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Tendo Sivuca como patrono, Dia do Sanfoneiro é celebrado nesta quarta-feira

publicado: 25/05/2021 18h31, última modificação: 25/05/2021 18h34
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Berço de alguns dos mais renomados e competentes sanfoneiros brasileiros, a Paraíba se destaca no cenário da sanfona, elemento primeiro no tradicional trio de forró, outra joia da criação cultural nordestina. A sanfona tomou força importante na vida musical do país e hoje esses artistas que a manuseiam são presenças constantes.

Nesta quarta-feira (26), se comemora o Dia Nacional do Sanfoneiro. O patrono da data é o Mestre Sivuca, multi instrumentista que se notabilizou pela execução da sanfona e a capacidade de dominar vários outros instrumentos.

Severino Dias de Oliveira nasceu em Itabaiana (PB) e foi a sua maestria na condução da sanfona que o tornou patrono da data comemorativa, criada em 20 de abril último, publicada no Diário Oficial da União, marcando a o dia de nascimento do músico.

Ao lado de sua esposa e também cantora, Glória Gadelha, compôs um de seus maiores sucessos, “Feira de Mangaio”, eternizada na voz de Clara Nunes.

Sivuca, também compositor, contribuiu para o enriquecimento da música brasileira e recebeu reconhecimento internacional por seus trabalhos que incluem choros, frevos, forrós e outros ritmos. Severino Dias de Oliveira nasceu em uma família de sapateiros e agricultores em Itabaiana, pequeno município da Paraíba. Começou a tocar sanfona aos nove anos de idade, em feiras e festas populares. Aos 15, mudou-se para Recife, onde trabalhou na Rádio Clube de Pernambuco e recebeu o apelido de Sivuca. Em 1948 tornou-se aluno do maestro Guerra Peixe e foi contratado pela Rádio Jornal do Comércio.

Dois anos depois, em parceria com Humberto Teixeira, gravou o seu primeiro disco, pela Continental, que incluía a música "Adeus, Maria Fulô".

Em abril de 1955, Sivuca foi morar no Rio de Janeiro. Durante três anos foi artista contratado da Rádio e TV Tupi. Em 1958, depois de várias apresentações na Europa, decidiu morar em Lisboa. No ano seguinte foi trabalhar em Paris, onde permaneceu quatro anos.

Em 1964 Sivuca mudou-se para Nova York, onde assumiu a direção musical das gravações da cantora africana Miriam Makeba. Excursionou pelo mundo e gravou na Suécia e no Japão. Retornando aos EUA criou músicas para filmes e realizou projetos com músicos como Hermeto Pascoal e Paul Simon, entre outros.

Sivuca foi casado com a compositora Gloria Gadelha, com quem desenvolveu um vasto trabalho, com destaque para o forró "Feira de Mangaio". Outras parcerias bem-sucedidas foram "João e Maria", com Chico Buarque e "No Tempo dos Quintais" e "Cabelo de Milho", ambas com Paulo Tapajós.

Após lutar contra um câncer na laringe, Sivuca morreu aos 76 anos.

Tareco e mariola

Flávio José Marcelino Remígio é um cantor, compositor e sanfoneiro brasileiro.

Nascido em Monteiro (PB), em 1951, é intérprete de músicas tradicionais do forró pé-de-serra nordestino, e seus principais sucessos são "Caboclo Sonhador", "Tareco e Mariola" e "Caia Por Cima de Mim".

Iniciou-se como cantor aos 5 anos de idade e tem como principais influências Luiz Gonzaga e Dominguinhos.

Uma das principais expressões atuais da música nordestina, Flávio José é presença garantida em grandes eventos que têm essa música como destaque. Tem cerca de 30 discos gravados, entre vinis e CDs.

‘Artesão da sanfona’

Outra fera foi José Calixto da Silva, que faleceu em dezembro de 2020, aos 87 anos, no Rio de Janeiro. Sofria de Alzheimer há alguns anos e teria morrido por complicações em decorrência da doença.

Zé Calixto ficou conhecido por tocar o fole de oito baixos, o mais difícil de se executar. Zé contou que o interesse em tocar o instrumento começou desde a infância, aos oito anos, quando via o seu pai tocar fole.

Aos 12 anos, o músico já participava de shows de forró. Zé Calixto tocou ao lado de grandes nomes do forró, entre eles, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro.

O músico também se apresentou várias vezes no São João de Campina Grande.

Foi apelidado de ‘artesão da sanfona’ pelo mestre Sivuca;

Adepto direto do rei

Francisco Ferreira Lima nasceu em fevereiro de 1948 no município de Conceição, Sertão da Paraíba, mas foi morar em Patos na década de 1960 onde conseguiu visibilidade e grande acolhida.

Era aficionado pelo acordeon, instrumento em que se tornou um virtuoso, ficou conhecido desde quando fazia parte das apresentações com a trupe de Luiz Gonzaga, o ‘Rei do Baião’, período em que ganhou notoriedade na cena musical nordestina e que produziu músicas que estão presentes até hoje nos festejos juninos brasileiros.

Gravou seu primeiro LP em 1976 e totalizou 20 álbuns gravados entre CDs e LPs, já tendo composto músicas para Elba Ramalho, Genival Lacerda, Dominguinhos, Fagner, Os 3 do Nordeste e Trio Nordestino. Um de seus sucessos, ‘Neném Mulher’, ficou consagrada na voz de Elba Ramalho e foi tema da telenovela ‘Tieta’.

