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João Azevêdo participa de lançamento de trilogia e de homenagem ao centenário de nascimento de Celso Furtado

publicado: 26/07/2020 19h50, última modificação: 26/07/2020 19h53
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O governador João Azevêdo participou, neste domingo (26), de uma live promovida pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em homenagem ao centenário de nascimento do economista Celso Furtado, data em que o paraibano comemoraria 100 anos. Na ocasião, também ocorreu o lançamento oficial da trilogia “Celso Furtado: A esperança militante”, publicada pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) e a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).

O governador destacou a satisfação de homenagear Celso Furtado e reforçou a colaboração do Governo da Paraíba nas ações voltadas para o conhecimento das obras e ideias do paraibano.  “É uma satisfação poder homenagear Celso Furtado, que foi um articulador de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento, à superação da dependência econômica e à redução das desigualdades sociais que ainda hoje existem. Essa é uma oportunidade de enaltecer esse grande paraibano de Pombal, que virou cidadão do mundo pela sua leitura de que desenvolvimento econômico precisa estar atrelado às políticas de inclusão social. É preciso entender que as ideias e os princípios dele continuam extremamente atuais e precisamos continuar avançando, pois a nossa região tem um potencial enorme e temos trabalhado para diminuir as desigualdades sociais na Paraíba, a partir da ampliação do agronegócio e da agricultura, da implantação de usinas de geração eólica e solar e sabemos que estamos no caminho certo”, ressaltou.

O reitor da UEPB, Rangel Júnior, enalteceu a iniciativa do Governo do Estado de instituir 2020 como o ‘ano Celso Furtado’ e de criar o ‘Desafio Celso Furtado’ na rede estadual de ensino. “Esse é um momento histórico importante porque estamos trazendo à luz uma obra de grande porte. O governador anunciou, no ano passado, que colocaríamos Celso Furtado no centro do debate, dedicando este ano ao centenário dele e aos 90 anos de Sivuca. Quero destacar também a iniciativa recente do ‘Desafio Celso Furtado’, na tentativa de provocar a juventude estudantil a mergulhar no pensamento desse destacado paraibano na busca de soluções em problemas localizados. A ousadia de Celso Furtado e a capacidade de pensar além do seu tempo são a grande contribuição que ele nos deixou e atravessa mais da metade de um século, com debates e reflexões sobre sua obra, uma demonstração de que quando as pessoas deixam boas ideias não morrem, mas continuarão alimentando sempre o pensamento de outras gerações”, pontuou.

A professora e economista Tânia Bacelar agradeceu a oportunidade de participar do lançamento da trilogia ‘Celso Furtado: A esperança militante’. “Essa é uma ação realizada por uma universidade pública de um Estado nordestino, justo na Paraíba, por conta da visão preconceituosa sobre a nossa região e que se transformou, recentemente, em sinônimo do Nordeste e do nosso grito uníssono: Somos Todos Paraíba. Eu entendo que a trilogia ficará registrada na história como a mais importante homenagem entre todas que esse centenário estimulou e é uma honra homenagear o nascimento desse grande brasileiro, que dedicou sua vida para tentar entender e explicar o Brasil e para ajudar a transformar nosso país numa verdadeira nação”, disse.

Viúva de Celso Furtado, a jornalista Rosa Freire d’Aguiar Furtado destacou o significado das ideias do paraibano para as novas gerações. “Desde que Celso faleceu, ele está sendo bastante lido e comentado por pesquisadores e universidades, indo muito além da economia. Celso hoje é um pensador de relações internacionais, de Ciências Políticas, de estudos culturais e do Direito. Além disso, há dois temas das obras de Celso Furtado que demonstram que estão muito presentes na nossa vida, como o enfraquecimento dos Estados nacionais e o subdesenvolvimento. Eu espero que esses encontros que estamos fazendo levem às novas gerações essa mensagem de Celso, cujas ideias só fazem ganhar vigor com o tempo”, acrescentou.

Trilogia - “Desafios”, o último volume da trilogia foi produzido com a colaboração de pesquisadores que, inspirados em Furtado, atuam na área do desenvolvimento regional – um dos principais temas da obra do economista paraibano, segundo informou Cidoval Morais, um dos organizadores da trilogia “Celso Furtado: A esperança militante”. Entre os autores deste terceiro volume estão os pesquisadores Rainer Randolph, Carlos Brandão, Ângela Cristina Trevisan, Marcos Antônio Mattedi, entre outros. O e-book é uma publicação de acesso aberto e estará disponível no site da EDUEPB.

O segundo volume da trilogia “Celso Furtado – a esperança militante”, que tem como título “Depoimentos”, foi lançado no dia 23 de junho. A obra reúne entrevistas realizadas pelos organizadores nos últimos cinco anos, com pessoas que trabalharam, estudaram e interagiram com Celso Furtado, entre 1959 e 2003, nos principais momentos de sua carreira acadêmica e política, que envolve sua atuação na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), na criação da Sudene, nos ministérios do Planejamento e da Cultura, além do exílio. Entre os entrevistados estão Otamar de Carvalho, o falecido sociólogo Chico de Oliveira, o economista Osvaldo Sunkel, Gozaga Belluzo, Oswaldo Martneer, Ângelo Osvaldo e os paraibanos Juarez Farias, que foi a primeira pessoa contratada por Furtado para o projeto da Sudene e Manoel Dantas Villar Filho, um dos primeiros engenheiros da Sudene.

Já o primeiro volume da trilogia, intitulado “Interpretações”, disponibilizado no início de junho, aborda leituras sobre a obra de Furtado, feitas por especialistas brasileiros, latinoamericanos e europeus nos últimos 30 anos. Entre os brasileiros, estão nomes como Maria da Conceição Tavares, Tânia Bacelar, Bresser Pereira, Carlos Brandão, Wilson Cano, Aristides Monteiros. Também estão neste volume Carlos Malorquim e José Luis Cardoso. A viúva de Celso, a jornalista e tradutora Rosa d’Aguiar também integra este primeiro volume.

Biografia -  Celso Furtado nasceu em 26 de julho de 1920 em Pombal, no Sertão da Paraíba, e faleceu em 20 de novembro de 2004, no Rio de Janeiro. Fez estudos secundários no Liceu Paraibano, em João Pessoa, e no Ginásio  Pernambucano, no Recife. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1944), Doutor em Economia (1948) pela Universidade de Paris (Sorbonne), estudou pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra (1957), sendo Fellow do King`s College.

Ele também foi Técnico de Administração do Governo Brasileiro (1944-45) e economista da Fundação Getúlio Vargas (1948-49). No Governo de Juscelino Kubitschek, elaborou o Plano de Desenvolvimento do Nordeste, que deu lugar à criação da SUDENE, órgão que dirigiu por cinco anos (1959-64). No Governo João Goulart, foi o primeiro titular do Ministério do Planejamento (1962-63). Celso Furtado está entre os grandes economistas do mundo que estudaram, no pós-guerra, e de forma pioneira, os problemas do desenvolvimento econômico relacionando-os com problemas históricos.