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Sedh e parceiros realizam cine-debate e discute ações de combate ao trabalho escravo
Um Cine-Debate, com a exibição do documentário “Precisão”, lançado em novembro de 2019, deu continuidade, na noite dessa quarta-feira (1), às atividades da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano, juntamente com outras instituições, alusivas ao Dia Nacional do Combate ao Trabalho Escravo, que ocorreu em 28 de janeiro. O filme retrata as histórias de vida de seis pessoas resgatadas dessas condições de trabalho escravo. A data foi instituída em memoria a Chacina de Unaí, após o assassinato de três auditores fiscais em serviço, acontecido em 28 de janeiro de 2004.
Na ocasião também teve a discussão acerca da temática, trazendo uma reflexão sobre o trabalho análogo à escravidão e os desafios para combatê-lo. Participaram do debate, representantes das esferas federais e estaduais, além da sociedade civil, durante o evento realizado no auditório da Escola de Música, no Espaço Cultural, em João Pessoa.
Mônica Ervolino, gerente executiva de Direitos Humanos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano, ressaltou que debater esse tema é fundamental, e comentou que a exibição do documentário demonstra a gravidade do problema e pertinência de trazer diversos órgãos para promover o trabalho em rede intersetorial no enfrentamento desse crime.
“A importância de pautar o Combate ao Trabalho Escravo é reconhecer que essa herança colonial nefasta ainda é presente em nossa sociedade, e a principal forma de enfrentar essa violação é a informação e sensibilização para reconhecimento dos casos de trabalho escravo, como forma de prevenir que os trabalhadores se submetam a essa situação e, quando acontecer, que toda a sociedade saiba identificar e denunciar, ligando para o Disque 123, um serviço de denuncia próprio do Estado”, enfatizou a gerente.
Para o procurador do Ministério Público Federal, Renan Paes Felix, assistir o documentário foi impactante, e ressaltou que, após 10 anos de atuação de forma direta no resgate de trabalhadores em condições de trabalho escravo, considera o quanto é grave e ainda presente nos dias atuais. “É muito gratificante quando a gente consegue ver que o trabalho de órgãos públicos e entidades da sociedade civil conseguem trazer mais dignidade das pessoas mais vulneráveis”, comentou.
E observou: “É importante pontuar que 20 anos de trabalho dos órgãos públicos tem gerado resultados positivos e o Brasil hoje é uma referência internacional em termos de combate ao trabalho escravo, e aos poucos esse avanço vai sendo concretizado, com a concretização de direitos sociais e dignidade dos trabalhadores”.
Marcela Asfóra, procuradora do Ministério Público do Trabalho e representante da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), destacou a importância do debate. “É muito importante para deixar visível porque quanto mais a gente informa menor quantidade de vítimas. O documentário retrata exatamente como é a realidade, imagine presencial. Eu vivi uma das experiências mais importantes da minha vida enquanto ser humano, procuradora e em especial porque a gente consegue perceber que os empregadores têm condição de manter o trabalho decente e não fazem deliberadamente, isso é o mais revoltante”, declarou.
A procuradora do Ministério Público do Trabalho ainda comentou que, segundo dados, de 2013 até 2021, 546 pessoas naturais da Paraíba, foram encontradas nessa situação de trabalho análogo ao escravo.
“Desde da origem do nosso movimento sindical dos trabalhadores rurais que uma das principais ações é sobre o combate ao trabalho escravo, principalmente na zona canavieira. Esses momentos são importantes para fazer um chamamento do poder público e a inclusão da sociedade para o debate”, disse Ivanildo Pereira Dantas, representante da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares da Paraíba (Fetag-PB).