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SEECT-PB empreende esforço digital para manter ensino

publicado: 04/06/2020 17h58, última modificação: 08/06/2020 09h12
Da plataforma Paraíba Educa ao material impresso, tudo foi pensado para evitar prejuízos na aprendizagem
Divulgação

Arquivo Pessoal

 

 

 

 

Luís Eduardo e

Márcia Dementshuk

Antes da pandemia, a rotina na casa das irmãs Maria Luiza Sabino dos Santos (11 anos), Camila Nayara Freire (12)  e Ávani Sabino de Melo (06) começava às 5h. Depois do café da manhã, iam para a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Tércia Bonavides Lins, em João Pessoa. Lá, ficavam das 7h até as 11h45. À tarde, era o momento de lazer. Quando não havia aulas de inglês ou de natação, elas relaxavam e deixavam os estudos e tarefas escolares para o período da noite. Com a chegada do novo coronavírus, essa rotina precisou ser transformada. Sem aulas presenciais em toda a Rede Estadual de Ensino, as irmãs não frequentam mais escola, mas seguem estudando sem sair de casa.

No último dia 20 de abril, a Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT-PB) anunciou a implantação do Regime Especial de Ensino para os alunos da Rede Estadual de Ensino da Paraíba. O novo modelo oferece atividades que propõe um novo significado aos processos de ensino durante o período do distanciamento social. Além disso, considera os diferentes perfis e contextos socioeconômicos no estado da Paraíba.

A SEECT desenvolveu a plataforma online Paraíba Educa, que reúne recursos educacionais e promove o contato entre professores e alunos; insere o Google Classroom, que é uma plataforma para aulas virtuais, dentre outras ferramentas disponíveis aos estudantes.

“Quando começou essa pandemia foi um pouco difícil pra mim, afinal, deixei de fazer as coisas que eu gosto, como me reunir com minhas amigas e encontrá-las na escolas. Mas eu venho me dando muito bem com o sistema de aulas. Para mim, as vídeo-aulas (disponibilizadas no Google Classroom) têm sido a parte mais proveitosa”, relata Maria Luiza Sabino, que está no sexto ano.

Camila Nayara também não ficou feliz com a suspensão das aulas presenciais, mas está conseguindo aproveitar as novas maneiras de estudar. “Estou utilizando tanto o celular quanto o computador para ter acesso às aulas online, que estão sendo muito boas. Eu recebo as atividades todos os dias e reservo um tempo para resolvê-las”, disse Camila Nayara.

Ensino Médio - Quem está às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também tem feito o possível para aproveitar as plataformas da Secretaria de Educação, como é o caso de José Simplício da Silva Neto, estudante na ECIT Pastor João Pereira Gomes Filho, no bairro de Mangabeira em João Pessoa.

Neto sonha em ser advogado e para alcançar este sonho quer ingressar no curso de Direito na UFPB. Só que precisou adaptar a rotina para seguir estudando: “Antes da pandemia, eu passava das 7h30 às 17h00 na escola. Depois ia para uma aula extra de dança, e quando chegava em casa, fazia as atividades escolares. Quando as aulas presenciais foram suspensas eu senti bastante. Meu sono ficou desregulado, estava trocando o dia pela noite”, relata Neto.

Após a implementação do Regime Especial de Ensino da SEECT-PB, a rotina de Neto começou a voltar aos eixos. “No começo foi um pouco difícil, mas fui conseguindo me adaptar aos novos métodos e as atividades foram fazendo mais sentido para mim. Já tinha contato com o Google Classroom, então a adaptação foi ótima. Mesmo antes de lançarem o Paraíba Educa, eu sempre gostei dos desafios diários que fazem nas redes sociais, acho bastante dinâmico. Acredito que tem ajudado muita gente pelo menos eu fui um deles!”, revela o estudante.

Materiais impressos - Dos pré-universitários aos pequeninos, o Regime Especial de Ensino envolve os 246 mil estudantes e 18 mil professores da Rede Estadual de Ensino. Além dos materiais online, a SEECT-PB disponibilizou aos estudantes conteúdos impressos para quem tem dificuldades de acesso à internet. Ávani Sabino, no 1º ano (E.F.), recebeu livros e impressões para fazer atividades sem precisar acessar computadores ou smartphones: “A professora me ensinou como fazer e todo dia eu faço”, diz Ávani.

