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Paraíba vai inaugurar exposição sobre José Lins do Rêgo nos 90 anos de ‘Menino de Engenho’, diz neta do escritor no “I Seminário Transformação Digital na Educação e na Ciência e Tecnologia”

publicado: 03/06/2021 18h09, última modificação: 03/06/2021 18h09
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O terceiro dia do I Seminário Transformação Digital na Educação e na Ciência e Tecnologia: Práticas Inovadoras e Criativas foi centrado na obra e no legado do escritor paraibano José Lins do Rêgo, um dos maiores nomes da literatura brasileira. O último dia do evento realizado nesta quinta-feira (03), contou com a participação de duas descendentes do autor: a terceira filha (caçula), Maria Christina Lins do Rêgo Veras, também escritora; e a neta, Valéria Veras, arquiteta e que é responsável pela reconstituição de acervo biográfico de ZéLins. Outro convidado foi o paraibano Christus Nóbrega, artista e professor de artes da Universidade de Brasília.

O seminário foi uma realização do Governo do Estado da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (Seect-PB), em parceria com o Sebrae Paraíba e com a Undime Paraíba, e foi transmitido pelo canal da Secretaria de Educação no Youtube. A transmissão foi ao vivo, mas os vídeos continuam disponíveis para serem assistidos.

Maria Christina falou de como o relacionamento com seu pai era próximo, contando histórias como a homenagem que o escritor recebeu do Flamengo, seu clube de coração, quando o viu entrar no estádio com direito a banda de música. “Achei ali que papai era o maior homem do mundo!”, recordou. Anos depois, grávida, morando nos EUA, teve que se encontrar o pai na Finlândia porque o visto de ZéLins para os EUA havia sido negado.

Ela contou que só conseguiu escrever depois que o pai havia morrido e depois de visitar a Paraíba. O resultado foi “Cartas para Alice”, primeiro de seus cinco livros de contos.

Nóbrega está concebendo, junto com Valéria Veras, o projeto de uma exposição celebrando os 90 anos da principal obra de ZéLins, que será chamada “Menino de Engenho 90: Ontem e Hoje” e busca um diálogo entre a literatura e as artes visuais. O Governo do Estado atua como interlocutor desse projeto.

A ideia é que o projeto comece pela Paraíba. E os estudantes paraibanos já podem participar do projeto, através do site que já está no ar (meninodeengenho90.com). Lá, há uma convocatória que convida à leitura do livro “Menino de Engenho” pelos alunos, pensando em sua própria vida. “Há muitas passagens contando como era a escola, como eram os processos de aprendizagem. É um convite para que professores e alunos façam uma relação com os processos de hoje”, explica Nóbrega.

As redações podem ser enviadas pelo e-mail que está no site, e vão inspirar obras que estarão na exposição. “A gente vai selecionar várias dessas redações e convidar os alunos para trabalhar comigo em algumas obras que estarão presentes na exposição”, diz Nóbrega. “A ideia é que a gente consiga envolver o estado como um todo na participação desse projeto”.

Valéria ressalta o grande número de acadêmicos trabalhando ZéLins nas universidades. “Isso está inserido no nosso projeto, reforçando essa questão de ‘ontem e hoje’”, conta. Outra relação na vida do escritor está na sua presença na cidade do Rio de Janeiro e suas origens rurais paraibanas. “Mesmo morando no Rio de Janeiro, ele nunca deixou de ser o paraibano que sempre foi, mas tinha esse espectro interessantíssimo, urbano, que ele era também. Então essa relação ‘urbano e rural’ é uma coisa que vai entrar muito no  osso projeto”, diz a arquiteta.

O projeto está percorrendo uma série de arquivos não só da família, mas também de outras famílias, de jornais e instituições. Já está rendendo um futuro livro de crônicas de ZéLins. “Existem três mil crônicas falando só sobre cinema”, conta Christina. “Trata-se de resgatar o Brasil através de ZéLins”, completa Valéria.

Christina, que está com 88 anos, afirmou que quer estar presente à abertura da exposição na Paraíba. “Tenho paixão pela Paraíba. Por João Pessoa, pelos engenhos...”, disse ela. “Que saudades tenho do engenho Itapuá, onde passei quase um ano quando criança! Fiquei livre da babá, fazia tudo o que queria. Corria de pé no chão... Eu brincava com a filha de Salomé, irmã de Ricardo, do livro ‘Moleque Ricardo’! Pela primeira vez eu me via ali, uma criança solta. Quando fui ler ‘Moleque Ricardo’ você não tem ideia de como fiquei emocionada”.

E encerrou celebrando a relação de seu pai com a Paraíba. “Temos sorte. A Paraíba gosta de papai. Ele teve muita sorte de nascer na Paraíba”, diz.