Notícias

Documentário que aborda literatura, poesia e arte nas prisões é exibido na Penitenciária Feminina Júlia Maranhão

publicado: 22/08/2024 16h18, última modificação: 22/08/2024 16h18
1 | 7
2 | 7
3 | 7
4 | 7
5 | 7
6 | 7
7 | 7
1724334527512.jpg
1724334620805.jpg
1724334574018.jpg
1724334415052.jpg
1724334415052 (1).jpg
1724334385164.jpg
1724334357083.jpg

O documentário “Liberta”, que aborda na temática literatura, poesia e arte, com depoimentos de homens e mulheres em privação de liberdade, foi exibido pela primeira vez numa prisão. A exibição ocorreu nesta quinta-feira (22) no auditório da Penitenciária Feminina Maria Júlia Maranhão, em João Pessoa, em especial para 20 reeducandas.

O evento foi promovido pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria da Administração Penitenciária (Seap) e da Secretaria de Estado da Educação, por meio da Gerência de Educação de Jovens e Adultos, em parceria com a Universidade Federal da Paraíba.

Com direção de Débora Gobitta, “Liberta” foi gravado em São Paulo e na Paraíba, no ano de 2021, com a proposta de abordar a literatura, poesia e arte como transformação social dentro do sistema penitenciário. É uma produção do Grupo Mulheres do Brasil - comitê de cultura - em parceria com a Produtora Carmela Conteúdos. Daniela Conde assina a produção executiva do documentário.

O secretário da Administração Penitenciária, João Alves, prestigiou a exibição do documentário “Liberta” e revelou que o tratamento humanitário é muito importante. Esse documentário traz a demonstração no próprio título: O livro pode mudar uma vida. “Os reeducandos, os que querem estudar, aqui nós temos biblioteca como em todas as unidades prisionais, então os que querem estudar, os que querem remir a pena através da leitura, têm essa chance, e aqui é uma demonstração prática, importante, de como é feito esse trabalho, e essas pessoas estão progredindo na sua remição de pena, justamente por participarem dos projetos para facilitar a vida desses cidadãos e cidadãs para que  saiam o mais rápido possível da unidade prisional para cuidar de suas famílias”, comentou.

Cinthya Almeida, diretora da Penitenciária Júlia Maranhão, adiantou que “a ideia é que nas próximas semanas a gente possa exibir esse documentário para as demais internas da unidade prisional. E é algo, é uma temática muito grata que a gente quer explorar aqui, é interessante, faz parte do cotidiano delas”. Acrescentou ainda que é uma satisfação a Seap ter escolhido o Júlia Maranhão para exibição do filme. Todas as 210 reeducandas assistirão ao documentário.

Jorge Miguel, gerente regional de Educação da 13ª região, com sede em Pombal, afirma que vê o documentário como uma oportunidade, uma experiência para que as reeducandas da Penitenciária Júlia Maranhão possam ver que há sim uma possibilidade após esse período que elas passam privadas de liberdade, com algumas experiências que estão sendo mostradas.

De acordo com Jorge Miguel, no Sertão, nas unidades prisionais, também há práticas exitosas no campo da leitura, ressocializando pessoas. “A leitura como um centro de formação humana dessas pessoas. A gente costuma dizer que não tem só números dentro das prisões, mas são pessoas também e a nossa função enquanto Secretaria de Estado da Educação é levar e oportunizar a essas pessoas novos horizontes para que elas possam ver que há sim a possibilidade de uma ressocialização após a pena. É importante esse diálogo também com os professores que estão diretamente ligados ao trabalho pedagógico, aos diretores das unidades de prisões e aos nossos reeducandos”.

O professor Timothy Ireland, da Universidade Federal da Paraíba, desenvolve projetos de ressocialização no sistema prisional paraibano. Ele também participou das articulações para a gravação de “Liberta” em unidade prisional da Paraíba e assistiu o documentário. O professor avalia que “a UFPB é uma universidade pública, é apoiada pelo dinheiro público e tem o dever de se envolver e propiciar o direito à educação para todas as pessoas. Não depende se as pessoas sejam presas ou não presas. Então a Universidade tem essa responsabilidade para ajudar na educação básica, seja para as pessoas livres ou seja para, neste caso, as mulheres privadas da liberdade. Então faz parte do nosso dever enquanto cidadãos, enquanto educadores também. E tento mostrar que esse acesso ao livro não vai ser sempre, mas ele pode mudar a vida das pessoas. As pessoas presas têm esse direito. Então o vídeo retrata vários casos de pessoas que participaram em projetos de leitura que conseguiram mudar”.