Todos sonham com o dia em que o mundo ficará livre da covid-19; enquanto esse dia não chega, os estudantes imaginam como serão seus futuros daqui para frente. Para a pequena Ávani, o desejo é apenas um: “Quero ser bailarina”. Simplício Neto sonha com um futuro promissor para todos os seus amigos: “Almejo e espero ter sucesso na vida, não só na minha, mas nas das pessoas que também estudam comigo, desejo que tenhamos um alinhamento do futuro, então é só confiar que vai dá certo!”, finalizou o estudante.

 

Atividades não presenciais têm características diferentes da EaD

 

O Conselho Estadual de Educação (CEE-PB) acompanha as ações da SEECT-PB desde o início da pandemia: formulação do Regime Especial de Ensino, parcerias para o acesso online gratuito à plataforma Paraíba Educa, formação de professores, distribuição do conteúdo impresso e online, esforços para alcançar a todos os estudantes da rede pública.

O presidente do CEE-PB, Carlos Enrique Ruiz ressalta a sensibilidade do secretário da SEECT, Claudio Furtado, para temas como a atenção prioritária às comunidades escolares com mais dificuldades de acesso à equipamentos e à Internet. “A SEECT empreende um regime de colaboração com todos os envolvidos em educação - professores, gestores, sindicatos, parlamentares, serviços e instituições de apoio - no que se refere a aprendizagem nesse período de pandemia”, avalia Carlos Enrique.

Uma precaução a ser considerada é a diferenciação entre a Educação à Distância (EaD) e a realização de atividades pedagógicas não presenciais. “A EaD é realizada online e prevê momentos presenciais. As atividades pedagógicas não presenciais não exigem ferramentas digitais, embora seja um recurso muito bom. Mas o principal objetivo é estabelecer um vínculo entre as escolas, as famílias e os estudantes. Ou seja, o que a educação estadual propõe não se trata de uma abertura para EaD, mas sim um esforço para não interromper a transmissão do conhecimento”, enfatiza Carlos Enrique.

Por estas e outras razões, as medidas de atividades pedagógicas não presenciais são amparadas pelos Conselhos Estaduais de Educação. Estudos da UNESCO apontam que o lapso de tempo no relacionamento entre estudante, família e escola pode apresentar retrocessos cognitivos graves. Além disso, há o risco da evasão. “A ideia dessas atividades é minimizar os impactos negativos na educação. Estamos todos aprendendo com esse processo”, salienta Carlos Enrique.

Acrescenta-se na análise o fator emocional. A sociedade sofre uma situação sem precedentes confrontando a diminuição da renda, a convivência em casa, uma série de restrições. Se os gestores e professores não tiverem sensibilidade para compreender o estresse psicológico que, em certa medida, as pessoas estão vivendo, qualquer programa de ensino tenderá ao fracasso. As atividades não devem sobrecarregar os alunos nem suas famílias.

Nesse contexto, os Conselhos de Educação consideram inadequado transpor uma aula presencial para uma atividade pedagógica não presencial, tanto em termos de conteúdo quanto de carga horária. “É preciso entender esse outro tempo que vivemos por conta da pandemia. As características de transmitir o conteúdo online são diferentes. O estudante está em frente a uma tela que emite luz, exige esforço de visão, de concentração. O relacionamento estudante/professor nessas condições não pode fragilizar ainda mais os estudantes que estão passando por esses momentos difíceis”, orienta Carlos Enrique.

 

Processo de transformação digital exige estudo e dedicação

 

A data de retorno às aulas presenciais ainda não está definida. Segundo o secretário da SEECT, Claudio Furtado, isso apenas ocorrerá quando houver segurança sanitária e de saúde para toda a comunidade escolar. Enquanto isso, com a experiência surgem novos estudantes que normalmente estão do outro lado da bancada: os professores. Eles relatam que o contato com as ferramentas digitais exige empenho até serem dominadas.

Tutora de uma turma de 154 professores para o treinamento na plataforma Paraíba Educa, a professora Paula Prisclila Gomes, em Guarabira, informou que o processo impactou de forma positiva os professores. “A dificuldade maior é a prática. Esse momento nos fez refletir sobre a importância das tecnologias. Nós pensávamos que dominávamos a tecnologia. Esse curso nos mostrou que não sabemos usar muitos recursos digitais e que precisamos constantemente aprender”.

Mesmo com as dificuldades - falta computador, falta acesso à Internet, falta celular - os dados do Paraíba Educa registraram, nas primeiras semanas de implantação da plataforma, a participação frequente de 42% dos estudantes no Google Classroom. Essa ferramenta é usada pelas turmas do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, pelas turmas do Ensino médio e para o Ensino de Jovens e Adultos. Os especialistas em processos de inovação consideram esse percentual positivo, tendo em vista a mudança de hábitos que está em jogo e que a transformação digital é um processo lento.

