na Paraíba, a equipe do Bingo trabalha para colocá-las em operação, desenvolvendo sensores, conectores e outros equipamentos: “Não tenho como explicar o quanto estamos aprendendo, fazendo experiências. Tanto nós, pesquisadores mais experientes, quanto estudantes de pós-graduação e da graduação”, fala o professor Amílcar Rabelo.
O radiotelescópio Bingo, em Aguiar, terá o tamanho de um estádio como o Maracanã. Um dos méritos do Bingo é ser o primeiro grande projeto em astronomia gerido preponderantemente por brasileiros. O grupo gestor, de sete pessoas, tem um pesquisador da China e os outros seis são brasileiros. Mas cerca de 100 cientistas ao redor do mundo estão envolvidos.
As 28 antenas cornetas estarão apoiadas em uma estrutura metálica, os espelhos. A planta dessa estrutura foi desenvolvida por especialistas brasileiros e será construída com tecnologia chinesa. De acordo com Amílcar Rabelo, o contrato com a empresa chinesa é complexo, está em fase final. Será feito por intermédio da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTecPB).
Além dos aspectos astrofísicos, o Bingo tem projetos técnicos, subjacentes ao projeto total; é um projeto de big Science, ligado com a produção tecnológica, resultará em registros de patentes (invenções) a seres concedidas. Outros fatores a serem destacados é formação de pessoal que sabe lidar com big data, uma contribuição para a sociedade.
No aspecto educacional, a big science consegue colocar para a população o que é essencial hoje, em vista da pandemia, em vista do posicionamento anticiência de vários grupos. E ainda, o projeto, na Paraíba, atua na popularização da ciência, levando o conhecimento em astronomia para estudantes de escolas em Campina Grande e em Aguiar.
Por Márcia Dementshuk, assessoria SEC&T
Foto e vídeo: Amílcar Rabelo - Projeto BINGO