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Conexão Mundo: professor desenvolve projeto de recuperação de áreas degradadas no Cariri após especialização na Espanha
O programa Conexão Mundo, promovido pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Educação (SEE), além de proporcionar conhecimentos específicos e experiências em outros países para profissionais da educação da Rede Estadual de Ensino, vem contribuindo para transformar a realidade de outros paraibanos. Após voltar da Espanha, o professor Ezequiel Sóstenes da Escola Cidadã Integral Técnica (ECIT) Pedro Bezerra Silva Filho, do município de Camalaú, está desenvolvendo um projeto para recuperar o solo do Cariri paraibano.
O projeto pioneiro na Paraíba “Cooperativismo Agroecológico: implantação de modelo produtivos e inovadores como proposta de intervenção comunitária e formação de lideranças multiplicadoras” é tema da especialização em Educação Cooperativa do professor Ezequiel Sóstenes, que está em fase de conclusão pela Universidade de Mondragon, na Espanha, por meio do Conexão Mundo. A iniciativa conta com a parceria do agrônomo Márden Souza e do professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Daniel Duarte Pereira.
Junto com os estudantes da 3ª série do Ensino Médio do curso técnico de Agroecologia da ECIT e agricultores locais, os professores se propuseram, diante do cronograma do Conexão Mundo, a recuperar de forma experimental a área degradada do sítio Viegas, na zona rural da cidade de Camalaú. Foi trabalhada a educação ambiental e cooperativa, inserindo sistemas agroflorestais em áreas de preservação permanente da região que também compreende as margens do Rio Paraíba do Norte.
Dados obtidos por meio de pesquisas dos organizadores do projeto mostram que, ao longo de 35 anos, o município de Camalaú perdeu em média 4.815 hectares de vegetação da caatinga, o equivalente a seis mil campos de futebol. Além disso, a localidade está entre as regiões com os mais elevados índices de desertificação do Brasil.
Para recuperar o solo dessa região, foram utilizadas técnicas de captação de água, produção vegetal em curvas de nível, contenção de erosão, reflorestamento, lavouras xerófilas com produção específica de cactos e produção de forragem para os animais. Tudo de forma para não comprometer diretamente a renda dos agricultores e também não infringir a legislação ambiental, além de diminuir o processo de desertificação e de assoreamento do rio Paraíba.
O estudante Sérgio dos Santos foi um dos alunos que participaram do projeto, e após a culminância na área experimental, resolveu ensinar para outros agricultores da zona rural do município as técnicas que aprendeu durante o desenvolvimento e pesquisas. “Nós fizemos o plantio de mudas da planta agave que a princípio servirá como cerca viva, mas também como barramento vegetal para água e solo”, explicou.
Na visão dos professores, o projeto na sua forma pedagógica, além de cumprir a exigência curricular do curso técnico em Agroecologia da ECIT, também atinge o processo de transformação de uma região com vulnerabilidade social, elevados índices de desertificação, perda de capital intelectual juvenil pela falta de perspectiva profissional.
“A Educação Ambiental e Cooperativista conseguiu desenvolver a cultura do ‘aprender fazendo’, tornando o estudante protagonista da sua aprendizagem e com condições necessárias de se transformar em um agente de desenvolvimento local e regional. Tivemos um rendimento significativo de mais de 90% dos estudantes, com o desenvolvimento perceptível de algumas habilidades como percepção ambiental, comunicação oral, leitura espacial geográfica, domínio de conteúdo, liderança grupal, planejamento em equipe, observação técnica e experimentação científica”, explicou o professor Ezequiel Sóstenes.
A propriedade do produtor rural e agrônomo Márden Souza, o sítio Viegas, foi a área escolhida para o projeto experimental e também foi o local da culminância. Além dele, outros 15 moradores da comunidade e membros familiares de produtores rurais assistiram os estudantes durante as explicações técnicas e tecnologias, que aprenderam durante as aulas práticas do curso.
“Com ajuda dos estudantes, instalamos esse experimento para tentar recuperar a área degradada. Na parte da vegetação foram introduzidos o agave com o objetivo de fornecer a forragem dos animais, plantamos também as espécies nativas como umbuzeiro, quixabeira, canafístula e três variedades de palmas. O replantio, abertura de sulcos entre as plantações e retenções com pedras chamados de cordões ajudaram a diminuir a erosão do solo”, detalhou.
O projeto vem sendo trabalhado desde 2019 com várias turmas de estudantes, mas com a conclusão da especialização, o professor Ezequiel Sóstenes pretende expandir para outras áreas no Cariri paraibano.
“Ganhamos vários ‘Mestres da Educação’, concluímos o projeto de pesquisa de mestrado e agora estamos encerrando o doutorado. Então na verdade é um projeto que ainda tem vida longa”, comemorou o professor.