 

Luís Eduardo e

Márcia Dementshuk

 

Antes da pandemia, a rotina na casa das irmãs Maria Luiza Sabino dos Santos (11 anos), Camila Nayara Freire (12)  e Ávani Sabino de Melo (06) começava às 5h. Depois do café da manhã, iam para a Escola Estadual de Ensino Fundamental Professora Tércia Bonavides Lins, em João Pessoa. Lá, ficavam das 7h até as 11h45. À tarde, era o momento de lazer. Quando não havia aulas de inglês ou de natação, elas relaxavam e deixavam os estudos e tarefas escolares para o período da noite. Com a chegada do novo coronavírus, essa rotina precisou ser transformada. Sem aulas presenciais em toda a Rede Estadual de Ensino, as irmãs não frequentam mais escola, mas seguem estudando sem sair de casa.

No último dia 20 de abril, a Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT-PB) anunciou a implantação do Regime Especial de Ensino para os alunos da Rede Estadual de Ensino da Paraíba. O novo modelo oferece atividades que propõe um novo significado aos processos de ensino durante o período do distanciamento social. Além disso, considera os diferentes perfis e contextos socioeconômicos no estado da Paraíba.

A SEECT desenvolveu a plataforma online Paraíba Educa, que reúne recursos educacionais e promove o contato entre professores e alunos; insere o Google Classroom, que é uma plataforma para aulas virtuais, dentre outras ferramentas disponíveis aos estudantes.

“Quando começou essa pandemia foi um pouco difícil pra mim, afinal, deixei de fazer as coisas que eu gosto, como me reunir com minhas amigas e encontrá-las na escolas. Mas eu venho me dando muito bem com o sistema de aulas. Para mim, as vídeo-aulas (disponibilizadas no Google Classroom) têm sido a parte mais proveitosa”, relata Maria Luiza Sabino, que está no sexto ano.

Camila Nayara também não ficou feliz com a suspensão das aulas presenciais, mas está conseguindo aproveitar as novas maneiras de estudar. “Estou utilizando tanto o celular quanto o computador para ter acesso às aulas online, que estão sendo muito boas. Eu recebo as atividades todos os dias e reservo um tempo para resolvê-las”, disse Camila Nayara.

Ensino Médio - Quem está às vésperas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) também tem feito o possível para aproveitar as plataformas da Secretaria de Educação, como é o caso de José Simplício da Silva Neto, estudante na ECIT Pastor João Pereira Gomes Filho, no bairro de Mangabeira em João Pessoa.

Neto sonha em ser advogado e para alcançar este sonho quer ingressar no curso de Direito na UFPB. Só que precisou adaptar a rotina para seguir estudando: “Antes da pandemia, eu passava das 7h30 às 17h00 na escola. Depois ia para uma aula extra de dança, e quando chegava em casa, fazia as atividades escolares. Quando as aulas presenciais foram suspensas eu senti bastante. Meu sono ficou desregulado, estava trocando o dia pela noite”, relata Neto.

Após a implementação do Regime Especial de Ensino da SEECT-PB, a rotina de Neto começou a voltar aos eixos. “No começo foi um pouco difícil, mas fui conseguindo me adaptar aos novos métodos e as atividades foram fazendo mais sentido para mim. Já tinha contato com o Google Classroom, então a adaptação foi ótima. Mesmo antes de lançarem o Paraíba Educa, eu sempre gostei dos desafios diários que fazem nas redes sociais, acho bastante dinâmico. Acredito que tem ajudado muita gente pelo menos eu fui um deles!”, revela o estudante.

Materiais impressos - Dos pré-universitários aos pequeninos, o Regime Especial de Ensino envolve os 246 mil estudantes e 18 mil professores da Rede Estadual de Ensino. Além dos materiais online, a SEECT-PB disponibilizou aos estudantes conteúdos impressos para quem tem dificuldades de acesso à internet. Ávani Sabino, no 1º ano (E.F.), recebeu livros e impressões para fazer atividades sem precisar acessar computadores ou smartphones: “A professora me ensinou como fazer e todo dia eu faço”, diz Ávani.

Todos sonham com o dia em que o mundo ficará livre da covid-19; enquanto esse dia não chega, os estudantes imaginam como serão seus futuros daqui para frente. Para a pequena Ávani, o desejo é apenas um: “Quero ser bailarina”. Simplício Neto sonha com um futuro promissor para todos os seus amigos: “Almejo e espero ter sucesso na vida, não só na minha, mas nas das pessoas que também estudam comigo, desejo que tenhamos um alinhamento do futuro, então é só confiar que vai dá certo!”, finalizou o estudante.