Em 2008, Pinto apresentou-se no famoso festival de Montreux, numa noite só de brasileiros, onde também estiveram Chico César e os acordeonistas Flávio José e Aleijadinho de Pombal, além do Trio Tamanduá.

Ele é autor de grandes sucessos, como Neném Mulher, que alcançou penetração nacional por ser tema da novela Tiêta, da TV Globo. Suas composições já foram gravadas por nomes como Dominguinhos, Genival Lacerda, Fagner e Elba Ramalho.

Pinto foi eleito vereador de João Pessoa, capital da Paraíba, para exercer o mandato entre os anos de 1993 e 1997. Em 2008, foi para o Festival de Montreux, Suíça, no qual se apresentou junto com outros artistas brasileiros, entre os quais Gilberto Gil, Elba Ramalho, Milton Nascimento, Chico César, Flávio José, Aleijadinho de Pombal e Trio Tamanduá. Em 2017, a escola de samba Império do Samba homenageou Pinto do Acordeon ao abordar sua história como tema do desfile e samba enredo. No ano passado, sua obra se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado da Paraíba.

Pinto faleceu na madrugada de 21 de julho do ano passado, em São Paulo, onde se tratava de um câncer e complicações provocadas pelo diabetes.

Dejinha

Dejinha nasceu em 1952 na cidade de Monteiro, na Região do Cariri paraibano. Era um dos 13 filhos de uma família de agricultores. Seu primeiro instrumento foi um pandeiro e recebeu todo o apoio e incentivo dos parentes para atuar na vida artística. Mas foi na adolescência que deu um passo mais significativo, definindo seus rumos na música: ganhou do irmão mais velho uma sanfona, trazida de Brasília como presente.

Contudo, a vida como sanfoneiro era difícil e seu pai preferia que ele continuasse se dedicando à agricultura, que lhes conferia uma renda fixa para sustento da família. O jovem, por sua vez, não desistiu do sonho. Aventurou-se pelo mundo, mostrando o seu trabalho e a cultura nordestina.

As primeiras apresentações aconteceram nos sítios da região. Dejinha acompanhava um sanfoneiro com o seu pandeiro e, entre os shows, usava o instrumento do amigo para repetir os acordes e aprendê-los. O início da sua carreira profissional começou com as viagens pelo país em busca de conquistar um espaço como cantor regional e divulgar as suas canções, os ritmos que nasceram do Nordeste: o xote, o xaxado, o baião, o coco-de-roda ou coco-de-embolada.

O primeiro destino de Dejinha foi Brasília, onde permaneceu por dez meses. Depois, viajou para o Rio de Janeiro, onde viveu por 12 anos, divulgando o seu trabalho como cantor e compositor nas rádios locais. Participou de programas da Rádio Globo, Rádio Nacional e Rádio Federal de Niterói (RJ). Nesse período fez amizades com o Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, Marinês, Messias Holanda e Elino Julião. Ainda no Rio de Janeiro, chegou a tocar na mesma casa de shows em que o Trio Nordestino se apresentava no seu auge da carreira.

O nome artístico nasceu no período em que ainda estava no Rio de Janeiro. O apelido Dejinha foi dado por sua avó, já o “de Monteiro” o cantor acrescentou com o objetivo de levar no seu nome a cidade que representava as suas origens.

Foram 40 anos de estrada, sendo 27 vividos profissionalmente, com quatro LPs, 26 CDs, um DVD e mais de 350 músicas registradas. Entre as músicas criadas pelo cantor, ‘Amor e saudade’ é uma das mais pedidas pelo público durante os shows.

O monteirense firmou grandes parcerias ao longo do seu trabalho com Flávio José, conterrâneo da cidade Monteiro, Jorge de Altinho, Chico César, Santanna, entre outros que também divulgam em suas músicas a cultural regional.

Geneci Bispo Lourenço faleceu em dezembro de 2020, aos 67 anos.

Mestre Severino

Severino Medeiros, natural de Esperança (PB), viveu quase toda a sua vida em Campina Grande e foi lá que viu a carreira tomar sentido e tamanho.

Na bagagem, parcerias com Rosil Cavalcante e Marinês. Mas também já tocou e se apresentou com grandes nomes da música nordestina, como Dominguinhos, Elba Ramalho, Antônio Barros e Cecéu, Marinês, Anastácia, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Biliu de Campina, Amazan, Tom Oliveira, Cirano e Cirino e tantos outros.

Falecido em outubro de 2017, seu legado é uma prole de artistas – que vão dos filhos a netos – em sua maior parte tocadores de sanfona, compositores e cantores da música regional.

É autor de mais de 70 músicas gravadas por músicos como Capilé, Luizinho Calixto, Amazan e outros.

No Brasil

Por todo país, eventos musicais e literários serão realizados para marcar a data e, nesses casos, quase sempre a figura lembrada é o ‘Rei do Baião’, o pernambucano Luiz Gonzaga, maior responsável pelo status que tem hoje a música nordestina.

Muitos outros artistas que empunham, ou empunharam com destreza a sanfona, merecem o registro pela genialidade e grande contribuição à sonoridade brasileira, como é o caso de Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeon, Mestrinho, Adelson Viana, Targino Gondim, Toninho Ferragutti, Renato Borghetti, Amazan (PB), Waldonys, Chambinho do Acordeon, Mahatma Costa, entre tantos outros.

Alguns permanecem na estrada, garantindo a presença da sanfona em shows, concertos, recitais, aulas e na divulgação da música nordestina e brasileira.