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Após dez anos, Paraíba volta a realizar transplante de coração

publicado: 11/10/2019 18h58, última modificação: 11/10/2019 18h59
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O Estado da Paraíba, após dez anos, realizou, nesta sexta-feira (11), um transplante de coração. O doador foi um jovem de 22 anos, vítima de ferimento por arma de fogo, que teve morte encefálica. Além do coração, o fígado dele também foi doado. A captação dos órgãos aconteceu no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, no final desta manhã.

Os órgãos seguiram para o Hospital Nossa Senhora das Neves, onde são realizados os transplantes. O transporte foi feito com apoio do Corpo de Bombeiros que, em setembro,  na abertura da Campanha Família Doadora, firmou um termo de cooperação com a Central de Transplantes, cedendo uma viatura e equipe 24 horas para agilizar a captação de órgãos. No período da tarde, foi realizado o transplante de coração em um paraibano de 48 anos de idade. Já o fígado será transplantado em uma paraibana de 42 anos.

O secretário de Saúde, Geraldo Medeiros, comentou que este é mais um grande marco para a saúde da Paraíba e reforçou que é preciso continuar o trabalho de conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos.

“Foi implementado um novo modelo gerencial na Central de Transplantes da Paraíba, através da motivação da equipe e da conscientização da sociedade. Com o aumento no número de doações, consequentemente, houve um aumento no número de transplantes no Estado. Esse ano, já tivemos 26 transplantes de rim, 15 de fígado, o primeiro de medula óssea e, agora, após dez anos, um transplante de coração”, disse o secretário.

Geraldo explicou, ainda, que é preciso que a sociedade contribua e manifeste, em vida, aos familiares que, na eventualidade de uma morte encefálica, deseja doar os órgãos. “Só assim tiraremos os pacientes que estão na fila de espera. São mais de 300 paraibanos esperando um transplante de rim, seis aguardando um transplante de coração e sete esperando um fígado. É essencial que a sociedade modifique os conceitos e, mesmo diante do sofrimento pela perda de um parente, autorize a doação de órgãos, salvando vidas”, alertou Geraldo Medeiros.

O diretor da Central de Transplantes, Luiz Gustavo de Barros, pontuou que o último transplante de coração na Paraíba foi feito em junho de 2009, ou seja, há mais de 10 anos. “A divulgação nas mídias sobre o tema morte encefálica contribuiu muito na redução da recusa familiar em relação à doação de órgãos e tecidos. No início da nova gestão, a recusa familiar estava em torno de 70%, enquanto que, após uma série de estratégias, junto com as diversas esferas sociais, além de mídias digitais, a recusa atual gira em torno de 53%. Apesar de ainda superar a média nacional, que é em torno de 45%, já podemos definir como uma elevação significativa”, comemora Luiz Gustavo.

Este ano, a Paraíba alcançou, também, o 16º transplante de fígado. A maior marca, até então, havia sido em 2010, com o quantitativo de 12 transplantes durante todo o ano. Fazendo um comparativo com o ano passado, o aumento é de mais de 500%, já que foram realizados três transplantes de fígado em 2018. Considerando os transplantes renais de doadores falecidos, o Estado realizou 19 transplantes, o que corresponde ao aumento de 30% de transplantes renais em relação ao ano de 2018.

“O ano de 2019 ainda não terminou, podemos aumentar ainda mais as estatísticas. A qualidade da assistência, aperfeiçoamento multiprofissional, a incorporação de novas equipes transplantadoras e a primorosa gestão da pasta da Saúde, foram alguns entre os muitos aspectos envolvidos com o aumento do número de doações e de transplantes realizados no Estado da Paraíba”, disse o diretor.

Campanha Família Doadora – Dentro da temática de sensibilização a respeito da doação de órgãos, uma campanha publicitária foi idealizada em setembro, buscando ampliar a aceitação por parte dos familiares. Órgãos como rim, fígado e coração só podem ser retirados com a morte encefálica do paciente, ou seja, com o cérebro sem vida e o coração ainda batendo. Para tanto, é necessário fazer o diagnóstico de morte encefálica seguindo a Resolução CFM 2.173/17. Então, a doação de órgãos só é possível com a autorização da família. A Campanha Família Doadora mobilizou todo o mercado publicitário, que disse sim à doação e colaborou gratuitamente desde a criação à veiculação.