 

Atividades não presenciais têm características diferentes da EaD

 

O Conselho Estadual de Educação (CEE-PB) acompanha as ações da SEECT-PB desde o início da pandemia: formulação do Regime Especial de Ensino, parcerias para o acesso online gratuito à plataforma Paraíba Educa, formação de professores, distribuição do conteúdo impresso e online, esforços para alcançar a todos os estudantes da rede pública.

O presidente do CEE-PB, Carlos Enrique Ruiz ressalta a sensibilidade do secretário da SEECT, Claudio Furtado, para temas como a atenção prioritária às comunidades escolares com mais dificuldades de acesso à equipamentos e à Internet. “A SEECT empreende um regime de colaboração com todos os envolvidos em educação - professores, gestores, sindicatos, parlamentares, serviços e instituições de apoio - no que se refere a aprendizagem nesse período de pandemia”, avalia Carlos Enrique.

Uma precaução a ser considerada é a diferenciação entre a Educação à Distância (EaD) e a realização de atividades pedagógicas não presenciais. “A EaD é realizada online e prevê momentos presenciais. As atividades pedagógicas não presenciais não exigem ferramentas digitais, embora seja um recurso muito bom. Mas o principal objetivo é estabelecer um vínculo entre as escolas, as famílias e os estudantes. Ou seja, o que a educação estadual propõe não se trata de uma abertura para EaD, mas sim um esforço para não interromper a transmissão do conhecimento”, enfatiza Carlos Enrique.

Por estas e outras razões, as medidas de atividades pedagógicas não presenciais são amparadas pelos Conselhos Estaduais de Educação. Estudos da UNESCO apontam que o lapso de tempo no relacionamento entre estudante, família e escola pode apresentar retrocessos cognitivos graves. Além disso, há o risco da evasão. “A ideia dessas atividades é minimizar os impactos negativos na educação. Estamos todos aprendendo com esse processo”, salienta Carlos Enrique.

Acrescenta-se na análise o fator emocional. A sociedade sofre uma situação sem precedentes confrontando a diminuição da renda, a convivência em casa, uma série de restrições. Se os gestores e professores não tiverem sensibilidade para compreender o estresse psicológico que, em certa medida, as pessoas estão vivendo, qualquer programa de ensino tenderá ao fracasso. As atividades não devem sobrecarregar os alunos nem suas famílias.

Nesse contexto, os Conselhos de Educação consideram inadequado transpor uma aula presencial para uma atividade pedagógica não presencial, tanto em termos de conteúdo quanto de carga horária. “É preciso entender esse outro tempo que vivemos por conta da pandemia. As características de transmitir o conteúdo online são diferentes. O estudante está em frente a uma tela que emite luz, exige esforço de visão, de concentração. O relacionamento estudante/professor nessas condições não pode fragilizar ainda mais os estudantes que estão passando por esses momentos difíceis”, orienta Carlos Enrique.

 

Processo de transformação digital exige estudo e dedicação

 

A data de retorno às aulas presenciais ainda não está definida. Segundo o secretário da SEECT, Claudio Furtado, isso apenas ocorrerá quando houver segurança sanitária e de saúde para toda a comunidade escolar. Enquanto isso, com a experiência surgem novos estudantes que normalmente estão do outro lado da bancada: os professores. Eles relatam que o contato com as ferramentas digitais exige empenho até serem dominadas.

Tutora de uma turma de 154 professores para o treinamento na plataforma Paraíba Educa, a professora Paula Prisclila Gomes, em Guarabira, informou que o processo impactou de forma positiva os professores. “A dificuldade maior é a prática. Esse momento nos fez refletir sobre a importância das tecnologias. Nós pensávamos que dominávamos a tecnologia. Esse curso nos mostrou que não sabemos usar muitos recursos digitais e que precisamos constantemente aprender”.

Mesmo com as dificuldades - falta computador, falta acesso à Internet, falta celular - os dados do Paraíba Educa registraram, nas primeiras semanas de implantação da plataforma, a participação frequente de 42% dos estudantes no Google Classroom. Essa ferramenta é usada pelas turmas do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental, pelas turmas do Ensino médio e para o Ensino de Jovens e Adultos. Os especialistas em processos de inovação consideram esse percentual positivo, tendo em vista a mudança de hábitos que está em jogo e que a transformação digital é um processo lento.